Televisão francesa me acompanha na Feira do Livro

Televisão francesa me acompanha na Feira do Livro

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A Feira do Livro de Porto Alegre é um formigueiro onde sempre acontecem surpresas, encontros inusitados, polêmicas e situações engraçadas.

Ontem, uma equipe da televisão francesa (FR3) veio a Porto Alegre exclusivamente para me entrevistar e acompanhar uma jornada da minha vida. Depois, seguiu para Brasília onde fará o mesmo como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o intrépido Joaquim Barbosa.

O jornalista Dominique Gallet e seu câmera me filmaram com Taline Oppitz apresentando o Esfera Pública enquanto entrevistávamos, por telefone, o ministro do STF Marco Aurélio Mello e os deputados Elvino Bon-Ghas (PT) e Nélson Marquezan Jr. (PSDB) sobre a possível prisões dos mensaleiros.

Depois de 45 minutos de entrevista gravada, fomos para a Feira.

Até eu me surpreendi. Encontramos, junto com os jovens participantes da oficina de jornalismo do Correio do Povo, uma engraxate bem acomodada na sua cadeira de trabalho lendo meu livro "Jango".

– Estou impressionada com o que venho desc0brindo – disse ela.

Na frente do Santander, um vendedor de água discursou sobre celebridades, livros e meios de comunicação quando ali chegamos:

– O senhor é famoso quem? – perguntou.

Soltou uma gargalhada e completou para mim:

– O senhor é o famoso Juremir, não?

A tarde seguiu assim. Encontramos deputados, médicos, engenheiros, professores, uma equipe da TVE, escritores, pessoas que não declararam a profissão, etc. Por fim, dei uma palestra sobre Jango para uma sala lotada no Santander. E tive uma sessão de autógrafos na praça com leitoras singulares: duas moças sensuais. Uma delas, linda, escultural, curvilínea, com um micro-short e apenas um top, barriga sarada toda de fora.

Elas se aproximaram, sorriram e me estenderam exemplares do meu livro "A noite dos cabarés".

Sorri de volta e perguntei para estabelecer um simpático diálogo:

– O que vocês fazem?

– Fazemos o mesmo que as personagens deste teu livro.

– Como?

– Somos garotas de programa.

Por curiosidade de escritor, perguntei:

– Onde trabalham?

– Na internet.

– Mas vocês não têm a idade das minhas leitoras mais habituais.

– Ele sempre escreve isso – respondeu uma delas.

Batemos mais um papo e elas se foram. Adorei essa tarde entre velhinhas recatadas e jovens ousadas. Todas leitoras vorazes. Fiquei com a imagem de um escritor extremamente popular. Segundo meu amigo Felipe Vieira eu tenho uma excelente equipe de produção para a televisão. Joaquim Barbosa vai precisar suar o paletó para se mostrar mais popular do que eu. Enquanto a televisão francesa se despenca de Paris para me entrevistar, a mídia de Rio de Janeiro e São Paulo boicota meu livro Jango, em quarta edição cinco meses depois do lançamento. E até alguns jornalistas gaúchos fingem-se surpresos com a existência da obra. Ah, como eu amo esse nosso Rio Grande do Sul!

E como é provinciana e bairrista essa mídia carioco-paulista.

Sem contar que é mais reacionária que a de 1964.

Veja agora conta o conservadorismo tardio de Lobão.

A Folha de S. Paulo investiu no reacionarismo enlatado de Reinaldo Azevedo.

Para a mídia brasileira moderno é ser pré-moderno.

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