Vice será gaúcho (a)

Vice será gaúcho (a)

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  Que o Rio Grande do Sul gosta de política ninguém duvida. Produzimos o maior de todos até hoje: Getúlio Vargas. O trabalhismo gaúcho deu ao Brasil também João Goulart e Leonel Brizola. Durante a ditadura midiático-civil-militar, entregamos três ditadores genuinamente gaúchos e demos formação a outro. Em 2018, poderemos oferecer mais um vice-presidente da República ao país. Ana Amélia Lemos, General Mourão e Germano Rigotto já estão na disputa.

Manuela será vice de Lula ou de  Fernando Haddad.

Ana Amélia tem grandes chances de ganhar a sua aposta. Rigotto concorre na chapa do azarão Henrique Meirelles. Alckmin e Ana Amélia terão 44% do tempo de propaganda de rádio e televisão: cinco minutos trinta e dois segundos por bloco. Meirelles e Rigotto ficarão com 15% do tempo disponível, um minuto e cinquenta e quatro segundos, quase o mesmo de Lula, ou do seu candidato, que terá dois minutos e cinco segundos. Jair Bolsonaro contará com sete segundos no bloco principal e uma inserção a cada três dias. Tempo de rádio e tevê conta muito. Dizer o contrário é brincar com a inteligência alheia. Partidos fazem qualquer aliança justamente para aumentar o espaço de propaganda.

O que levou o Rio Grande do Sul a se tornar o Estado dos vices? Vários componentes: a biografia dos convidados feita de honestidade, visibilidade e consistência eleitoral. Homens querem mulheres para atender o quesito gênero. Candidatos do Sudeste tendem a sonhar com os vices do Nordeste. O Sul tornou-se, porém, atraente na medida em que é fundamental neutralizar a força de Bolsonaro na região. Rigotto já tinha desistido de participar do jogo eleitoral deste ano. Ensaiou concorrer ao Senado. Desistiu quando não sentiu firmeza no MDB. Queria condições generosas para ganhar. Ser vice de Meirelles reacendeu o seu apetite pela corrida eleitoral. Vai passar dois meses na vitrine.

Terá, claro, de ajudar Meirelles a defender o legado do esquecido Michel Temer (onde anda?), o mais impopular presidente da história do Brasil. Ana Amélia enfrentará a ira dos eleitores do seu partido, o PP, apaixonados por Bolsonaro. Nas redes sociais, a senadora vem sendo trucidada pelos adeptos do candidato do PSL. Já foi chamada de traidora. No segundo turno, salvo se der Bolsonaro versus Alckmin, estarão todos no mesmo barco. Imaginemos um cenário: Haddad contra Bolsonaro no segundo turno. Com quem ficará Germano Rigotto? Ana Amélia não parece ter opção. Ou será chamada de duplamente traidora. Seja como for, o Rio Grande do Sul parece bem posicionado.

Manuela precisará de paciência. Alguns dias podem parecer anos. Lula escolheu a gaúcha como vice dele ou do seu indicado. Na primeira hipótese, legalmente improvável, Manuela entrará como favorita. Na segunda, vai para o jogo duro em condições de ganhar se a partida for contra Bolsonaro e Mourão. Poderemos ter Manuela versus Ana Amélia na decisão. No Brasil, vice assume. O ideal é que não conspire para isso. Com vice sempre há algo a Temer?

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