Record matou a pau na cobertura da Olimpíada

Record matou a pau na cobertura da Olimpíada

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A mídia é uma máquina de fabricação de mitos.

O primeiro mito que a mídia produz é o seu.

A Globo fabricou o mito de que só ela tinha tecnologia e qualidade para grandes coberturas internacionais.

Os organizadores dos Jogos Olímpicos, porém, não sabiam disso.

Nem dependiam da CBF para decidir.

Venderam para a Record, que matou a pau.

Fez tudo o que a Globo sempre fez.

E mais.

E melhor.

A mídia se automitifica contando todos os dias para o seu público como ela é espetacular.

A Globo chama de teledramaturgia as suas novelas no velho padrão mexicano ou chupadas de séries americanas.

Em Palomas, a Rede Baita Sol cria seus mitos a golpes de marketing ostensivo.

Todo nascimento, aniversário ou cirurgia de uma das suas estrelas ganha ampla cobertura.

Aos poucos, o público incauto acredita que ali só tem pessoas altamente importantes.

Quanto mais elas são declaradas importantes pelo veículo onde operam, mais são vistas como importantes.

Esse é o truque.

Em Londres, a Record provou que tem competência técnica e capacidade de povoar os imaginários.

Romário, como comentarista de futebol, foi mais espontâneo e verdadeiro do que o engessado Caio, o pomposo Júnior e o enrolado Casagrande, não perdendo nem mesmo para o altivo ex-comentarista Falcão.

Acabou o monopólio.

Cada rede pode alçar voo.

Basta ter balha agulha para pagar.

No campeonato brasileiro, contudo, os clubes continuam preferindo ganhar menos do que apostar no leilão com envelope fechado. Por que será? O que os faz optar por menos, ainda que seja muito, que pela concorrência total?

Quero tirar o chapéu para a cobertura do Correio do Povo em Londres.

Mariana Oselame e Hiltor Mombach deram tempero gaúcho ao que fizeram.

Mas sem bairrismo.

Por outro lado, um pouquinho de maldade faz bem.

Ver o mala do Galvão Bueno sendo barrado na entrada de um jogo não tem preço.

Nada contra o Galvão, apesar da sua chatice ufanista, mas tudo a favor do somos todos iguais.

Galvão conheceu a vida dos mortais.

Viveu na planíce.

O efeito Record mexeu com o seu equilíbrio emocional.

Brigou com o colega Renato Maurício Prado.

Aplicou o tradicional: ou eu ou ele.

Em casa, ganhou.

Contra a Record, perdeu.

Medalha de Ouro para a diversidade.

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