A violência que exige respostas

A violência que exige respostas

No RS, a polícia ainda consegue enfrentar cm sucesso essses criminosos autoproclamados milionários. Embora o circuito sempre volte, a roda siga a girar e a complacência do sistema gere impunidade e, claro, estimule que tudo siga igual como se a polícia "enxugasse gelo". Já no Rio, é guerra. O que falta para usar tecnologia e informação e dar um basta no reino do terror?

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No Brasil, a PF investiga a ABIN. Que investigava até o Judiciário. Que sofre com as interferências políticas e ideológicas abalando alguns de seus integrantes, arranhando aquele respeito construído em uma história inteira - apesar da eterna sensação de distância que o povo, que banca tudo isso, sinta e reclame. E enquanto se gasta energia e tecnologia em brigas de beleza, ou bateção de boca política que na prática não muda em nada nossa vida - pois segue tudo mais do mesmo -, bandidos traficantes e bandidos milicianos tornam a cidade mais maravilhosa do país um cenário de guerra. Muito pior do que o Oriente Médio. Porque lá, a coisa fica preta por ondas. Surtos. Aqui, não dá trégua nunca.

Quando esses milicianos provocam todo esse terror, matando, queimando ônibus, fechando escolas, prejudicando milhares - prejudicam o pequeno comércio, prejudicam a escola que fecha e assim prejudica o trabalho do professor, e prejudica o aluno que fica sem o aprendizado, prejudica os pais trabalhadores e humildes que não têm onde deixar a criança, e prejudica o trabalho desses pais, e etc. e etc. numa cadeia (sem trocadilho, aqui cadeia é raro) sem fim -, a pergunta que mais fica latente, enquanto assistimos ao noticiário devastador, é: mas vem cá, como é que não se consegue terminar com a farra desses caras? 

Como é que sistemas conseguem fisgar e trancar e emperrar o pobre pequeno comerciante, ou microempresário, ou o autônomo, a ponto de ele se desesperar e fechar tudo ou mudar de rumo na vida, porque se fecharam todas as portas de crédito e negócios para ele? Por que a receita é tão hábil para jogar na malha fina e trancar a vida do funcionário público que erra um recibo de nada de valor irrisório numa declaração de imposto? Porque o condutor correto, quando não vê um radar móvel, tem tanto prejuízo e sua tanto para quitar suas coisas e prosseguir com seu carro e seu sustento? E por que o sistema é tão implacável com algumas coisas que só afetam a vida do sujeito e de mais ninguém, mas deixa essa bagunça mortal seguir livre, leve e solta provocando uma guerra eterna no Rio?

Qualé, Brasil? Tecnologia tem. Armas tem. Gente, de montão. Dá pra ver. O que falta para, pelo menos, minimizar essa desordem? Quantos anos já essa coisa não muda, só piora, e nada de concreto se faz? Ou está tão valioso assim o total de votos que esses grupos criminosos conseguem para certas pessoas? E outra, né gente. Vamos parar de se deixar levar em massa ao confronto entre nós mesmos por esses bandidos. Seja lá que bandidos forem.


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