Ensinando a dizer não

Ensinando a dizer não

Programa Educacional de Resistências às Drogas e à Violência (Proerd) emociona e incentiva crianças a dizer não aos narcóticos

Oscar Bessi

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O concordismo sempre foi a chave da submissão. O preceito mor das tiranias. Quem baixa a cabeça e aceita, perde o controle da própria vontade e entrega as rédeas da própria vida. E é de uma sacada fantástica a letra da Canção do Programa Educacional de Resistências às Drogas e à Violência (Proerd), quando diz à criançada: “E para manter-se na salvo/ É preciso dizer não/ Cultivando o amor-próprio/ Controlando a tensão/ Pensando nas consequências/ Resistindo à pressão/ Como amar a própria vida/ E às drogas dizer não? Quem lhe ensina é um amigo/ Mas é sua decisão”.

Amor-próprio, saber dizer não. Mas a decisão é de cada um. Esta é a mensagem. Cada policial militar, cada brigadiano e brigadiana deste Estado que entra em uma sala de aula, fala sobre respeito ao outro, reações a comportamentos agressivos, o valor da amizade e do diálogo. Fala sobre cada umas das drogas lícitas e ilícitas e seus males. Mas ensina, fundamentalmente, a criança a dizer não a tudo que a cerca. E dizer sim para a própria vida, para a paz e para os seus melhores sonhos. Que todos estamos aqui para sermos felizes, mesmo que estejamos mergulhados em situações ou realidade horríveis das quais parece que nunca conseguiremos sair.

Vivemos sob uma tirania invisível. Ela massacra mentes, principalmente em formação, com consumismo, imediatismo, exibicionismo, individualismo, egoísmo, desrespeito e ausência de humanidade. Enfrentar tudo isto e oferecer uma perspectiva melhor aos nossos filhos é o maior desafio de pais e educadores. Ensinar a dizer não ao que é nocivo, mas é mais fácil ou está na moda, e dizer sim ao conhecimento, parece cada vez mais complicado e hercúleo. As drogas são muitas. As violências são diversas, ao ser humano e à natureza. A vida parece banal e fútil. A baboseira, e o desrespeito, há quem chame até de arte. Difícil. A liberdade de expressão é uma joia rara, mas em mãos erradas pode se tornar uma arma. Vide as redes sociais e seus absurdos.

Vi meu menino, esta semana, ao lado de outras centenas de crianças vibrando com o Leão do Proerd, cantando e dançando com energia ao lado de policiais militares. Dizendo não. Bem alto. Às drogas e à violência. Presente que recebo nos 25 anos de Proerd no Estado. Um pai na arquibancada, ao meu lado, com os olhos úmidos me disse: “que essas lições durem, mas até quando a gente consegue mantê-los do nosso lado, entendendo e aceitando o nosso amor?”. É a preocupação de pais que amam. As forças do mal são gigantes. E, para lucrar, seduzem jovens naturalmente inquietos, ávidos de vida e cheios de incertezas, nessas coisas naturais da idade. O que nos resta é aproveitar esses ensinamentos e fazer valer dentro de casa. A maior autoridade da vida é o exemplo. E com confiança, respeito, amor, dedicação de tempo e atenção verdadeira e muita transparência, eu sou dos que acreditam nesta vitória.


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