Barão, RS: lições de humanismo e cidadania

Barão, RS: lições de humanismo e cidadania

Oscar Bessi

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Se a lógica brasileira, há muitos anos, induz a previsões pessimistas, como índices de violência cada vez mais altos e crimes absurdos se banalizando, volta e meia encontramos esses lugares onde se prova que o inverso também é possível. Feito Barão, a encantadora cidade que faz parte do Vale do Caí, mas tem todo o charme, e jeito, de seus vizinhos próximos, a Serra Gaúcha e o Vale dos Vinhedos. Tive a honra de ser convidado pelo prefeito Jefferson Schuster, sua equipe de Educação e Cultura, secretário Darlei e o poderoso Geovani, além dos sempre fantásticos e inquietos amigos do SESC RS, para ser o patrono da 25ª Feira do Livro e 18ª Feira da Cultura da cidade. Encontros plenos de energias positivas. Que aula, os baronenses me deram. Eis uma cidade coesa, preocupada com o amanhã e com a construção da cidadania firmada no fortalecimento da Educação, como tanto frisamos aqui na coluna, em seu mais amplo e poderoso conceito. Eis o meio mais eficaz de se prevenir a violência e plantar a esperança de uma sociedade sem medo. 


O tema da feira foi “Narrativas Vivas, Vozes Literárias e Culturais”. E os baronenses queriam saber mais sobre estas mais de três décadas lidando com segurança pública, no front da Brigada Militar, ou promovendo reflexões através dos livros e das colunas no Correio do Povo. Falando no nosso jornal, foi magnífico conhecer a “Amiga do livro”, escolhida nesta Feira: professora Dulce Calliari. Homenagem justíssima a uma mulher guerreira e fantástica, de uma vida dedicada ao magistério que, se não publicou livros, fomentou gerações de leitores com seu incentivo e entusiasmo. “O livro da minha vida tem 37.675 páginas, ou seja, 74 anos e 4 meses, mas ainda tenho muitas páginas em branco que vou preencher com momentos felizes”, ela nos disse. Uma educadora genial, eterna apaixonada pelo ofício de ensinar. Uma coincidência: era dona Dulce quem, com muito carinho, promovia a entrega do Correio do Povo na região, há alguns anos.


Pioneira gaúcha no ensino trilíngue (além do português, as crianças aprendem o Talian e o Hunsrick, dialetos dos colonizadores italianos e alemães), Barão tem nas atividades educacionais do contraturno escolar uma de suas grandes ferramentas para a construção da cidadania. Fiquei pasmo com o número elevado de artistas e músicos de tenra idade, além das manifestações e ações culturais do povo, incentivadas pelo poder público, caminhando em harmonia com o empreendedorismo e a força do trabalho local. Sou um admirador dos gestores públicos que têm coragem de não resumir a prevenção, ou mesmo o enfrentamento dos piores males da nossa sociedade, com respostas simples, paliativos efêmeros ou discursos ineficazes. A maior estratégia para se enfrentar a violência é fortalecer a educação.


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