Mercedes evita ideias mirabolantes e mostra W13 com refinamento extremo das novas regras da F1

Mercedes evita ideias mirabolantes e mostra W13 com refinamento extremo das novas regras da F1

Carro para Hamilton tentar o octa busca o chamado "downforce" útil e um comportamento neutro na aerodinâmica

Bernardo Bercht

Retomada das cores clássicas e aposta na otimização

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A Flecha de Prata voltou! A questão agora é, a campeã voltou? A Mercedes apresentou seu carro, o W13 nesta sexta-feira, e o projetista James Allison trouxe um conjunto extremamente refinado e com algumas ideias interessantes, mas longe da ousadia mostrada principalmente por Ferrari, mas também por Aston Martin e Williams.

O projeto busca fazer tudo que é proposto no novo regulamento funcionar melhor que todas as propostas dos outros até aqui, mas sem chegar no limite das regras em nenhum ponto específico. Por conta disso, Allison já apostou numa asa dianteira convencional, com bom ângulo de ataque e com a carga de downforce centralizada. A ideia, como vimos na McLaren, é compensar a tendência dos novos carros de efeito solo em sair de traseira.

O nariz é limpo e estreito e é possível ver uma quase obsessão por limpar o ar a partir do aerofólio para os dutos de venturi que seguem para o assoalho, onde o precioso downforce será gerado em maior quantidade. Ao menos no carro da apresentação, a Mercedes abdicou de toda aquela complexidade nos famosos ailerons/defletores laterais.

Chegamos, então, à linha central, e o W13 tem entradas arredondadas usuais e de dimensões razoáveis. Mas a carenagem lateral em si sofreu uma regime que nenhuma das adversárias conseguiu até então. A nova Flecha de Prata tem sobra de assoalho até mesmo na primeira linha de ataque das laterais, com todo segmento superior do "chão" exposto para gerar pressão aerodinâmica. Com pouco terreno para coordenar os fluxos ali em cima, o retrovisor ganhou uma aleta incorporada que direciona ar para longe das rodas traseiras e para o aerofólio traseiro. O santantônio é bastante convencional, praticamente importado do carro de 2021 para alimentar motor, câmbio e demais necessidades de refrigeração e alimentação.

Nas laterais, é possível ver uma evolução do assoalho "ondulado" do ano passado. O elemento é todo esculpido com a intenção de aumentar a sucção para cima e acelerar o movimento do ar, intensificando o efeito solo. Claramente Allison buscou o famoso downforce utilizável ao invés de buscar o máximo de pressão aerodinâmica. A Mercedes tenta evitar a todo custo um carro dianteiro, mesmo que tenha que sacrificar a aderência máxima.

Por fim, na traseira, ainda segue a filosofia da garrafa de Coca-Cola extrema, com uma área quase mínima de carenagem para abrigar motor e demais componentes híbridos. Foi o caminho escolhido pela McLaren, convencional para os últimos anos, mas que ajuda bastante na eliminação de arrasto, potencializando a velocidade em reta.

Além disso, libera caminho para a asa traseira. Neste quesito, a Mercedes mostrou um aerofólio já bem mais evoluído que as rivais, com um formato em onda dupla bem mais agressivo e com mais opções de regulagens para adaptar o carro aos diversos circuitos.

O W13 não inventa em seus caminhos, mas mostra uma maturidade nas linhas bem maior que alguns dos outros projetos. Agora, é na pista que saberemos se Lewis Hamilton terá carro para enfim chegar ao octa e se George Russell poderá conhecer as vitórias.


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