FGA contraria pilotos, impõe lastro no Marcas RS e gera polêmica
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A Federação Gaúcha de Automobilismo (FGA) contrariou uma quase unanimidade dos pilotos e implementou em meio ao campeonato a regra paliativa do "troféu bigorna" no Marcas & Pilotos RS. Agora sob o nome aparentemente positivo de "lastro de sucesso", quer obrigar os três primeiros colocados da prova anterior a colocarem 50kg, 40kg e 30kg em seus carros numa suposta fórmula para equilibrar o campeonato.
O principal argumento é "emparelhar as disputas" e garantir provas com emoção. Na reunião do Marcas RS de quarta-feira, a argumentação da FGA chegou a dizer que a corrida de Guaporé foi "sem emoção". Pois então o PitLane assistiu a uma corrida diferente na Serra Gaúcha que, apesar da fantástica e polarizada luta entre Ford Ka #3 e GM Celta #6 pela liderança, em todo o grid ocorreram belas manobras e trocas de posição sem que os carros espalhassem com grande vantagem na pista. Sem falar que vimos as quatro marcas figurarem no mesmo segundo no treino de classificação e ocuparem o top five do grid.
Nesta quinta-feira, o blog não conseguiu entrar em contato com os responsáveis pelo regulamento da FGA, pois foi informado que estão viajando em compromissos com o automobilismo nacional. Falamos, contudo, com muitos pilotos. Para ser exato na contagem, 20 competidores foram questionados sobre a mudança de regulamento no meio da temporada e a resposta unânime foi: "Sou contra".
Fernando Jr., dos Celtas #98 e #6 elencou diversos argumentos para a não utilização dos pesos. "Sou contra mudar regulamento no meio da temporada sempre e essa mudança, pior ainda", frisou. "Só nos prejudica, pois gasta mais pneu e combustível. Se tiver um acidente, pode voar bigorna na cabeça de alguém e este era um dos principais argumentos para não usar peso este ano", salientou.
"Fomos para a federação banir e agora os caras voltam atrás?", questionou Fernando Jr. Ele acrescentou que o "timing" da nova regra piorou ainda mais a atmosfera da categoria e de certa forma prejudica a organização da prova em Santa Cruz do Sul, que já provocava polêmica.
Luiz Sérgio Sena Jr. do VW Gol #197 foi taxativo também. "Acaba com o carro e é perigoso para o piloto! Não são eles que dirigem, deve ser por isso", protestou o competidor, que por sinal seria um dos primeiros beneficiados pela "punição" aos vencedores, já que andou o ano todo próximo exatamente do Ka #3 e do Celta #6/#98. "Prejudica quem trabalha e acelera mais e fica fácila para o "Jonelson" que não trabalha no carro sentar e andar mais perto", continuou Luiz Sérgio. "No ano passado botamos o peso em um carro novo e quebrou todo", definiu.
O piloto da categoria Novatos, Thiago Silva, também ficou descontente com as mudanças sem aviso no seu primeiro ano completo de disputa. "Votamos no começo da temporada, nos ouviram e acataram. Agora muda tudo de uma vez", salientou. Vale lembrar que, a votação na primeira etapa, a do Velopark, teve vitória do fim do lastro por 26 votos de um total de 29 votantes no briefing da categoria.
De acordo com o atual líder do campeonato e coordenador da categoria Rafael Cohen, os pilotos mostraram união sobre o tema na reunião de quarta. "É possível até imaginar que esta regra dos pesos beneficia a mim e à dupla Fernando Jr./Moroni pois tivemos a possibilidade de correr três provas sem penalidade e abrir vantagem nos pontos", avaliou. "Agora, quem conseguir vencer corridas, como o Guga Gama, o Rafael Biancini e o Luiz Carlos Ribeiro, que tem muitas chances por exemplo, vai receber o lastro e não vai conseguir acumular bons resultados seguidos", criticou Cohen.
"Criou-se um cenário desigual e que tira o esporte do campeonato", sublinhou o piloto. "Automobilismo é para quem trabalha e pilota melhor se sobressair e agora tiraram isso novamente", ponderou."Estamos pressionando para os líderes das quatro Marcas terem uma reunião com a FGA e conversarmos para reverter isso aí", projetou Cohen.
O parceiro de Fernando Jr. nas três primeiras etapas, Luiz Clemente Moroni, também afirmou ser contrário à punição aos vencedores, mas reconheceu os poderes da FGA para tomar a decisão. "Sou contra o lastro, mas acredito que a federação tem pleno poder para interferir no regulamento desportivo, pois somos filiados a essa federação e estamos em um campeonato gerido por ela", avaliou. "Não podemos também ir atrás de alguns demagogos que querem tirar vantagem política sobre uma decisão que sempre gera polêmica", alertou Moroni.