Woody Allen, o simpático 171 do cinema

Todo ano tem carnaval, árbitro apitando a favor do Corinthians, corrupção em Brasília, duas mulheres brigando pelo mesmo homem em novela de televisão, massacre em algum país do Oriente Médio e novo filme do Woody Allen, o intelectual, o gênio, o criativo, todo ano pior, todo ano melhor que Walter Salles e Fernando Meirelles.
Allen descobriu a fórmula que transforma piada pronta em ouro.
Todo ano o mesmo filme.
Todo ano o mesmo sucesso.
Para Roma, com amor é uma cópia ligeiramente modificada de Meia-noite em Paris.
Tem referência cinematográfica, turista perdido, velho em busca do seu passado, psicanálise e neurose.
O papo de bar de sempre.
Todo ano Woody Allen faz a Grande Família em escala internacional.
É um baita de um 171, o canalha simpática, o enrolador adorável, o vendedor de enciclopédia com grife. Nessa naba do cinema atual, encanta, fatura, abre caminho para novos e geniais mesmos filmes no ano seguinte.
Todo ano eu repito a crítica.
Woody Allen é cineasta de bicheiro.
Assim como tem escola de samba de bicheiro que pega dinheiro de Estado otário para cantar as suas belezas regionais na Sapucaí, Woody Allen arranca uma boa grana de capital otária para louvar seus clichês na telona.
Barcelona, Roma e Paris já pagaram.
Rio de Janeiro terá a sua vez.
Será o grande encontro do cineasta de bicheiro com o carnaval de bicheiro.
Clichê não faltará para ser explorado.
Woody Allen prova que a caipirice é universal.
Querer aparecer em filme de Woody Allen, mesmo pagando, é atestado de breguice.
Barcelona, Paris e Roma mostram sua jequice.
Woody Allen vendeu seu peixe sem fazer muito esforço.
Entregou o de sempre. É o cinema pizza.
O melhor do filme é a crítica de mídia, a sátira ao hiperespetáculo, à cobertura dada pela mídia à vida das celebridades ocas, efêmeras, bobas, explorando o fenômeno dos papparazzi.
Woody Allen é um gênio: engana o mundo todo ano com a mesma piada.
Ainda vai fazer filme no Brasil financiando pelo Carlinhos Cachoeira.