Ferrari segue à frente nos testes da F1 e Mercedes busca soluções para o "porpoising"

Ferrari segue à frente nos testes da F1 e Mercedes busca soluções para o "porpoising"

Hamilton teve dia complicado em busca de um acerto para mitigar "corcoveios" do efeito solo em Barcelona

Bernardo Bercht

Leclerc foi o mais veloz da quinta-feira

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Dois tópicos dominaram a quinta-feira de testes da Fórmula 1 em Barcelona. Nos bastidores, a invasão da Ucrânia; na pista, o "porpoising" (ou como já batizamos por aqui, corcoveio). A primeira questão coloca em cheque a realização do GP da Rússia e ainda a viabilidade financeira da equipe Haas F1 - que já anunciou que testará toda de branco sem as cores do apoiador da  terra de Putin. O segundo está dando muita dor de cabeça para os engenheiros e, por enquanto, dando chance para duas velhas gigantes mostrarem força na pré-temporada.

A Ferrari voltou a ser a melhor do dia, com Charles Leclerc cravando 1min19s689 a bordo do F1-75. Juntos  ele e Carlos Sainz completaram 150 voltas sem problemas dignos de nota e com um carro claramente veloz em várias configurações. A McLaren, que tem até agora a volta mais rápida da semana, seguiu de perto com Daniel Ricciardo amealhando 126 passagens completas e com boa quantidade de combustível. Pierre Gasly dividiu as grandonas com a AlphaTauri, mas com o pneu mais macio e menos gasolina no tanque. Ainda assim, foi um ótimo dia para a turma de Faenza, totalizando 147 voltas.

Fato é que, mesmo rápidas, Ferrari e McLaren não estão escapando do porpoising. A F1, inclusive, divulgou um vídeo que mostra claramente o corcoveio do carro de Leclerc no meio da reta. A diferença é que, ainda que atrapalhe os pilotos, o porpoising nestes dois carros não está comprometendo totalmente a performance. Sainz, contudo, falou que por conta da forma como gera performance, o carro de efeito solo está muito sensível às mudanças de peso. "Qualquer quantidade de combustível pode fazer a gente ser até três segundos mais lentos", ponderou. O peso, afinal, altera a altura do carro e prejudica a geração de downforce no assoalho.

Quem não está curtindo o corcoveio até aqui é a Mercedes com seu W13. A instabilidade do carro era tal, pela manhã, que Lewis Hamilton tinha que tirar o pé do acelerador na reta para evitar perder o controle. O time endureceu a suspensão, mas daí o carro ficou difícil de guiar nas freadas, levando a várias fritadas de pneu. Veio a decisão de recolher para a garagem com 40 voltas e fazer alterações para a tarde.

George Russell voltou, inclusive com um novo assoalho, e sentiu o W13 um pouco melhor para marcar o quarto tempo e totalizar  66 voltas. Ainda assim, ele vê "o time laranja e o time vermelho" à frente dos prateados e dos demais nessa arrancada. A gente já sabe, porém, que os alemães recuperam o prejuízo bem rápido, como foi em 2021.

Os jornalistas em Barcelona indicam que dois carros apresentam menos porpoising que os demais, um deles é a Red Bull. O problema da turma do campeão mundial, contudo, é com superaquecimento no seu pacote aerodinâmico muito agressivo. Sérgio Perez gerou a primeira bandeira vermelha dos testes ao parar no traçado com o câmbio superaquecido. Foi a primeira vez que o time ia tentar liberar potência plena do motor e acabou tendo que participar do resto do dia com potência limitada no propulsor Honda. O mexicano ainda foi sétimo, com 78 voltas completas.

O outro carro que não mostra quase "corcoveios" é o A522 da Alpine. Esteban Ocon talvez pudesse dar 200 voltas no dia, sempre com tanque cheio e pneus duros ou médios. Não o fez por conta da quebra de um selo do assoalho que deixou o time uma hora nos pits. Ele ainda voltou, para melhorar um pouco seu tempo. Só que os franceses ainda não mostraram do que é capaz o novíssimo motor Renault e também estão com um problema eletrônico que impede de acionar a asa móvel.

Com isso, foram apenas o 14º lugar e ainda não temos ideia de onde se encontrar no quesito performance. Ao menos o motor, com instalação totalmente diferente da versão anterior, aguentou firme os dois dias.

Williams e Aston Martin tiveram bons dias, sem grandes crises. Os times britânicos parecem prometer uma bela briga no meio do pelotão com a já citada AlphaTauri. Sebastian Vettel fez a sexta melhor marca, enquanto Alex Albon foi o nono para a Williams.

Na briga do fundão, Guang Zhou conseguiu dar um dia um pouco melhor para a Alfa Romeo com o décimo tempo e 71 voltas. O time está às voltas com uma peça não divulgada que insiste em quebrar, mas fez uma adaptação que, se não segurou com Valtteri Bottas (apenas 21 voltas), permitiu ao chinês ganhar alguma quilometragem para seu ano de estreia. Por fim, Mick Schumacher e Nikita Mazepin conseguiram superar a marca de 100 voltas para a Haas, o russo anotando o oitavo tempo numa volta mais solta, em termos de combustível.

Confira os tempos e voltas completadas

1. Leclerc (Ferrari) 1m19.689s, C3, 79 voltas
2. Gasly (AlphaTauri) 1m19.918s, C4, 147 voltas
3. Ricciardo (McLaren) 1m20.288s, C4, 126 voltas
4. Russell (Mercedes)1m20.537s, C3, 66 voltas
5. Sainz (Ferrari) 1m20.546s, C3, 71 voltas
6. Vettel (Aston Martin) 1m20.784s, C3, 74 voltas
7. Perez (Red Bull) 1m21.430s, C2, 78 voltas
8. Mazepin (Haas) 1m21.512s, C3, 42 voltas
9. Albon (Williams) 1m21.531s, C3, 47 voltas
10. Zhou (Alfa Romeo) 1m21.885s, C3, 71 voltas
11. Latifi (Williams) 1m21.894s, C3, 61 voltas
12. Stroll (Aston Martin) 1m21.920s, C2, 55 voltas
13. Schumacher (Haas) 1m21.949s, C3, 66 voltas
14. Ocon (Alpine) 1m22.164s, C3, 125 voltas
15. Bottas (Alfa Romeo) 1m22.288s, C3, 21 voltas
16. Hamilton (Mercedes) 1m22.562s, C2, 40 voltas


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