Raio-X GP de Barcelona - Hasta la vitoria de la revolucion!

Barcelona viveu seu melhor GP da história, desde a criação do circuito de Fórmula 1, em 1991. Na briga pela liderança, foram três possibilidades de vencedores diferentes, culminando com o degrau mais alto do pódio para um ganhador inédito, Pastor Maldonado. O venezuelano justificou cada petrodólar investido pela PDVSA com uma vitória perfeita e histórica para a "revolução bolivariana", devolvendo a Williams ao ciclo dos vencedores. Por isso, é o tema do wallpaper como nosso showman da prova. Clique acima para baixar o fundo de tela e leia abaixo as análises piloto a piloto.

Pastor Maldonado

Nildo Júnior - Se me dissessem na quinta-feira que Pastor Maldonado seria o pole position e que venceria a corrida de domingo com Fernando Alonso em segundo, iria imaginar uma prova muito acidentada, com chuva, vários safety cars na pista. E não foi nada disso o que aconteceu. Maldanado estava possuído, mas com a cabeça no lugar. Soube correr atrás do prejuízo quando Alonso liderava e não jogou o carro no muro como fez na Austrália. Foi uma grande vitória. Nota 10.

Bernardo Bercht - Maldonado finalmente juntou cabeça com velocidade e concretizou o potencial da Williams que tínhamos relatado aqui no blog. O carro é muito mais forte do que para colher pontinhos em ritmo de corrida. O venezuelano teve a sabedoria de, mesmo atrás de Alonso, caprichar no ritmo de prova e ultrapassar nos pits rumo à vitória inédita. Nota 10.

Fernando Alonso

Nildo - Todo mundo sabe da qualidade do Príncipe de las Astúrias. É o melhor piloto da Fórmula 1 atualmente. Isso explica como ele consegue colocar um carro ruim na liderança do campeonato. E fez uma prova consistente, ficando entre as três primeiras colocações durante a prova. Não venceu por que Maldanado estava possuído. Nota 9,5.

Bernardo - Alonso está cada vez mais incontestável como grande talento da Fórmula 1 moderna. A Ferrari não deveria estar brigando por pódios, mas ele fez valer as atualizações no carro e decidiu disputar a vitória na Espanha. Ele lembra a célebre frase de Ayrton Senna nos anos 90: se me derem um carro minimamente competitivo, ainda assim estarei no páreo. Nota 10.

Kimi Räikkönen

Nildo - Quem imaginava que Kimi não teria motivação para a temporada depois de frequentar o circo do Mundial de Rally está vendo o grande piloto que ele sempre foi. Raikkonen está com fome de vencer, mas ainda não conseguiu colocar a Lotus no primeiro degrau do pódio. Se ele fizer isso em Mônaco, teremos seis vencedores diferentes em seis provas. Além disso, Iceman, sem vencer, é o quarto colocado. E está dando pau em Grosjean, o queridinho de Eric Boulier, chefe da Lotus. Nota 9.

Bernardo - Ele é um mestre em manter um bom ritmo de prova, sem deixar os líderes escaparem. O carro da Lotus ainda não estava pronto para vencer, mas ele manteve Alonso e Maldonado em cheque, com pneus superiores no final. Raikkonen só precisa começar a ganhar terreno umas cinco voltas antes, daí poderá ficar um pouco menos azedo e vencer corridas. Nota 9,5.

Romain Grosjean

Nildo - Nem parece aquele piloto que substituiu Nelsinho Piquet quando o brasileiro foi sacado da Renault. Está mais maduro, mais rápido e mais eficiente, apesar de ter ficado duas provas fora da disputa nas primeiras voltas por afobação. A vantagem de Romano é que tem um foguete nas mãos. Falta pouco para a equipe conseguir pole e vitória nesta temporada. Mas ainda está correndo atrás do prejuízo em comparação a Raikkonen. Nota 8.

