Sete fiascos brasileiros de 2014

Sete fiascos brasileiros de 2014

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Mais um ano se passou e a decência está tão longe.

Num esforço desmedido, trabalhei para listar os setes maiores fiascos brasileiros de 2014. Por que sete? Precisa explicar? É um número, como se diz, cabalístico. Na primeira lista, reuni 1244 micos. Com uma metodologia rigorosa, depurei o material e cheguei a 522 vexames. Debrucei-me sobre o que sobrou e depois de sete dias consegui reduzir tudo a 77 situações. Com mais sete noites de tabelas, comparações e ponderações, alcancei o tão almejado resumo de sete grandes fiascos.

O maior fiasco de 2014, pela importância dada ao chamado esporte bretão entre nós, foram os 7 a 1 que o Brasil tomou da Alemanha na Copa do Mundo. Cada fiasco tem a sua consequência. O vexame contra a Alemanha, culpa em grande parte da péssima escolha tática do treinador, teve como consequência a contratação de Luís Felipe Scolari pelo Grêmio. Foi o prêmio por ter comandado a seleção brasileira no seu mais inesquecível vexame. No Brasil do futebol é assim: treinador que perde arranja emprego igual ou melhor. O segundo fiasco do ano foi o “trensalão”, o escândalo do cartel do metrô de São Paulo, que passou por três governos tucanos (Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin). A multinacional Alstom confessou ter pago propinas milionárias para fechar contratos. A alta cúpula tucana disse que não sabia de nada. Alckmin saiu em defesa de um dos envolvidos garantindo que é uma “pessoa extremamente respeitada”. A consequência disso tudo foi a reeleição de Alckmin no primeiro turno.

Os tucanos eram pela alternância como princípio em Brasília. Os petistas eram pela continuidade como princípio também em Brasília. O terceiro fiasco do ano foi o “petrolão”, escândalo de propinas e desvio de dinheiro na Petrobrás. Dilma Rousseff, apesar de ter comandado a Petrobrás quando tudo começou, disse que de nada sabia. Lula seguiu o mesmo discurso. A consequência desse rombo (ou roubo) que continua a dar frutos foi a reeleição de Dilma no segundo turno. O quarto mico de 2014 foi a auto-concessão de um auxílio-moradia de mais de quatro mil reais pelo STF aos togados do país. Uma teta imoral, irreal e que engorda os proventos de quem tem casa para morar e até para alugar. O Rio Grande do Sul nunca pode ficar de fora do pior do Brasil. O quinto mico corre por nossa conta: a aprovação pela Assembleia Legislativa, depois das eleições de outubro, de um regime de aposentadoria especial que livra nossos deputados do INSS e os coloca na categoria dos seres distintos dos mortais.

O sexto mico nacional continua se reproduzindo. São os lacerdinhas da nova e da velha direita pedindo o impeachment da presidente da República e clamando até pela volta do regime militar. A consequência disso é a perda da memória histórica e a disseminação da falsa ideia de que na ditadura não havia corrupção e de que a democracia é prescindível.

O sétimo mico de 2014 foi o papel de militares tentando melar as investigações da Comissão Nacional da Verdade.

Mais um ano se passou e ficamos piores. Sem alternativa.

Só resta, como diria Marta Suplicy, relaxar e gozar.

Goza-se melhor quando se é senador e ministro.

 

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