A pequena heroína de Taquari

A pequena heroína de Taquari

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Certa feita, um leitor me mandou e-mail dizendo que era contra utilizar a palavra "herói" para ilustrar fatos onde a coragem era o grande destaque da notícia. Eu discordei na época e ainda discordo. Até por nunca ter sido muito fã dos personagens que têm, consigo, superpoderes e aí, talvez, façam jus ao termo pois, segundo este leitor, o contrário vulgariza a palavra "herói". Já eu creio que vivemos cercados de heróis anônimos que realizam coisas fantásticas todos os dias.

Das notícias que leio no Correio do Povo neste início de semana, um caso me chama a atenção. Noticiado aqui no portal (clique para ler). Aconteceu em Taquari. Uma menina de apenas 5 anos de idade foi baleada pelo pai, que queria acertar sua enteada adolescente e fugiu. Segundo os policiais que o localizaram logo depois, visivelmente embriagado.

Essa menininha se jogou na frente da meia-irmã para salvá-la da insanidade do pai. Essa menininha arriscou sua vida e levou um tiro para que sua irmã não se ferisse.

A gente nunca sabe das intimidade de uma família, do que acontece e leva tanta gente ao desequilíbrio. Mas nada justifica uma agressão dessas, eis o fato. E, pelo que conta a mãe, o sujeito cometia absurdos dentro de casa, típica violência doméstica.

Mas olhem essa criança. Apenas cinco anos! Olhem o que ela fez! O seu gesto, a sua coragem, a sua maturidade ou desespero.

Cinco anos! Nessa idade ela mal deveria saber que existem armas. Que existe violência. Que existe a possibilidade de morrer. É muito pouca idade para uma realidade tão dura e brutal, para uma exigência desse tamanho que talvez raros adultos tivessem coragem de encarar.

Mas esta é a realidade que enfrentamos todos os dias. O absurdo é banal, cada vez mais.

Que essa pequena heroína de Taquari se restabeleça logo. Que o sistema de proteção a essas mulheres funcione. E que Deus torne a vida justa no futuro, pois quem tem coragem para oferecer a própria vida em defesa de outra, é uma alma e um coração muito especial.

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