Soldado Casani: coragem e ressurreição

Soldado Casani: coragem e ressurreição

Mas se Casani é um herói é pela sua decisão de ser herói. Por sua coragem

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A Páscoa sempre nos traz reflexões sobre ressurreição. E tudo o que isto pode significar em termos religiosos, poéticos ou metafóricos. Independente da ótica que emprestarmos ao tema, a palavra sempre nos remeterá a uma nova chance. Um recomeço. Eu fui ver o vídeo da ocorrência da madrugada de 23 de março, em que um criminoso atira várias vezes, de forma brutal e covarde, à queima-roupa contra o Soldado Casani, nas redes sociais do Coronel Feoli. O comandante-geral da Brigada Militar postou o que aconteceu em Gravataí e fez questão de deixar bem claro o que ele, e a esmagadora maioria da sociedade gaúcha, pensa sobre quem são os verdadeiros heróis deste mundo atual. Casani é um desses heróis. E, como podem ver nas imagens, ele nasceu de novo.

Quem vê a cena se assusta. O criminoso mal espera o policial na moto chegar perto dele, vira de frente e atira imediatamente, sem pretender qualquer diálogo. Tenta executar a sangue-frio o soldado da Brigada. Sua decisão é matar o policial. Que, não por acaso, mas sim por estar preparado para o confronto, tem um colete que o protege dos dois tiros certeiros disparados no peito – um deles exatamente na altura do coração. “Ainda tô vivo, segui atirando”, conta Casani, convidado de honra no gabinete do Comando da BM. Baleado na perna, ele é socorrido pelos colegas de serviço, que usam de forma rápida seus equipamentos e treinamento de Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Casani foi salvo. Por sua técnica, por seu preparo, pelos equipamentos e treinamentos da BM e pelo preparo dos colegas daquele turno. Mas se Casani é um herói é pela sua decisão de ser herói. Por sua coragem. Por sua fidelidade ao juramento que fez à sociedade gaúcha. Por seus valores éticos e morais inabaláveis que o tornaram um excelente soldado da Brigada.

Em conversa informal, meu amigo Caneppele, da Comunicação Social da BM, se emociona ao falar do “irmão” de 17° BPM. Jovens e formados na mesma época, chegaram juntos no batalhão de Gravataí em 2021. Querido por todos os colegas, Casani é o tipo de profissional discreto, centrado, estudioso, técnico. Policial exemplar. Aquele amigo para todas as horas e parceiro para qualquer batalha. Um pai de família atencioso. Nada disso, nem o valor do seu caráter ou a luz que emana de sua presença, contou para aquela arma criminosa e sem escrúpulos, com sede de morte. O que contou foi sua garra e determinação para cumprir a missão. O seu preparo. Mesmo caído, mesmo achando que poderia morrer, ele não parou de agir e reagir. Assim são os heróis. Os verdadeiros heróis. Como todos os policiais que enfrentam situações semelhantes, todos os dias, o dia todo, em todo o nosso Estado. Casani nasceu de novo, é verdade. Ainda bem. Sua família agradece. Nós, que o admiramos, agradecemos. E a sociedade gaúcha também.


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