100 anos depois, um mesmo destino para a Pia Instituição Pedro Chaves Barcellos

100 anos depois, um mesmo destino para a Pia Instituição Pedro Chaves Barcellos

Após realização da CasaCor RS, entre agosto e outubro, prédio em processo de tombamento pelo município será a nova sede de escola sem fins lucrativos

Henrique Massaro

Imóvel no bairro Rio Branco serviu por 81 anos como local de amparo e educação a meninas órfãs em Porto Alegre

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No último dia 19 de março, completaram-se 100 anos do lançamento da pedra fundamental da Pia Instituição Chaves Barcellos, imponente prédio localizado no bairro Rio Branco e que, 17 anos depois de ter encerrado suas atividades de amparo e educação a meninas órfãs, está sendo preparado para receber a CasaCor RS entre os meses de agosto e outubro. Após a realização do evento, o local será a nova sede da Escola de Educação Infantil Pampeano. Com isso, as intervenções e o restauro que vêm sendo feitos darão não só uma nova vida a uma edificação em processo de tombamento pelo município, como cumprirão uma função social idealizada há um século, a de ser sempre uma entidade com fins educacionais. 

Inaugurada em 1924, a Pia acolheu, amparou e educou mais de 3 mil meninas em situação de vulnerabilidade, principalmente órfãs. Conta-se que Pedro Chaves Barcelos, que se dedicou a diversas obras filantrópicas e morreu em 1920, aos 57 anos, teria deixado parte de sua fortuna para que fosse usada para “meninas pobres e órfãs”. Menos de seis meses depois de sua morte, seus irmãos e sua viúva, Ilza, compraram a primeira parte do terreno onde a instituição com seu nome foi erguida. O prédio foi mantido pelas Irmãs Franciscanas da Penitência e da Caridade Cristã, que deixaram o local em 2005. 

Um século atrás, a família Chaves Barcellos tomou as precauções legais para que o prédio e o terreno, que somam cerca de 16 mil metros quadrados, só pudessem ser cedidos se a finalidade educativa com fundamentação cristã fosse mantida. Entre 2005 e 2017, o local foi alugado para o Centro Universitário Metodista IPA. No ano passado, a Escola de Educação Infantil Pampeano, entidade sem fins lucrativos vinculada ao Fomento de Centros de Enseñanza, instituição espanhola na qual estão ligadas 12 das 20 melhores escolas da Espanha, teve a cessão da edificação obtida junto à família, às irmãs e à prefeitura – detentora de parte do terreno – para utilizá-la por 60 anos. O projeto é que, até o fim do ano, o espaço seja a nova sede da escola para receber entre 800 e 1 mil alunos. 

A CasaCor surgiu como uma atração turística e social temporária no espaço, que também se responsabiliza por parte das reformas que estão sendo conduzidas, papel que, em outros anos, já desempenhou em outros pontos de interesse cultural da cidade, como o antigo Hospital da Criança Santo Antônio, o Petrópolis Tênis Clube e a Confeitaria Rocco. No momento, há arquitetos vinculados à mostra, à escola e à prefeitura trabalhando no prédio de estilo eclético com características germânicas. Na pesquisa histórica conduzida sobre a Pia, surge como possível autor do projeto o arquiteto alemão Theodor Wiederspahn, que desenvolveu outros projetos com a família e trabalhou com o engenheiro responsável. Mas não foram encontrados, até então, documentos que comprovem a assinatura, provavelmente porque Wiederspahn teve materiais confiscados como subversivos pela polícia durante a 2ª Guerra Mundial. A autoria, portanto, ainda paira como mistério.


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