Raio-X F1 2023: Aston Martin aposta alto em laterais agressivas com "cânions" aerodinâmicos

Raio-X F1 2023: Aston Martin aposta alto em laterais agressivas com "cânions" aerodinâmicos

Carro para estreia de Fernando Alonso no time não poupa esforços para se destacar do meio do pelotão

Bernardo Bercht

Time britânico elevou inspiração na Ferrari de forma radical

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Primeiro só tinha a Alfa Romeo, agora já tem um monte de carrinhos para analisar. Cada dia a gente faz raio-X de um por aqui, mas tem que começar por algum lugar. O martelo bateu pela Aston Martin, o design mais evoluído entre os mostrados pelos times e aquele com soluções mais interessantes e até, pode-se dizer, radicais. O time do bilionário Lawrence Stroll realmente quis deixar para trás o combalido AMR22 e mostrou algo realmente novo.

Vamos direto para a grande aposta da Aston (e nem estamos falando do veterano bicampeão mundial Fernando Alonso): as laterais. Lembram do conceito da Ferrari que levantou olhares ano passado? Andrew Green, Dan Fallows e Tim Milne (não são membros de uma banda, são os engenheiros) cavaram fundo na ideia (literalmente inclusive) e exculpiram uma carenagem super agressiva. No limite da engenharia de materiais, para o carro aguentar os crash-testes, o AMR23 apresente cânions em cada cobertura dos radiadores.

Os radiadores foram posicionados lateralmente, mas o desenho adota ainda um estilo de ataque da Red Bull. A entrada é quase vertical o que forma uma rampa invertida que envia mais ar para o assoalho, onde todo mundo quer gerar pressão aerodinâmica com o efeito-solo. Atrás, a carenagem lateral forma um declive muito acentuado que leva ainda mais ar para o difusor, onde é recebido por um sistema de superfícies tripla formado por braços de suspensão largos e o plano inferior do aerofólio traseiro.

O AMR23 trabalha muito o downforce, carrega a energia na região traseira e certamente vai gerar números interessantes no túnel de vento. Resta saber se funcionará no mundo real. Primeiro, por tanta pressão do ar correr o risco de gerar porpoising, o corcoveio que tanto atrapalhou os times em 2022. O outro, é o carro ficar muito dianteiro, com dificuldades para entrar nas curvas.

Na dianteira, as soluções foram mais convencionais. A Aston mudou o bico, num padrão mais similar ao da Mercedes e menos elevado que o do carro de 2022. Já é uma escolha para inclinar um pouco do equilíbrio para a frente do carro e compensar a carga traseira.

O recorte dos sistemas de exaustão obedece às limitações do motor Mercedes, mas tenta seguir a linha segmentada da Red Bull do ano passado. O sistema de escapamento forma uma área bem mais "gordinha" que as opções em geral do ano passado; naquele estilo da Alpine.

Enfim, um carro que não mede esforços para fazer o time dar um salto no pelotão e incomodar pelo menos McLaren e Alpine. A questão é se toda essa ousadia de projeto vai responder na pista.

Abaixo, algumas comparações entre o AMR22 e o AMR23 pelo jornalista espanhol Albert Fabrega

 


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