Eliminação da Argentina respeitou a lógica: venceu a organização

Eliminação da Argentina respeitou a lógica: venceu a organização

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Argentina perdeu para a França por 4 a 3 nas oitavas de final da Copa - Foto: Jewel Samad / AFP

Deu a lógica. A Argentina perdeu para a França por 4 a 3 e está eliminada da Copa do Mundo de 2018. O placar, com o terceiro gol argentino marcado já nos acréscimos, passa uma falsa impressão de que houve equilíbrio na partida. Mas não foi isso que ocorreu na cidade russa de Kazan neste sábado. Durante os 90 minutos ficou clara a superioridade francesa.


Com um trabalho consolidado de Didier Deschamps - há seis anos no cargo -, a França foi um time com um forte coletivo. Do outro lado, a Argentina contou com as individualidades e muita entrega de seus jogadores. Mas o futebol é um esporte que exige organização. E isso a Argentina não teve em nenhum momento nesta Copa do Mundo.


Desorganizada, a Argentina permitiu o contra-ataque que resultou no pênalti de Rojo em Mbappé aos 13 minutos. Griezmann aproveitou para fazer o 1 a 0. Em busca do empate, a equipe de Jorge Sampaoli repetiu problemas da primeira fase da Copa do Mundo, teve muita posse de bola no campo de ataque, mas sem infiltrações. Tocava, tocava até errar e dar o contra-ataque para a França, que deixou de matar o jogo logo no primeiro tempo.


Pela individualidade de Di María, que acertou um lindo chute, veio o empate. A Argentina, assim, levou para o intervalo um “resultado melhor que a atuação” nas palavras de Javier Mascherano após a partida. Se o empate era mais do que a atuação argentina merecia, logo no começo do segundo tempo um chute de Messi desviado por Mercado colocou a Albiceleste na frente.


Era então a hora de se defender bem e apostar em saídas rápidas do trio Messi, Pavón e Di María. Mas para se defender bem é preciso ter organização coletiva. E de novo a Argentina não teve. Aos 23 minutos já estava 4 a 2 para os europeus. O placar poderia ter sido ainda maior não fosse a França perder dois contra-ataques seguidos com superioridade numérica. Uma boa resposta de Sampaoli não apareceu nem nas mudanças. Agüero foi uma entrada esperada, mas a última cartada (Fazio havia entrado por Rojo no intervalo) foi queimada com Maxi Meza tendo ainda Dybala e Higuaín no banco.


Após a França reduzir seu ritmo, com Didier Deschamps até sacando a dupla Mbappé e Griezmann, a Argentina descontou com Agüero já aos 48 em assistência de Messi. Ainda deu tempo para uma última tentativa que terminou com cruzamento de Meza desviado para fora por um Di María meio sem jeito. Sem jeito como foi a Argentina nessa Copa. Como foi a Argentina de Sampaoli. Como tem sido a administração da AFA nos últimos anos.


A eliminação agora abre uma nova era na seleção argentina. A geração que chegou à final da Copa do Mundo há quatro anos no Brasil chega quase toda ao fim. Mascherano e Biglia já anunciaram após o jogo com a França suas aposentadorias da seleção. Nomes como Di María, Higuaín, Enzo Pérez e Banega devem tomar o mesmo caminho. Kun Agüero, de 30 anos, disse que seguirá “à disposição de Sampaoli ou do treinador que estiver no comando”, mas admitiu que a concorrência em sua posição é grande.


O tema do treinador é outro que a AFA precisará resolver. Sampaoli tem contrato até 2022 com uma multa superior a 10 milhões de dólares. O contrato longo foi assinado por uma confiança dos dirigentes no técnico. Essa confiança não existe mais após o pífio desempenho argentino na Rússia.


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