Fogos de artifício sem barulho: o crime e a causa humanitária

Fogos de artifício sem barulho: o crime e a causa humanitária

Não soltar fogos de artifício com estampido é uma ação de respeito a idosos, crianças, recém-nascidos e pets

Oscar Bessi

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Quem conhece os grandes nomes da música gaúcha contemporânea certamente conhece o trabalho, e a personalidade marcante, dos meus amigos Mimmo Ferreira e Carolinne Caramão. Arte Educadores, é um casal, para além da sua genialidade musical premiadíssima, de militantes pela vida. E por este universo necessário de questões humanitárias que temos o mau costume de deixar em segundo (ou último) plano, quando não, mera e sumariamente, esquecer ou desprezar em nome do imediatismo, da superficialidade ou do egoísmo puro e simples. Eles que me alertaram sobre a importância de falarmos sobre fogos de artifício com estampido nestas comemorações de final de ano. Mimmo e Carolinne iniciaram uma campanha que já repercute nas redes, na qual tive o privilégio de contribuir com um vídeo, unindo meu grão de areia à construção de uma nova realidade. De respeito, saúde e paz. Pedindo consciência e um não aos fogos de artifício com estampido. Pedindo que a comunidade entenda, respeite, não se cale e denuncie aqueles que insistem em desrespeitar as regras e os seus semelhantes.

Convenhamos: era para ser o óbvio. Um pingo de educação e respeito e qualquer um pensaria no outro, e no que o cerca, antes de fazer qualquer coisa. Mas não. Os exageros se repetem. E as leis endurecem, porque a educação não adiantou de nada, e ainda assim prosseguem os problemas. Os estouros dos fogos de artifício em datas comemorativas já tiveram seus malefícios tão divulgados, que insistir nesta prática chega a ser um atestado explícito de estupidez. De mau-caratismo. Ou da vontade de agredir típica dos sociopatas. Poxa, basta pensar um pouco e todos, até os que têm alguma dificuldade de raciocínio, entenderão que o som dessa artilharia faz mal demais aos autistas, aos idosos, aos enfermos, aos recém-nascidos. E aos animais, então, que podem colapsar, ter até mesmo ataques cardíacos, como os cães, só pelo efeito dos estrondos. Qual a necessidade de provocar todo esse mal? O que um ano novo poderá trazer de bom a pessoas que já começam, no seu primeiro minuto, agredindo o próximo?

É um momento de extravasar, sim. É um momento de soltar a voz e a tensão que se acumulou no peito por 365 dias. É o momento de querer, com todas as forças, dias melhores. Mas tudo isto só acontecerá, a pleno, se for um brado de paz e respeito. De solidariedade e consideração. Vamos celebrar, sim, e com energia. Mas a energia boa da música, do olhar sincero e sem ódio, do amor pleno em um abraço, um beijo, um afago. Ou um mero gesto de respeito ao outro. Vamos começar bem, o novo ano, vamos começar em paz. E denunciar, se alguém próximo de nós ignorar essas regras, que hoje são leis. E geram consequências, punições. Sem medo. Porque é na denúncia e na ação contra o que é errado, que o correto se fortalece. É na voz persistente das causas humanitárias que a truculência e o egoísmo esmorecem. E é na multiplicação dos gestos de amor, que o ódio desaparece. Vamos todos juntos dar as mãos por um Ano-Novo saudado com fogos sem barulho. Que sejam coloridos e lindos, mas que não afetem, com seus estouros, humanos e animais. Vidas. Precisamos muito de dias de paz. De respeito. De esperança. E o primeiro passo é sempre nosso.


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