Amistoso polêmico da Argentina com Israel foi marcado devido à superstição

Amistoso polêmico da Argentina com Israel foi marcado devido à superstição

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Crianças escreveram carta pedindo para Messi não jogar contra Israel - Foto: Juan Mabromata / AFP


Foi divulgada nesta segunda-feira uma comovente carta escrita por crianças palestinas a Lionel Messi pedindo para o craque argentino não participar do amistoso de sua seleção contra Israel, no dia 9 de junho. A partida está marcada para o estádio Teddy Kollek, que fica em Jerusalém Oriental, local que os palestinos reivindicam como a capital palestina.

Na carta, as crianças se referem a Messi como “a lenda que todos querem imitar” e pedem para o argentino se negar a disputar o amistoso. “Nos informaram que você vem jogar em Malha, em um estádio construído sobre nossa aldeia destruída. Nossa felicidade se transformou em lágrimas e nossos corações ficaram partidos. É lógico que Messi, nosso herói, vá jogar em um estádio construído sobre as tumbas de nossos antepassados?", questionam as crianças.

Na semana passada, o presidente da Associação Palestina de Futebol, Jibril Rajoub, afirmou que os palestinos deveriam queimar fotos de Messi e camisas da seleção argentina por causa do amistoso.

Mas por que a Argentina decidiu jogar contra Israel em Jesusalém, o que certamente causaria muita polêmica? O motivo é simplesmente uma questão de superstição. Para entender é preciso voltar a 1986, ano do bicampeonato mundial dos argentinos.

Após ter se classificado para a Copa do Mundo do México na última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas com um empate com o Peru no Monumental de Nuñez, em 1985, a seleção argentina sofria duras críticas. Elas aumentaram após as derrotas para França e Noruega em amistosos no começo de 1986.

Por conta disso, o técnico Carlos Bilardo tomou a decisão de cancelar amistosos com outras seleções e pediu para a AFA marcar jogos contra clubes. A Argentina então venceu o Napoli, da Itália, o Grasshoppers, da Suíça, e os mexicanos América e Atlante. A única partida sem vitória no período foi um empate sem gols com o Junior Barranquilla, na Colômbia.

Só após esses jogos, Bilardo aceitou marcar um amistoso contra uma seleção nacional. Foi então que a Argentina enfrentou Israel, um fraco adversário, que foi batido facilmente por 7 a 2 no último compromisso antes da Copa do Mundo. No Mundial, como todos lembram, Maradona liderou a Argentina para a conquista do bicampeonato.

Para Carlos Bilardo, enfrentar Israel virou então virou questão de sorte. A Argentina repetiu o amistoso contra a seleção israelense antes da Copa do Mundo de 1990, na Itália, quando chegou até a final, mas acabou derrotada pela Alemanha.

Mesmo após Bilardo deixar o comando da seleção, a Argentina repetiu os jogos com Israel antes dos Mundiais de 1994, nos EUA, e 1998, na França. Somente em 2002 os argentinos deixaram de enfrentar os israelenses nos períodos de preparação para uma Copa.

Com a Argentina vivendo um jejum de títulos que já dura 25 anos e sem vencer a Copa do Mundo há 32, a AFA, agora sob o comando de Cláudio Tapia, decidiu marcar o amistoso com Israel, que será o último teste da seleção de Sampaoli antes da estreia no Mundial da Rússia contra a Islândia.

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