Começa a aguardada restauração da Sefaz

Começa a aguardada restauração da Sefaz

As obras, que preveem a revitalização do pórtico e das fachadas do edifício histórico da Secretaria da Fazenda do Estado, começaram neste mês. A previsão é que os serviços se estendam por quase dois anos

Vitória Miranda

Serão investidos R$ 8,3 milhões pelo governo do Estado no projeto de revitalização

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Após anos de espera, começaram neste mês as obras de restauração do prédio histórico da Secretaria da Fazenda do RS (Sefaz), localizado na quadra entre a Rua Siqueira Campos e a Avenida Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre. Conforme o cronograma da Secretaria de Obras Públicas, os serviços levarão 720 dias para serem concluídos, quase 2 anos. 

Os R$ 8,3 milhões investidos pelo Estado compreendem a revitalização das fachadas e do pórtico da Sefaz, com base no resgate da concepção original. As primeiras estruturas de andaimes, bem como as equipes envolvidas, já estão realizando os trabalhos iniciais, no bloco Siqueira Campos. Segundo a diretora de administração da Sefaz, Adriana Oliveira da Silva, também serão recuperados e pintados os revestimentos, os ornamentos e as esquadrias dos quatro lados da construção, bem como dos pátios internos e poços de luz.

A obra está sendo conduzida pelo Estúdio Sarasá Conservação e Restauro S/S LTDA, empresa de São Paulo especializada na conservação de bens histórico-culturais. Já a fiscalização está sob responsabilidade da 1ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas. De acordo com a secretária de Obras Públicas, Izabel Matte, o objetivo da pasta é agilizar e entregar obras que já estão sendo aguardadas há bastante tempo pelos servidores e demais cidadãos, como é o caso do prédio da Sefaz, que estava esperando restauro havia mais de década.

“Entre todos os investimentos que o Estado têm conduzido, alguns são muito simbólicos por sua relevância artística e arquitetônica, como é o prédio da Sefaz, que conta muito da evolução do próprio Centro Histórico”, avalia a secretária da Fazenda, Pricilla Santana. “Para além desse resgate, estamos falando de um prédio que abriga atividades relevantes, sendo que a reforma também contribuirá para as rotinas dos servidores e para valorizar essa parte da cidade.”

Nesse primeiro momento, a equipe de restauradores realizou uma decapagem criteriosa das camadas de tintas existentes sobre as paredes das fachadas, por meio da qual descobriu-se que a construção tinha, em sua versão original, cores em tons de ocre e bege claro. Os tons cromáticos serão mantidos, a fim de destacar a volumetria dos elementos e respeitar os padrões estéticos da época em que a construção foi erguida.

Promovido a patrimônio público do Estado em 1987, o prédio da Sefaz é uma obra arquitetônica neoclássica, construída a partir de 1919. A edificação foi desenhada pelo engenheiro e arquiteto gaúcho Theófilo Borges de Barros, que também projetou o prédio onde hoje funciona o Museu de Comunicação José Hipólito da Costa, na Rua dos Andradas. A sede da Sefaz remonta à época de 1920, quando a cidade começou a passar por grandes transformações, com a pavimentação de grandes avenidas e a construção de prédios maiores, sob influência estética do ecletismo. 

Nesse período viu-se o abandono do estilo colonial português em prol da modernização da Capital, marca do prefeito (intendente) Otávio Rocha (1897 a 1924), por exemplo, eleito com a bandeira de transformar Porto Alegre em uma “nova Paris”. A onda de reformas urbanas se estendeu até meados da década de 1930, com a construção de diversos prédios públicos e comerciais bastante representativos da arquitetura porto-alegrense, como o Farol Santander e a Casa de Cultura Mário Quintana. 

O primeiro bloco do prédio da Sefaz, que tem entrada pela avenida Mauá, foi edificado na década de 1920, constituído de porão e dois pavimentos, e nele funcionava a administração do Porto. Conforme informações do site do governo do Estado, as demais partes da edificação foram construídas em várias etapas, com alterações de projeto ao longo das construções e duas interrupções entre 1920 e 1927 por falta de verba. 

Ainda na década de 1920, diferente do que mostrava o projeto original, foram colocados pisos de cimento armado, ao invés de madeira, acrescentados pórticos laterais, colunas, escadaria de granito e mais um andar para a Secretaria da Fazenda, a Mesa de Rendas da Capital, o Tesouro do Estado e o Banco do Estado. Na década seguinte, construiu-se mais um pavimento, passando a abrigar também o Banco do Estado do Rio Grande do Sul e a Sefaz.

O bloco da Siqueira Campos foi construído já nos anos de 1930, tendo um porão e três pavimentos onde funcionava a Secretaria de Obras Públicas. Em 1934, para ampliar o espaço físico do Banco do Estado, foram construídos mais dois andares, além da retirada da cúpula e dos relevos artísticos. A inauguração dos dois prédios ocorreu somente em 1935.

Na década de 1950, recebeu mais três pavimentos e passou a abrigar o Tribunal de Justiça do Estado. Somente no final dos anos, 1970 a edificação passou a ser ocupada exclusivamente pela Sefaz e pelo Fórum Civil (até 1992). Nos anos 80, com o tombamento da Praça da Alfândega e do entorno, o conjunto edificado da Sefaz passou a ser considerado patrimônio do Estado, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Atualmente, os dois blocos estão interligados pelo pátio interno e por uma passarela no 5º andar.

Além da sede em Porto Alegre, a Sefaz possui várias repartições em outras regiões do Estado, onde atuam cerca de 2 mil pessoas. Em seu extenso leque de áreas de competência, estão algumas das atribuições mais estratégicas do Estado, como administrações tributária, financeira e orçamentária; auditoria da administração pública; política de estímulos fiscais; avaliação dos convênios; administração do serviço público de loterias do Estado, tecnologia da informação e certificação digital.


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