Bernardo - A velocidade é equivalente ou maior que a Raikkonen, o que surpreendeu muita gente no paddock. Agora, falta encontrar a receita do finlandês para manter o excelente ritmo de prova. O francês largou na frente, em Barcelona, mas acabou muito atrás no final da corrida, fora do pódio. Nota 8.

Kamui Kobayashi

Nildo - O Mito voltou. A Sauber tem um carro excelente, mas dois pilotos em formação. Às vezes, um deles belisca uma pontuação um pouco melhor. Koba-san soube economizar pneus e se manteve a frente de carros mais tradicionais como McLaren e Red Bull. Deve ser uma das boas surpresas em Mônaco. Nota 7,5.

Bernardo - Quando este japonês aprender a largar vai dar trabalho para o pessoal lá da frente. A vantagem dele largar mal é que nos dá a oportunidade de ver ultrapassagens míticas, como a que desempenhou no estilo kamikaze sobre Nico Rosberg. A Sauber perdeu pouco em relação aos líderes com o novo pacote aerodinâmico e ainda tem chances de beliscar uma vitória na temporada. Nota 8.

Sebastian Vettel

Nildo - Quando a gente vê o Vettel chegando em sexto lugar, pensa logo em dar uma nota baixa, mas a Red Bull de 2012 não é nem sombra das poderosas RB7 e RB6, as máquinas que levaram o jovem alemão ao bicampeonato. E Markinho ficou lá para trás mesmo. Então, como classificar a corrida de Vettel. Não tem jeito, foi mediana mesmo. Pelos pontos, passa na média. Nota 6.

Bernardo - Que situação hein bicampeão? Quando a Red Bull achou que tinha encontrado a raiz do problema, após uma vitória no Bahrein, voltou a se perder no GP seguinte, onde as equipes mais testam na pré-temporada. Fez uma boa corrida, depois da trapalhada de acionar a asa móvel em trecho de bandeira amarela e ser punido. Nota 6.

Nico Rosberg

Nildo - Depois que venceu, a Mercedes parecia que iria deslanchar. Não foi o que aconteceu. Voltou tudo ao mesmo ritmo de antes. Rosberg é rápido enquanto duram os pneus, depois vai brigar para ficar na pista. Além disso, Ross Brawn precisou ficar na Inglaterra para superar cirurgia que sofreu e que ninguém divulgou os motivos. Nota 6.

Bernardo - A Mercedes dá a impressão de que "cumpriu a missão do ano", com a vitória de Rosberg na China. Depois disso, voltou a ser o carro problemático e mastigador de pneus do ano passado. Nem o ritmo alucinante de classificação recuperou mais. Rosberg fez o que dava, tomou passão de meio mundo sem pneus, mas trouxe uns pontinhos para casa. Nota 6,5.

Lewis Hamilton

Nildo - A colocação de Luizinho não condiz com o que o piloto fez na pista. Hamilton humilhou os adversários fazendo a pole position com quase meio segundo de vantagem. Acabou sendo desclassificado por ter ficado sem combustível depois da classificação. Largou da última posição e chegou a ficar entre os quatro primeiros. Para completar, ficou na frente de Button e é o terceiro na classificação geral. Nota 8.

Bernardo - Sua pole não teria vantagem tão avassaladora sobre Maldonado caso estivesse com a gasolina certa, mas é fato que Hamilton era o piloto mais rápido na prova de Barcelona. Deu um tapa de luva aos que dizem que torra pneus fazendo apenas dois pit stops e se mantendo na pista para marcas alguns pontos, depois de largar em último. Ainda protagonizou linda ultrapassagem sobre as duas Toro Rosso na sequência de duas curvas. Nota 7,5.

Jenson Button

Nildo - Longe de ser o Peter Perfeito de sempre, Jasão Botão passou o GP da Espanha inteiro brigando com os pneus Pirelli. Não era veloz com os macios e não conseguia correr com os duros. Largou na 10ª posição, porque Hamilton foi desclassificado, e chegou em 9º. Quer dizer, deu pro gasto. Nota 6.

