Sociedade Floresta Aurora lança livro de memórias na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre

Sociedade Floresta Aurora lança livro de memórias na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre

Instituição fundada por alforriados completa 150 anos de existência

Letícia Menezes Pasuch*

Sociedade Floresta Aurora lança livro de memórias na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre

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Na tarde da última quinta-feira, dia 10 de novembro, ocorreu na Feira do Livro de Porto Alegre o lançamento da obra “Floresta Aurora, 150 anos Fazendo História”, que reúne memórias e pesquisas sobre a Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora. O clube negro mais antigo do Brasil foi firmado em Porto Alegre por alforriados, no dia 31 de dezembro de 1872 – 16 anos antes da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel oficializando o fim da escravidão. Neste ano, a associação celebra o sesquicentenário como um importante ponto de referência para a negritude.

O evento iniciou com uma sessão coletiva de autógrafos dos organizadores e de pessoas que colaboraram com a escrita do livro. Após, no Teatro Carlos Urbim, um sarau poético-musical contou com apresentações de compositores e artistas locais, como Carlinhos Santos, e a velha guarda musical Bambas da Orgia. 


Foto: Letícia Menezes Pasuch

O livro, lançado pela Editora Libretos, conta com 20 autores, e foi organizado por Jaime Núncia, escritor e antigo sócio; Nereidy Alves, advogada e consultora no clube; e Giane Vargas, pesquisadora e professora da Unipampa. Para Núncia, o principal organizador do livro, o seu lançamento representa uma grande importância para si e à instituição. “Ele dá continuidade à trajetória da sociedade, que foi fundada por negros alforros, e que hoje se mantém dando entretenimento, diversão e cultura para os nossos sócios e simpatizantes. Além disso, meu trabalho como organizador e escritor é reconhecido”, diz.

A obra perpassa os principais momentos da história do clube com relatos, textos acadêmicos e fotografias. “Esse livro é composto de memórias, e pra mim foi muito gratificante esse processo, porque participei de uma forma muito afetiva. Quase todos os eventos traçados no livro eu presenciei ou ouvi da minha família”, revela Nereidy.

Giane Vargas é pesquisadora de clubes sociais negros há mais de duas décadas. Em 2010, na sua dissertação de mestrado, mapeou 57 clubes negros no Rio Grande do Sul, e que o Floresta Aurora é o mais antigo do Brasil em atividade.

Para ela, comemorar os 150 anos é uma grande honra e uma vitória. "Por tudo que passamos nos últimos tempos, hoje é necessário e urgente celebrar. Por isso que estamos aqui celebrando esses 150 anos de existência, de experiência e de vivência dessas histórias importantes não só para o Rio Grande do Sul, mas para todo o país, e principalmente pela luta antirracista", diz.

Durante a Feira do Livro, a obra estará à venda na banca da Editora Libretos, em frente ao edifício Clube do Comércio. O livro também pode ser adquirido no site da Sociedade Floresta Aurora, mediante encomenda com a entidade.

* Estudante da Ufrgs


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