Fórmula 1 aposta no retorno do "carro-asa" para melhorar disputas em 2021

Fórmula 1 aposta no retorno do "carro-asa" para melhorar disputas em 2021

Categoria finalmente acerta a mão com novas regras que permitirão carros seguirem de perto e tentar mais ultrapassagens

Bernardo Bercht

Esboços dos novos carros mostram linhas limpas e grandes túneis para efeito-solo

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Vamos falar de efeito solo. Funcionou para a Fórmula Indy, tornou a agora extinta World Series by Renault concorrente direta da GP2. Depois de apostar ano após ano no conceito aerodinâmico fundado lá nos anos 2000; e que transformou a ultrapassagem numa arte obscura - e dependendo da pista quase inexistente - a Fórmula 1 finalmente viu a luz. A categoria apresentou, nesta quarta-feira, como devem ser os novos carros a partir de 2021. A resposta será uma revisão do carro-asa dos anos 80, o que permitirá disputas muito mais próximas entre os pilotos.

Desde 1990 a categoria sabe que, quanto maior o downforce produzido pela área superior do carro - aerofólios, aletas, defletores -, mais turbulência é atirada em cima do carro de trás. Este, vê suas asinhas perderem as funções e começa a, na melhor das hipóteses, sair de frente e reduzir velocidade. Na pior, descontrole total, pé no freio e sorte se não sair da pista. Isso coibiu as brigas diretas por posição e reforçou a tática que não faz lá um grande espetáculo esportivo.

Nos anos 80, ao contrário, os carros produziam quantidades obscenas de pressão aerodinâmica com o efeito-solo e, ainda assim, podiam usar o vácuo do da frente para passar. A tecnologia foi banida por conta das velocidades perigosas que geravam, para os carros construídos em chassis tubulares. Vieram os fundos planos obrigatórios Só que a Fórmula 1 descobriu a fibra de carbono há décadas, tornou seus bólidos nos equipamentos mais seguros sobre quatro rodas e, ainda assim, evitava aquela que pode ser a melhor solução já proposta.

O carro-asa tem partes inferiores ocas, ou em curvas, buscando o formato de asa invertida que suga o chassis para o asfalto, aumentando a aderência. As vantagens são basicamente todas... O downforce na parte inferior não gera aquele ar sujo que perturba o carro que segue atrás. Além disso, mesmo quando pega turbulência, o carro não é tão dependente da qualidade do ar que chega na asa dianteira. O efeito de sucção sob o chassis ocorre mesmo sob influência do vácuo da frente. 

De acordo com os cálculos da FIA, os carros atuais podem perder até 45% da pressão aerodinâmica quando está a dois carros de distância do adversário, dependendo da pista. Com o efeito-solo, isso deve cair para no máximo 10%. Claro que, para evitar aquelas "caixas quadradas" dos anos 80, as novas regras preveem um assoalho "semiplano", com os túneis "venturi" começando onde hoje são os defletores dianteiros e seguindo para uma área achatada (mas ainda oca) sob o carro. Depois, o ar segue para um grande difusor duplo. Sim, exatamente aquele "truque" que a Brawn GP utilizou para patrolar a concorrência em 2009. Os aerofólios serão altamente simplificados, muito mais com a função de equilibrar o carro e controlar o fluxo de ar para o efeito-solo. As rodas terão calotas defletoras e os dutos de freio serão padronizados.

Entre outras mudanças importantes, que devem ampliar a competitividade, está a restrição da telemetria entre carro e boxes na corrida. Os pneus Pirelli,que terão 18 polegadas, também deverão atender a exigências maiores, com menos degradação e melhor controle de temperatura. Por fim, o reabastecimento pode dar suas caras, permitindo aos pilotos acelerar mais com carros leves e apimentando os elementos estratégicos.

 


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