Quadrilhão do PMDB e outros

Quadrilhão do PMDB e outros

publicidade

O que restou da reputação dos três maiores partidos políticos brasileiros: PMDB, PT e PSDB? O que restou das utopias petistas de um mundo melhor? O que restou da racionalidade modernizadora do PSDB? O que restou da narrativa peemedebista sobre seu passado de resistência moral no fio da navalha à ditadura? Nada. Os três são escombros fumegantes. Os tucanos serão por muito tempo assombrados pelas malas de dinheiro para o senador Aécio Neves. Os petistas enfrentam espectros que saem dos armários pela boca de companheiros de estrada como o ex-ministro Antônio Palocci. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou na última sexta-feira o que está sendo rotulado faz algum tempo de “Quadrilhão do PMDB”: os senadores Romero Jucá, Renan Calheiros, Valdir Raupp, Edison Lobão e Jader Barbalho e mais José Sarney e Sérgio Machado. O que resta para os eleitores fazer?

Dá para acreditar e ainda votar nesses homens e nesses partidos? Façamos perguntas de gente normal, perguntas que nos fazemos em casa ou aos amigos quando não nos censuramos nem adotados posturas formais: o que tem na cabeça o eleitor que pensa em votar nessa turma toda? Comecei a votar para presidente da República em 1989. Cravei Brizola no primeiro turno. Anulei no segundo. Em 1994 e 1998, estava na França. Não votei. Em 2002, 2006 e 2010, anulei. Em 2014, no primeiro turno, votei em Luciana Genro. Anulei no segundo. Já votei por simpatia ou amizade em gente de vários partidos, do PT, PMDB, PSOL, PCdoB e PDT. Voto em pessoas com determinada sensibilidade política.

Continuo sendo anarquista.

Se eu fosse político não permaneceria em qualquer partido com a reputação destruída por acusações de corrupção. Trabalharia para criar uma nova sigla e começar tudo de novo. Honestos e progressistas do PT, do PMDB e do PSDB poderiam se juntar para iniciar uma nova aventura, um partido socialdemocrata, não marxista, oposto ao neoliberalismo, refratário a financiamento empresarial de campanha, blindado contra caixa dois, fisiologismo, pragmatismo, alianças de conveniência e obsessão pelo poder. Um partido de ideias e ideais. Uma sigla capaz de articular público e privado, honestidade e transparência, presente e futuro.

As eleições de 2018 se anunciam melancólicas: quem escolher? O citado? O denunciado? O réu? O investigado? O falso novo? O velho? O nostálgico da ditadura? O preconceituoso? O entreguista? O representante do mercado e da mídia conservadora? O que tem o nome uma ou muitas vezes na Lava Jato? O membro, nos termos da Procuradoria-Geral da República, de alguma quadrilha ou quadrilhão? O acusado de corrupção passiva ou de obstrução de justiça?

De fato, está acontecendo uma criminalização da política. Por políticos. Políticos que se tornam criminosos criminalizam a política e afundam com eles os inocentes e os honestos. Surgirá uma nova geração, que não poderá ser a dos batedores de panela. Esses mostraram até onde ia a vontade de combater a corrupção. Triste é saber que velhos larápios arranjarão votos para retornar ao local do crime com a sanha de jovens lobos. Estamos ferrados. E mal pagos. Obviamente. Filhos da escravidão.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895