Insegurança na Cristóvão

Insegurança na Cristóvão

Os relatos convergem para um sentimento de impotência diante dos crimes que acontecem com frequência.

Felipe Faleiro

publicidade

Outrora uma região com uma pujante vida diurna e noturna, a área da avenida Cristóvão Colombo, no trecho entre as ruas 7 de Abril e Ramiro Barcelos, bairro Floresta, não muito distante do vibrante 4º Distrito, hoje dá lugar ao quase abandono. Edifícios que ostentavam, no passado, comércios, principalmente restaurantes e pizzarias, dão lugar a entulhos revirados, bem como lixo espalhado no seu interior e entorno.

Os prédios de portas fechadas, vidros quebrados, pichações e com diversas placas de aluguel e venda reforçam a preocupação dos moradores e comerciantes que restaram com a falta de segurança e aumento dos assaltos a qualquer dia e horário. Ainda que viaturas da Brigada Militar (BM) e da Guarda Municipal transitem pela região, que, segundo estes relatos, é movimentada durante o dia, mas perigosa à noite, há a sensação de que pouco está sendo feito para mudar esta realidade de constante medo.

“Os lojistas contratam pessoas para cuidar dos estabelecimentos, mas todos sabemos que estes prédios abandonados abrigam muita gente. Estes pedintes entram nos comércios e pedem coisas”, comenta a comerciante Elis Falcão, que tem uma loja na via há cinco anos. A situação só vai melhorar, comenta, depois da 7 de Abril, onde fica a sede da 3ª Delegacia de Polícia Civil (DP) e um supermercado.

Próximo dali, a empresária Ana Dal Fiori, de um comércio de roupas, disse que ela própria já foi assaltada enquanto saía de uma farmácia com uma amiga, há alguns meses. “Um jovem bastante nervoso apontou uma arma para minha cabeça. Levou tudo o que eu tinha, e quase tudo dela”, comentou. “Aqui ao lado, na confeitaria, os pedintes entram e saem a qualquer momento, solicitando doações e afastando os demais clientes. Eles até dão alguma coisa para eles comerem, mas depois retornam de novo. A situação piorou depois da pandemia”, observou ela.

Os relatos convergem para um sentimento de impotência diante dos crimes que acontecem com frequência. Procurada, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), que atua junto às pessoas em situação de rua, afirmou que as equipes de abordagem, Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e Consultório na Rua “atendem sistematicamente todo o território do 4º Distrito”, mas casos específicos de ocorrências de drogadição e tráfico de drogas devem ser tratados com a BM. Já o 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) disse que são realizadas ações de policiamento ostensivo por meio de patrulhas com viaturas.

"As ações de policiamento ostensivo da Brigada Militar são planejadas a partir de estudos de análise criminal, desse modo são realizadas ações de policiamento a pé e motorizado, com o uso de equipes de Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) e Força Tática. Os índices são acompanhados constantemente, e, assim, utilizados os meios materiais e humanos conforme necessidade", informa o 9º BPM, acrescentando que a corporação também realiza operações e barreiras de fiscalização de veículos de forma rotineira no bairro, bem como Operações Integradas com Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSeg) e Polícia Civil.

“Constantemente, realizamos operações integradas com a SMSeg, objetivando coibir crimes como roubo e furto na região do bairro Floresta e adjacências”, informou. O batalhão participa de uma força-tarefa de ações contra a criminalidade com foco nos bairros da região, junto com agentes da Guarda Municipal, Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e Departamento de Homicídios da Polícia Civil.

Da mesma forma, a área em questão está integrada no Programa de Revitalização da Área Central de Porto Alegre (Centro+4D), projeto em cofinanciamento junto ao Banco Mundial e Agência Francesa de Desenvolvimento e que, de acordo com a Prefeitura, pretende modificar diversos aspectos socioeconômicos da área. Entre elas, está a qualificação urbanística da área, contribuindo para “tornar as regiões polos de atratividade turística, gastronômica, cultural e de negócios”.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895