Ser bilionário no mundo de hoje

Ser bilionário no mundo de hoje

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Saiu, há mais de um mês, um estudo sobre os mais ricos do planeta. Tratei de estudar o assunto. Ainda não desisti de ser bilionário. É só uma questão de tempo e de dinheiro. Todo verão, planejo entrar para o seleto clube dos controlam a grana. Depois, terminam as férias, volto a trabalhar e fico sem tempo para enriquecer. Tenho um ponto em comum com os detentores das maiores fortunas do mundo: sou do sexo masculino. Já é um começo. Talvez não seja suficiente. Sobre 2325 bilionários, 2039 são homens. O machismo ainda é o capital dominante no capitalismo? Por que as mulheres só representam 12,3% do total dos mais afortunados? Falar em meritocracia pegaria mal. Tem um preço. A diferença em favor dos homens segue aumentando. Subiu 7,9% só em 2014.

É a guerra de sexos.

O bilionário é um ser especial, que se comporta de um jeito. São Paulo tem 36 bilionários. Nove mulheres. Ou seja, 25%. Em Nova York, a porcentagem de mulheres bilionárias é apenas de 9%. Estamos na vanguarda. Em contrapartida, os Estados Unidos têm mais homens bilionários do que os quatro países seguintes na classificação: China, Inglaterra, Alemanha e Rússia. Outro aspecto que me deixa otimista quanto às minhas chances de virar bilionário é a idade: a maioria está pelos 63 anos. Mais de 93% passou dos 45 anos de idade. Tenho dez anos para atingir o meu objetivo. É mais do que suficiente. Pretendo ficar rico escrevendo livros. Quero fazer companhia a Paulo Coelho em Davos. Já andei examinado os preços do hotel Belvedere.

Minhas chances aumentam com outra característica dos bilionários: eles são casados (eu também). Mas diminuem quanto ao nível de estudo. A maioria possui poucos diplomas ou nenhum. Eu tenho vários. Chega a 35% o índice de bilionários que não terminaram o ensino médio. Já 42% só têm o ensino médio. Apenas 11% fizeram uma tese e embolsaram um diploma de doutorado. Por que eu fui estudar tanto? Volto a me entusiasmar: 60% dos bilionários eram pobres. Quase 70% deles praticam esportes. Eu jogo futebol sábado à tarde. Será que basta? Talvez seja o caso de aprender golfe e tênis o mais rápido possível. A maioria gosta de ir aos festivais de cinema de Cannes, de jazz, em Montreux, aos torneios de Roland Garros e Wimbledon, ao grande prêmio de Fórmula 1 de Mônaco e as desfiles de moda. Já estive nos festivais de Cannes, Montreux e em Roland Garros. Trabalhando.

Será que isso atrapalha? Fui a Mônaco como turista. As fashion week e Wimbledon ainda não constam na minha lista. Preciso correr. Um ponto complicado: os muito ricos leem pouco. Preciso deixar de ler. Se pessoas conseguem largar o cigarro, por que eu não conseguiria largar os livros? Não é certo, mas parece que é possível ser bilionário e continuar lendo muito. As estatísticas, porém, quanto a isso, são deficientes. A maioria dos bilionários atua no ramo financeiro e na especulação. Livro também é especulativo.

Vai dar. Assim que eu me aposentar, terei todo tempo de virar bilionário.

A especulação exige planejamento e golpes certeiros.

 

 

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