Thor, AG e a importância do ressentimento
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Dia de olhar o boi, chamar o boi de boi, pois bom cabrito é o que mais berra.
É que começo o dia lendo a coluna do Hiltor Mombach, o melhor texto do jornalismo esportivo gaúcho.
Tem informação, ironia e qualidade.
Hiltor botou o dedo na ferida.
O rolo do Inter com as empreiteiras – Andrade Gutierrez e um tal Nex Group (leia-se a construtora da Rede Baita Sol e alguns parceiros) tinha a ver com o desejo das empreteiras de reviver o portal da janelinha.
Explico: tentou-se botar edifícios de apartamento no Portal do Estaleiro.
Não colou.
Não se pode fazer isso em área pública doada com fins específicos.
A turma queria janelinha para o Guaíba.
O tal Nex Group apareceu para tentar desbancar a AG em troca de três edifícios ao lado do Beira-Rio.
O Inter seria laranja no repasse à empreiteira de terras públicas que recebeu outrora.
A Procuradoria do munícipio vetou.
A AG, quando soube da mamata, também quis.
Não levou. Por enquanto. Há quem garanta que ficou com a prioridade para o futuro.
A Copa do Mundo serve à "privataria" dissimulada.
Solto fogo pelas ventas.
Saio atirando as patas pelos campos.
Eta, Brasil velho sem porteira.
O playboyzinho Thor (nome ridículo que só pode ter saído da cabeça de ervilha da Luma de Oliveira), com 51 pontos na carteira por alta velocidade, matou um pobre Wanderson, que usava bicicleta (nada de bike) como meio de transporte (bike é palavra de quem não pedala para trabalhar).
Thor pilotava um bólido de quase três milhões de reais.
A culpa, claro, só pode ter sido do operário sem pai nem mãe.
Pode. Por que não?
A polícia solícita deixou o advogado levar para casa o carrão demolido.
Se não fosse o filho do Eike Batista, o carro teria ficado retido.
Thor não passou por delegacia.
Tudo desnecessário. Pura coincidência.
Esse é o Brasil das empreiteiras e dos filhos de papai intocáveis.
Qualquer crítica a isso é ressentimento.
Viva o ressentimento! Só os ressentidos acabam com as tetas dos privilegiados.
E vem aqui aquele pessoal transpirando ideologia exalar seu cinismo com o corriqueiro e aparentemente ponderado e cauteloso "nada de preconceitos com ricos".
Esse Thor precisa botar um batente no corpo.
Devia ter passado, como todo mundo, por um delegacia de quinta categoria.
Precisa ter sujado o dedão como qualquer um.
Mas Eike decretou: "Imprudência de ciclista poderia ter matado meu filho".
Se ele diz, é verdade. Afinal, é o pai de Thor.
Quem poderia contestá-lo?
Thor vai acabar sendo presidente de empreiteira.
Tem um futuro tilitante pela frente.
Só não vai construir estádio de futebol em Palomas.
Lá, o bicho pega.
Ele já nem teria carteira.
Estaria andando de bike.
Bike de três milhões, of course!
Obviamente, como diria o Rafinha Bastos, isto é apenas uma piada.