Com tecnologia e criatividade, sebos resistem

Com tecnologia e criatividade, sebos resistem

Acervos reúnem obras raras, históricas e relíquias da literatura nacional e internacional

Correio do Povo

Livreiro se diverte enquanto trabalha, remexendo no acervo composto por milhares de obras de ‘segunda mão’

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*Érica Rosa (7º semestre Fadergs)

Um livro pode durar uma vida inteira sendo repassado de mão em mão. Não é um objeto que se usa e descarta. Pensando dessa forma, nos dias de hoje com a importância de se reaproveitar tudo que é possível, o sebo tem um papel importante. Mesmo com a tecnologia avançando, eles seguem conquistando espaço entre os leitores. Eles tiveram que se reinventar, mas seguem aquecendo o mercado. 

Garimpando é possível encontrar relíquias. Para os leitores uma opção econômica com sabor de nostalgia. Para quem aprecia livros usados, além dos preços atrativos, encontrar uma dedicatória em meio a uma obra que fez parte da história de outra pessoa, é fascinante.
Frequentador de sebos, Hugo de Biase, 89 anos, compra livros novos, mas prefere o sebo. “Frequento livrarias, mas o sebo se encaixa mais com o meu perfil e minha idade”. Quem gosta de sebos já deve ter ouvido falar em algum momento da Ladeira Livros ou do Mauro Messina, proprietário de um sebo na rua General Câmara, no Centro Histórico. Tudo começou com uma banca de livros na Ufrgs. Depois alugou uma loja no Centro onde deu início ao estabelecimento.

Ele está há 13 anos no mercado formal e, desde então, participa da Feira do Livro. “O livro na praça aproxima as pessoas da literatura. Mais importante que o fator comercial é a relação das pessoas com as obras. A feira faz com que todo tipo de livraria possa estar na Praça da Alfândega, lado a lado. Todos dividem o mesmo espaço. Os expositores revelam que a maior queda nas vendas acontece durante os meses de janeiro e fevereiro. 

Como forma de escapar da crise, usam a Internet como uma aliada. Messina confessa ter uma certa dependência dos aplicativos de vendas como Estante Virtual. No entanto, admite que muitos clientes visitam a livraria física depois de ver o livro no aplicativo, seja buscando negociação de preço ou pelo prazer do passeio e do contato direto com o livro. Ele destaca que o livro usado possibilita mais independência ao vendedor. O acervo de Messina trabalha com livros diversificados. “Livraria pequena que vende só livros novos têm que enfrentar o monopólio das grandes redes, é mais difícil negociar preços, o sebo dá essa flexibilidade”, diz. “Se o cliente quer uma obra, ele vai levar, ainda que ela não esteja em boas condições, mas o carro-chefe é o usado”, acrescenta.
Neiva Piccinini, sócia-proprietária da Livraria Província conta que o sebo tem 28 anos. Aproveitou a paixão pelos livros para investir no negócio. Começou com um pequeno espaço e hoje possui quatro livrarias. Para ela o livro físico nunca acabará. “O e-book, pode ter ganho um bom espaço, mas a maioria ainda busca pela sensação de sentir o cheiro, de ter prazer em folhear as páginas de um livro”, frisa.

Já André Gambarra, sócio-gerente da Livraria Avenida, conta que 90% dos livros ofertados são usados. “O livro físico não acaba”, afirma. Em alguns sebos é possível comprar através de grupos de WhatsApp. A gerente do Sebo Só Ler, Sabrina Nekel, informa que o WhatsApp impulsiona o faturamento. “As postagens com fotos das capas são constantes e as vendas só crescem”, comemora.


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