Arquivo Público Municipal celebra aniversário de Porto Alegre destacando cultura da cidade

Arquivo Público Municipal celebra aniversário de Porto Alegre destacando cultura da cidade

Espaço pode ser visitado e disponibiliza seu acervo para pesquisas

Cristiano Abreu

Entre as relíquias do acervo, estão os chamados dois livros de ouro da Câmara de Vereadores, que contam o período de mobilização pública pelo fim da escravatura

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Como parte das comemorações pelos 252 anos de Porto Alegre, celebrados no dia 26 de março, a prefeitura promove atividades destacando a cultura e a memória da cidade. Um destes roteiros incluiu visita ao arquivo histórico do município, lugar que guarda documentos importantes por narrarem limites geográficos, leis, plantas arquitetônicas e até o comportamento da sociedade da Capital no passado.

O Arquivo Histórico, batizado em homenagem ao político, escritor e jornalista Moysés Vellinho, armazena e conserva aproximadamente 1,5 milhão de documentos, datados a partir de 1764. Além de organizar e proteger, outra importante missão é manter o patrimônio documental da cidade à disposição do público.

Conforme os arquivistas Vera Lúcia Santos dos Santos e Gabriel Russo Ferreira, o objetivo das visitas orientadas é exaltar os três patrimônios presentes no espaço: arquitetônico, natural e documental. “O visitante aprende sobre a história dos casarões que abrigam a documentação produzida pela prefeitura, bem como vislumbra parte do acervo e suas curiosidades”, afirma a diretora do Arquivo Histórico, Vera Lúcia.

O espaço guarda o registro oficial da formação e das transformações de Porto Alegre. São mapas, escrituras e documentos com informações dos poderes Executivo e Legislativo que mostram a trajetória política das administrações, além de jornais e revistas que relatam o cotidiano. “Todo esse acervo, disponibilizado para pesquisa, nos permite conhecer e entender a trajetória histórica da cidade”, diz Vera Lúcia.

Entre as relíquias do acervo da Capital, estão dois dos chamados livros de ouro da Câmara de Vereadores. Os exemplares trazem importantes registros da Porto Alegre do fim do século 19 e dos primeiros anos do século 20. Ferreira destaca que os dois volumes contam o período de mobilização pública pelo fim da escravatura, ocorrida em 1888. “São páginas que trazem nomes de fazendeiros de Porto Alegre e a informação de quantos escravos estavam libertando”, diz o arquivista.

O espaço transpira história, a começar pela localização. Em uma vasta área com natureza preservada na avenida Bento Gonçalves (chamada até 1936, Estrada do Mato Grosso), dois belos casarões do século 19 guardam as memórias da antiga chácara a partir da qual se originou os bairros Partenon e Santo Antônio. As construções idealizadas como residenciais tornaram-se prédios escolares na segunda metade da década de 1920.

O Colégio Elementar Parthenon, antes Grupo Escolar Parthenon e posteriormente Colégio Elementar Oswaldo Aranha, Grupo Escolar Inácio Montanha e Escola Estadual de 1º e 2º Graus Inácio Montanha, lá funcionou até 1943. Depois, o Grupo Escolar Onofre Pires instala-se nas casas (depois rebatizado de Grupo Escolar Apeles Porto Alegre). Até 1977, o Apeles funcionou no espaço, que também abrigou o Ginásio Estadual Arlindo Pasqualini.

Antes de receber o Arquivo Municipal, em 1994, as casas ainda serviram de sede do Movimento Tradicionalista Gaúcho e, mais tarde, da Sociedade Cultural Beneficente Recreativa Trevo de Ouro.

O conjunto de casas que formam o Arquivo soma 530,18 metros quadrados. Além das construções da década de 1890, um anexo foi erguido no fim da década de 1990 para abrigar documentos. Um dos casarões sofreu restauração em 1994 para abrigar o acervo do arquivo histórico e, em 2002, foi concluída a restauração da segunda casa, transformada em centro cultural, com sala de exposições e auditório que podem ser utilizados pela comunidade.

O Arquivo usa o subsolo (antigo porão da casa 2) para armazenamento da documentação proveniente das diversas unidades administrativas do Poder Executivo, até que seja feita a triagem. Os documentos considerados de valor permanente são encaminhados à sala dos técnicos, no térreo, para que passem por um processo de tratamento. Após esta etapa ser finalizada, ocorre o recolhimento ao acervo.

O subsolo da casa 2 abriga o laboratório de restauração de documentos. Por não existirem as funções de técnico em restauração e encadernação no quadro de funcionários da PMPA, é feita a contratação de pessoa especializada para fazer a higienização, recuperação e restauração dos documentos que apresentam dano ou deterioração pronunciada. Esses trabalhos são executados de forma manual e/ou com o auxílio de equipamentos específicos. O laboratório hoje conta com uma prensa, uma mesa de luz, uma máquina secadora, uma higienizadora e uma obturadora. O uso desses equipamentos, o material mais adequado e a forma de intervenção ficam a critério do técnico em conservação e restauro, que é o profissional apto a avaliar a extensão do dano sofrido e a intervenção cujo procedimento seja menos traumático para o documento já comprometido. Os trabalhos de encadernação, quando necessários, são terceirizados, isto é, a pessoa física ou jurídica determinada executa o trabalho na sua própria sede. Esse procedimento é adotado, também, em função da falta de espaço necessário para as exigências do processo de encadernação.

Educação Patrimonial

O Arquivo Moysés Vellinho oferece às instituições de ensino, oficinas de educação patrimonial. Após a visita guiada, os alunos participam de atividades com perguntas e respostas, uma espécie de gincana sobre o conhecimento adquirido.

Como Visitar

O Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho está localizado na avenida Bento Gonçalves, 1129, bairro Santo Antônio, e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. No local é possível realizar consultas on-line, acessar documentos na sala de pesquisa, participar das visitas guiadas e oficinas de educação patrimonial. O acesso é gratuito. Informações pelos telefones (51) 3289-8282 e 3289-8278 e pelo e-mail arquivohistorico@smc.prefpoa.com.br


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