Memórias do Grêmio Esportivo Renner

Um clube que nasceu por meio de trabalhadores da indústria de Porto Alegre e que levou jogadores para grandes times brasileiros e para a seleção do Brasil ganhou um livro sobre sua história. Ele foi um dos grandes clubes a vencer as duas maiores equipes do Rio Grande do Sul no Gauchão.

Fundado em julho de 1931, o Grêmio Esportivo Renner foi um clube liderado por funcionários da A.J. Renner & Cia, indústria têxtil de Antônio Jacob Renner que deu origem às Lojas Renner e também às tintas Renner. 

A intenção inicial do clube era apenas reunir os colegas de trabalho para jogar uma partida de futebol no final de semana, na rua Frederico Mentz, no bairro Navegantes. No entanto, o dono da indústria viu que o time tinha potencial para o esporte.

O apoio da presidência da fábrica fez com que o time crescesse. Quatro anos depois, em 1935, o estádio Tiradentes foi inaugurado entre as avenidas Sertório e Eduardo (atual Presidente Roosevelt), na zona do quarto Distrito de Porto Alegre. O estádio foi construído em um terreno doado por Antônio Jacob Renner, fundador da empresa. 

“O Renner foi um fenômeno. Eles se diferenciavam porque tinham compromissos de trabalho na fábrica e nas lojas. Eles se ausentavam no horário do almoço ou no final do expediente para ir treinar. Aos finais de semana iam para a concentração e jogavam”, diz o arquiteto Luis Carlos Macchi, que foi mascote do time quando criança. Hoje, no local do antigo estádio, há um condomínio habitacional.

A maioria dos torcedores eram do próprio bairro, assim como os jogadores vinham da indústria local. Após ganharem títulos, em 1944 os atletas conseguiram se profissionalizar. Em 1954, o Grêmio Esportivo Renner conquistou o Campeonato Gaúcho, após vencer Grêmio e Internacional no Campeonato Citadino do mesmo ano. O clube ainda revelou alguns grandes ícones do futebol brasileiro: o goleiro Valdir de Moraes, considerado um dos maiores goleiros do Palmeiras, e Ênio Andrade, técnico do Corinthians. 

Apesar da conquista de 1954, três anos depois o Renner encerrou as operações no futebol. O motivo foi o prejuízo financeiro para a indústria, assim como o alto investimento que a empresa fazia no clube.

Renner Campeão | Foto: Mauro Schaefer

No memorial do Clube, localizado na avenida Câncio Gomes no bairro Floresta, em Porto Alegre, é possível já ver fotos de todos os jogos que o Renner participou ao longo de sua existência e também um quadro com a foto de cada jogador do clube. Em frente à porta, há um manequim infantil que está vestido com o uniforme dos mascotes do time. O lugar é todo decorado com muita história.

Essas histórias, conquistas, títulos e lembranças do Renner estarão registradas no livro que o arquiteto vai lançar no mês que vem. A obra reúne fotos, depoimentos e materiais colhidos durante uma longa pesquisa, segundo Macchi. O livro “G.E. Renner: O Cometa Eterno”, vai rememorar o período de trabalho do clube.

O projeto é uma realização da Fundação A. J. Renner, com a união de estudiosos e torcedores apaixonados. “Esse projeto é resultado de uma profunda pesquisa iconográfica e entrevistas com nomes importantes da equipe que construiu uma história linda e, até os dias atuais, continua presente em nossos corações”, celebra Marise Mariano, diretora-presidente da Fundação A.J. Renner.

Memorial do Clube | Foto: Mauro Schaefer

“Esse tipo de ação também é uma forma de manter viva a memória, contar a história, feitos e importância do clube na formação do futebol gaúcho. É transmitir às novas gerações a riqueza e os detalhes desse encanto”, diz Macchi. Também estão previstas mini exposições, com exibição de uniformes, bandeiras, flâmulas, fotografias e documentos. “O lançamento do livro vai ser justamente onde era a fábrica, onde os jogadores trabalhavam nos pavilhões. A obra vai contar bem a trajetória do clube durante esses anos através de depoimentos, do material da pesquisa, de textos e pessoas que colaboraram para contar a história desse cometa eterno que é o Renner”.