Vice tem ou não votos?

Vice tem ou não votos?

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Na época em que Jango foi eleito vice-presidente, as eleições eram separadas.

O mundo era outro.

Um mundo que acreditava num futuro radioso.

Votava-se para presidente e para vice com autonomia.

Podia-se escolher o presidente de uma chapa e o vice de outra.

Jango fez mais votos do que JK.

Foi eleito vice de Jânio Quadros sendo seu opositor.

Contradições conviviam, chocavam-se e espatifavam-se como num bolero.

Atualmente, vice tem votos?

Se Dilma e Temer têm os mesmos votos, devem ter também as mesmas contas?

Ou Temer tem os votos de Dilma, mas não as suas contas?

Tem o bônus, mas não o ônus?

Quem vota em vice?

Quem vota pelo vice?

Por hipótese, digamos que o vice tem votos.

Mas votos para quê?

Para apoiar o eleito como presidente a executar o projeto da chapa ou para, na vacância da presidência, executar um projeto oposto ao da chapa ou do cabeça de chapa?

O eleitor vota na chapa, antes de tudo pelo presidente, que vice é decorativo, ou conscientemente nos dois?

Vota por acreditar no projeto defendido na campanha?

Aí o vice toma o poder e executa o projeto que não passou pelo crivo das urnas.

Como se sente o eleitor?

Em que se vota? No presidente, no vice, na chapa ou num programa de governo?

Um vice que assume tem legitimidade para aplicar um programa que não foi votado?

Há quem esfregue as mãos: esse programa só será aplicado por não ter sido votado.

Numa democracia substantiva, um programa, ainda mais de mudanças radicais, de virada de jogo, só pode ser aplicado depois de passar por um teste simples e prático: o teste das urnas.

O resto é drible no eleitor.

Janelinha.

Drible da vaca.

Lembreta.

Bobinho.

 

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