Restauração completa promete dar vida nova ao Museu da BM

Restauração completa promete dar vida nova ao Museu da BM

Obra, feita em conjunto pelo Comando-Geral da BM, secretarias de Obras Públicas (SOP) e Segurança Pública (SSP), revitaliza prédio de 1910

Felipe Faleiro

Revitalização do Museu da Brigada Militar

publicidade

O prédio que abrigou o Museu da Brigada Militar está em processo de restauração, a fim de reaver sua imponência e destacar sua importância histórica, tanto para a instituição, que caminha para seu bicentenário, quanto para a sociedade em geral. O prazo de conclusão dos trabalhos no edifício, localizado na avenida Aparício Borges, bairro Partenon, junto a Academia de Polícia Militar (APM), e com 320 metros quadrados de área construída, é de oito meses, a um investimento de R$ 1,5 milhão. A obra é especialmente supervisionada pelo Comando-Geral da BM e feita em conjunto entre as secretarias estaduais de Obras Públicas (SOP) e Segurança Pública (SSP).

“Hoje, a instituição está caminhando em seu presente, mas com seus alicerces no passado, com esta história que temos com a população gaúcha. Jamais devemos esquecer esta trajetória. O grande objetivo desta reforma é preservar este histórico para que as pessoas que visitam o museu, um verdadeiro patrimônio do estado, possam ver a grandiosidade que a instituição representa”, afirma o subcomandante-geral da BM, coronel Douglas da Rosa Soares.

Para o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, a instituição se orgulha em ter uma identidade consolidada. “Ações de preservação e estruturação dessa história, mais do que bem-vindas, são necessárias. Elas resgatam os 186 anos de prestação de serviços à população gaúcha, nos lembram daquilo que nos distingue e reforçam o caminho e os feitos que nos fizeram chegar até aqui”, reforçou ele.

O prédio foi construído em 1910 e idealizado como museu em 1947 pelo então tenente Hélio Moro Mariante. Em 1985, foi tornado museu, a partir de um decreto assinado pelo então governador Jair Soares. Foi inaugurado dois anos depois, em maio de 1987, e ainda, em 1990, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), que considera o local “em risco”. Embora atualmente deteriorado e desocupado, o local respira história em cada canto.

Ela está incrustada tanto em suas paredes, placas e insígnias, coberturas de telha francesa, janelas de madeira com caixilhos de vidro e bandeira fixa, e fachadas com ameias e torreões, quanto em seus equipamentos de guerra, cofres e demais itens do acervo. Em 2000, grande parte de seu acervo foi transferido para o chamado prédio B do museu, na rua dos Andradas, 498, no Centro Histórico da Capital. Com a expansão do acervo, a BM objetiva manter ambos os museus em funcionamento.

Entre os itens, há em torno de 600 armamentos, como a submetralhadora INA, modelo 1953, conhecida por permanecer a tiracolo do então governador Leonel Brizola durante a Campanha da Legalidade, na década de 1960, um canhão Whitworth, modelo 1863, utilizado na Revolução Federalista, além de mobiliários, documentos, livros, materiais de comunicação, fardamentos, entre outros. Ainda estão no prédio, entre outros equipamentos históricos, um tipógrafo da década de 1950, um fogão de campanha, usado como cozinha móvel para as tropas em combate armado, uma máquina para fabricar coturnos para o efetivo e até um relógio solar na parte externa.

A Brigada ainda destaca e exalta o apoio da Associação dos Amigos do Museu da BM (AAMBM) na restauração da mobília. Quando inaugurado, o prédio, que era parte da chamada Chácara das Bananeiras, foi inicialmente utilizado como linha de tiro da BM, no qual a tropa treinava disparos na direção de morros e matagais próximos, além de aprender sobre técnicas para o uso das armas. Porto Alegre cresceu desde então, as linhas reduziram, mas os vestígios desta utilização ainda são visíveis no complexo da Brigada Militar, com a disposição dos estandes.

O antigo museu tem uma sala permanente de exposição, mais uma sala de pesquisa, uma biblioteca e o hall de entrada. Os trabalhos iniciaram pela remoção do reboco e telhas danificadas, seguem com a restauração das alvenarias, esquadrias, portas, janelas, muros e grades. Também será restaurada a fachada, onde hoje há um brasão que hoje aparece quase invisível, dada a ação do tempo, o alpendre na área dos fundos, bem como será feita a reforma da parte elétrica do edifício e a instalação de climatização, o que até então não havia.

Ainda deverá ser construído um espaço específico para exposição dos uniformes. Para a titular da SOP, a secretária Izabel Matte, o trabalho, executado pela Construtora Costamar Ltda., será fiscalizado com rigor. “Esta é uma obra aguardada há anos. Por ser um importante espaço de visitação e pesquisas, acompanharemos cada etapa do trabalho para que o contrato seja cumprido. Isto permitirá que este prédio público de grande valor histórico seja devolvido à sociedade e à Brigada Militar”, salientou ela.

A licitação para as obras no Museu da BM somente vingou na terceira tentativa. Na primeira vez, em 2021, as duas empresas que demonstraram interesse não cumpriram os requisitos do certame, e na segunda, o edital não teve interessados. Ainda conforme o subcomandante-geral da Brigada Militar, há uma grande expectativa da corporação para que o trabalho seja executado com rigor histórico e técnico, conforme o projeto exige. Ele também relembrou também a primeira vez que adentrou ao local, se dizendo “impressionado” com a experiência.

“Ainda garoto, não tinha a dimensão do que era a grandiosidade da BM, uma instituição forjada na guerra, e com o único objetivo de proteger o povo gaúcho. Talvez esta seja a importância do museu, repassar a quem não conhece, ou apenas de relance, todo o caráter histórico envolvido e seu simbolismo enquanto local de preservação”, comentou o coronel Douglas. Para ele, as fardas são os itens que mais chamam a atenção. “Alguns deles ganharam apelidos ao longo da História, inclusive. Saber como os integrantes da BM se caracterizam dizem muito da sociedade naquele período”.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895