Pra não dizer que não falei de flores
publicidade
Leandro de Oliveira Lopes era um moço de apenas 30 anos. Recém formado como inspetor pela Academia de Polícia, trazia na bagagem a experiência de ter sido policial militar. E dos bons. Segundo seus colegas de trabalho, um daqueles sujeitos retilíneos, sérios, dedicados, apaixonados pelo ofício de ajudar e proteger o próximo. Ele deixa esposa e uma filhinha de apenas sete meses que não terá a chance de conhecer, quando chegar a idade de sua formação, os belos exemplos de conduta e humanidade desse grande homem que foi seu pai. A gente sabe que o risco de vida faz parte da rotina de alguns ofícios, especialmente, e talvez mais do que qualquer outra aqui no Brasil, a profissão policial. Mas ninguém sai de casa para, no cumprimento do dever, perder a vida. Não era pra assim. Não era pra ser uma guerra.
E aí vem questionamento que volta e meia incomoda. Para quem tantos criminosos, todos os dias, vendem essa quantidade absurda de droga que financia tanta arma, tanta violência e sustenta estruturas gigantes desse elevado número de facções, dentro e fora dos presídios, dentro e fora dos poderes? Quem leva vantagem com esses lucros, essas mortes, esses canhões de todos os calibres que matam flores todo santo dia ao nosso redor? Pois é isso. Policiais morrem porque criminosos conseguem ter fuzil e tudo mais graças a uns e outros que, bem pertinho da gente, só pensam no seu prazer. E o seu prazer financia isto. Todos os dias policiais enfrentam confrontos armados neste país. A maioria deles, mesmo contra tudo e todos, com salários injustos e condições adversas, vão lá e encaram a morte, todo santo dia, em nome de um ideal ou de uma esperança. Como se enxugassem gelo. Triste, mas é o que cantam as flores em lágrimas a cada nova morte anunciada: infelizmente, e cada vez mais, vemos anjos morrendo em combate.