Cresce a lenda de Carlos Sainz no Dakar, com tetracampeonato e título inédito para a Audi
Espanhol de 61 anos segurou ataques de Loeb e Al-Atiiyah; brasileiro Lucas Moraes perdeu pódio por quebra no fim
publicidade
Uma lenda do automobilismo virou ainda mais lenda nesta sexta-feira. O espanhol Carlos Sainz chegou ao quarto título do Rally Dakar, com direito a feito inédito: ao lado do navegador Lucas Cruz, se tornou o primeiro campeão da prova a bordo de um carro elétrico, o híbrido Audi RS Q e-tron. O Dakar 2024 percorreu 7.891km na Arábia Saudita, com 4.692km de especiais e mais de 700 inscritos.
"El Matador", como é conhecido, dominou os adversários com uma consistência quase cibernética, tecnológica como o Audi que conduziu sobre as pedras e dunas da Arábia Saudita. Não ganhou nenhuma das 12 etapas da competição, mas se manteve a maior parte do tempo entre os 5 melhores e administrou furos de pneus e pequenas falhas eletrônicas e de navegação para despontar como o grande vencedor.
Seus principais rivais Nasser Al-Attiyah e Sebastien Loeb, com os buggie Prodrive empilharam cinco 1ºs lugares, mas acabaram enfrentando problemas e punições que os tiraram do páreo. Loeb ainda tentou um ataque final, mas na penúltima etapa ficou empacado nas areias, perdeu uma hora e acabou em terceiro. Sainz cruzou com 1h20min25s de vantagem para o belga Guillaume de Mévius no acumulado do Dakar, tendo completado 48h15min no total do percurso.
Nas motos, o norte-americano Ricky Brabec chegou ao segundo título com sua Honda CRF450; 10 minutos à frente de Ross Branch, de Botsuana. Na Challenger T3, Cristina Gutiérrez deixou sua marca, como primeira mulher a vencer em alguma classe do Dakar desde a alemã Jutta Kleinschmidt, vencedora no geral em 2001.
Brasil no Dakar
Com 17 representantes, divididos em duplas ou com parceiro estrangeiro, os competidores do Brasil venceram oito especiais nas quatro categorias que disputaram. Na categoria Carros, o país contou com três veículos.
A grande expectativa estava com Lucas Moraes, que estreava como piloto de uma equipe grande e retornava à prova depois de conquistar o primeiro pódio da história para o Brasil, em 2023. Agora com o navegador espanhol Armand Monleón, Moraes venceu a terceira especial e ocupou o terceiro lugar na classificação geral durante quatro dias. No penúltimo dia, quando já passava à vice-liderança, uma quebra da suspensão nos quilômetros finais tirou-lhe a chance do segundo pódio consecutivo.
O país foi mais numeroso na categoria UTV T3, na qual a dupla Marcelo Gastaldi e Cadu Sachs chegou forte, vencendo a 10ª e a 12ª especiais e terminando em sétimo ao final dos 4.692 km de corrida. Com o quinto lugar, outro destaque foi o navegador Gustavo Gugelmin, que correu novamente em parceria com o piloto norte-americano Austin Jones. A vitória na primeira especial passou perto: Gugelmin e Jones chegaram em segundo.
A UTV T4 ofereceu momentos de emoção variada. Rodrigo Varela, e o navegador Enio Bozzano Junior venceram a primeira especial e ocuparam as primeiras posições até a quebra do carro, na sexta especial, o que os obrigou a passar duas noites isolados no deserto, racionando água e comida.
Na mesma categoria, o Brasil teve um competidor eficiente em Cristiano Batista, que formou dupla com o navegador espanhol Fausto Mora. O duo venceu a nona especial e, assim como Varela/Bozzano, figurou entre os principais nomes durante praticamente todos os dias.
O maranhense Marcelo Medeiros foi um nome dominante na categoria Quadriciclos. Vencedor da primeira, segunda e quinta especiais, ele ocupou a liderança da classificação geral e parecia caminhar para o título até sofrer um acidente na sétima especial.