Piloto de testes dos novos carros projeta Stock Car "mais desafiadora e com mais disputas"

Piloto de testes dos novos carros projeta Stock Car "mais desafiadora e com mais disputas"

Vitor Genz foi responsável por desenvolver e equilibrar os "Stockões" de GM e Toyota para a estreia

Bernardo Bercht

Piloto gaúcho foi escolhido para desenvolver novos carros

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A Stock Car começa uma nova era em 2020, deixa de ser monomarca e traz dois carros novos para duelarem pela supremacia do automobilismo nacional. Está todo mundo curioso para saber como cada um dos monstros - GM Cruz e Toyota Corolla - se comporta e o PitLane conversou com o cara que teve a missão de testar e equilibrar as feras, o piloto Vitor Genz. Sua avaliação: "São carros muito prazerosos de guiar, mais difíceis no limite e a gente vai ter muito mais ultrapassagens". Dia 29 de março, a Corrida de Duplas da categoria vai abrir os trabalhos e resolver os mistérios.

Fica nítida a primeira grande diferença do novo Stock para o antigo. Agora são carros "de verdade", não mais aquelas geringonças grandalhonas e tubulares cheias de apêndices aerodinâmicos. "Para quem está acostumado com a Stock antiga, agora é um veículo quatro portas e que abre as portas, todas as quatro", brincou Genz. "Para mexer no motor, abre o capô, não sai toda a frente. Agora é lataria, não é mais fibra. Uma ou outra peça é de fibra para baixar custo e peso", explica o piloto.

Apesar do pedigree "de rua", o Stockão vai manter os mesmos critérios de segurança para os pilotos. "A base de chassis ainda é tubular de competição, para garantir a integridade numa batida. Ao invés de colocar o santantônio, aquela armação de tubos, agora é uma carroceria, com lataria do tamanho exato para caber no chassis de corrida", detalha o testador oficial da Stock.

O novo Stock é um carro menor que seu antecessor, o que deve ajudar na competitividade das corridas. "O chassis foi cortado no meio em relação ao da Stock antiga e refeito, para ter o tamanho certo. Agora, o entre-eixos é menor", comenta Genz. "No carro mais curto, a mudança é significativa e fica melhor em curvas de baixa, um pouco pior nas de alta", avalia o piloto.

Ele frizou que as diferenças de carroceria serão poucas, mas ainda podem influenciar. "A principal entre as duas marcas é a grade dianteira e a posição dos radiadores. Isso pode dar mais arrasto, levar mais ar para o motor etc." Debaixo do capô, contudo, aí é que a briga fica interessante. "O principal, que vai dar muito pano para manga, é que os motores são diferentes", pondera Genz. "Os dois são V8, com uma curva de potência praticamente idêntica entre Toyota e GM. A JL é quem fornece os motores, que são entregues por sorteio. Fizeram um grande trabalho para deixar os motores iguais. Mas na pista, em velocidade, é que a gente vai ver..."

Como piloto, Genz acredita que a galera vai curtir a "tocada" do Stockão. "São carros prazerosos de guiar. O que acontece é que agora ficou muito mais fácil exagerar na dose, fazer o chamado overdrive, ir acima do limite do carro", descreve. "Os carros conseguiam frear na placa de 50 metros do esse do Senna, em Interlagos. Agora o cara vai ter que começar a pensar em frear nos 100. Já virou um desafio. Estou para ver a galera chegando e querer frear onde freava. Até aceitar que precisa parar antes, vai demorar", projeta.

Isso deve gerar bons duelos na pista. "Os carros mais curtos e a frenagem mais distante me dá expectativa de ver mais ultrapassagens. Toda aquela parte de assoalho, splitter, extrator, foi retirada. Agora é um pedaço de madeira que vai do início ao fim do carro", aponta o piloto. "Perdeu aderência geral, mas pensando na corrida: se tu freia na placa de 50, o cara para passar vai ter que começar a parar nos 35. Não tem como, é muito curto o tempo. Agora vai frear nos 100, dá para tentar frear no 80, dá para fazer. Pode tomar um xis, ficar meio atravessado e o cara vai devolver. Mas tem jogo, é o que a gente quer ver."


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