Tiradas do João Almino em tempos de ódio virtual
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Mas nunca perde a calma.
É um bagual zen.
No máximo, passa a mão no cabo do facão ou do relho.
Ele estava num bolicho da Padre Chagas, bebericando um vinho, quando foi interrompido por um estranho.
– Gosto muito de ti, mas esse teu cabelo é ridículo.
João Almino bebeu um gole serenamente e disse:
– Já?
– Já o quê? – surpreendeu-se o mala de garupa (vive no cangote dos outros).
– Gozou?
– Como gozar? – atrapalhou-se ainda mais o inconveniente.
– Foi bom pra você? – questionou Almino como resposta.
– Que pergunta é essa? – roncou o estranho
– Não é o que se pergunta a alguém que acaba de ter um orgasmo?
– Acho que me levaste a mal. Sou teu admirador.
– Claro, claro. Por isso mesmo, vai um conselho: cuidado com a ejaculação precoce. O prazer pode ser intenso, mas passa rápido.
*
Frequentador de redes sociais enquanto mateia ao amanhecer e ao entardecer, João Almino recebeu 23 vezes a mesma mensagem:
– Vai te tratar, cara.
Na vigésima-quarta mensagem, Almino exclamou de cuia na mão:
– Esse taura está doente, tchê. Precisa de um psiquiatra.
*
– A astronomia não é a tua praia – afirmou o vivente.
– Prova!
– Como posso provar?
– Com quantos paus se faz uma canoa?
– O que isso tem a ver com astronomia?
– Para falar de praia, tchê, precisa conhecer as cousas do mar.
•
João Almino foi parado na rua por um perguntador:
– O que diferencia o ódio da crítica, Seu Almino?
– O ódio.
*
– Doutor João Almino, por favor, defina capitalismo.
– Simples: o sistema econômico em que todo crime é, no máximo, culposo. Ou legítima defesa.
*
– Defina comunismo.
– Uma impossibilidade coletiva.