Redes sociais

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Responsabilidade e mídia


Quando os dias inspiram polêmicas, e essas polêmicas têm a capacidade de dividir o povo como se inimigos fossem, eis que surgem os malabaristas da opinião. Se o objetivo de certos líderes públicos fosse mesmo zelar pelo bem do coletivo, eles mediriam palavras, calculariam efeitos, não incentivariam agressões e jamais se arriscariam num ato de irresponsabilidade. Porque os reflexos são múltiplos e perigosos. Que a necessidade de aparecer é, por si só, irresponsável. E olhar exclusivamente para o umbigo é negar a janela que mostra todo o universo fora dele.


Esta semana, confesso que me concentrei mais na bela arrancada do meu Xavante no Gauchão do que nos debates políticos. É um contexto de resultados esperados e argumentos repetidos que não me chama a atenção. Porém, recebi através de redes sociais uma foto, atribuída a uma figura parlamentar, onde ela mostra um PM em abordagem a ônibus e, no texto explicativo da imagem, relaciona a presença deste policial a uma violação de direitos humanos, desrespeito a princípios constitucionais e constrangimento à liberdade de participação política.


Quando vi, imaginei ser mais um desses “memes” que inundam a internet todos os dias, distorcendo ou rindo da realidade. Porque não creio que um legislador possa demonstrar tão pouco conhecimento sobre atribuições institucionais. Tá, alguns legisladores brasileiros são capazes de tudo, até de não saber o que deveriam por ofício. Outros seriam capazes até mesmo de aproveitar um gesto rotineiro e natural para, numa distorção deliberada, transformá-lo em discurso apelativo que instigue paixões ou ódios. Ou só para chamar a atenção, mesmo. O que é uma pena. Mas também é coisa do ser humano, ser egoísta vez ou outra.


Em qualquer país do mundo, um evento que reúna grande concentração popular é problema de segurança pública. O coletivo precisa ser protegido da ação de um indivíduo, ou grupo que, de forma isolada, queira aproveitar o momento para cometer atentados contra a vida, a democracia e a liberdade. Há policiamento ostensivo nos jogos de futebol – e tanto se pede para que sempre haja, e intenso, em todos os eventos! - com revistas nos ônibus e torcidas organizadas no entorno dos estádios. Pra impedir que torçam ou que aconteça o jogo? Não. Justamente o contrário: para garantir o espetáculo, a liberdade e a diversão. Assim como nos shows. Em eventos populares. E nas manifestações. A revista nos ônibus, desse ou daquele matiz político, era justamente para garantir a liberdade de manifestação e impedir que criminosos transformassem, esse ato cidadão, no palco de sua guerra particular. Qualquer cidadão sabe disso e pede isso. Todos querem segurança. Creio que parlamentares, mesmo que não estejam vulneráveis feito nós, também querem.


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