Bernardo - Button perdeu a mão da temporada, após começar como a grande força. Se complicou nas primeiras corridas e agora os pneus não funcionam mais para ele. Passa a prova toda reclamando de falta de tração e não anda para frente. Corrida muito ruim para o nível da McLaren. Nota 4,5.

Nico Hulkenberg

Nildo - Boa corrida do alemão da Force India. Hulk largou em 13º e sempre esteve brigando por posições. Está claro que a FI não é aquela maravilha que se esperava e nem um dos pilotos atuais consegue ser veloz e consistente como Sutil conseguia ser. Vijay Mallia deve estar arrependido de não ter ficado com o outro alemão. Nota 6.

Bernardo - Eu acreditava que o Hulk desbancaria Paul Di Resta desde a primeira prova, mas só agora o alemão conseguiu superar o companheiro inglês, que francamente é beeeem meia boca. Ainda assim, boa corrida para a Force India, que anda meio solitária e deprimida no pelotão, sem brigar com a turma das vitórias (que está fervendo) e longe de ser ameaçada pela Toro Rosso. Nota 6,5.

Mark Webber

Nildo - Markinho patinou a corrida inteira. Em determinado momento, foi ultrapassado por uns três carros quase que ao mesmo tempo. Se a RB8 não é o bixo, Webber pelo menos segue entre os cinco primeiros do campeonato. Numa situação em que cada corrida temos um vencedor diferente, a regularidade de Webber pode fazer a diferença. Se tivesse marcado pontos, estaria na frente do Iceman. Nota 5.

Bernardo - Beirou o ridículo a situação de Webber na Espanha. Seus pneus não duravam seis voltas, trocou bico para ver se consertava alguma coisas e ainda assim parecia que andava de HRT em Barcelona. Todo mundo passava em alguns momentos da prova e ficou fora dos pontos com o carro campeão. Nota 3.

Jean-Éric Vergne

Nildo - Grande corrida de Vergne. Merecia ter chegado nos pontos. O STR7 também não é o carro que a Toro Rosso prometera em janeiro. Mas o francês conseguiu ficar na frente de Ricciardo o tempo inteiro. Nota 6.

Bernardo - Nosso amigo de nome impronunciável precisa aprender a se classificar bem. Se misturassem a performance de qualificação do companheiro Ricciardo com o Júlio Verne, teríamos um... Sebastian Vettel? Fato é que na corrida ele trucida o colega australiano e chega na frente. Nota 5,5.

Daniel Ricciardo

Nildo - Foi burocrático. Pouco se viu do piloto australiano durante a corrida. Mas também não comprometeu. Nota 5.

Bernardo - Largou bem na frente do colega de equipe e terminou atrás. Aliás, como em quase todas as provas deste ano. Depois de uma estreia promissora, em 2011, está devendo serviço com um carro melhor em 2012. Nota 4,5.

Paul di Resta

Nildo - O primo de Dario Franchitti tomou uma tunda de laço do seu companheiro de equipe. Pouco ou nada se viu deste rápido piloto escocês (e eu que achava que ele era irlandês). Como disse antes, Mallia está arrependido de não ter Sutil na equipe. Nota 5.

Bernardo - Continua sem explicação concreta a Force India ter dado o pé em Adrian Sutil para manter o bate-pino do Di Resta. O carro não é tão bom, mas aposto que o alemão festeiro estaria brigando no bolo de pontos todas as corridas. Nota 4,5.

Felipe Massa

Nildo - O que dizer de Massa quando Alonso quase ganha a segunda corrida na temporada e o brasileiro tem apenas dois pontos? Não há o que dizer. Felipe Massa ainda está amolado desde o acidente. Pelo que se especula na Itália, não passa do meio do ano na equipe do Cavalinho Rampante. Vai correr de Linea no Brasil. Nota 2.

Bernardo - Empacou novamente o cavalino do Massinha... Fica constrangedor tomar dois segundos por volta do companheiro de equipe em ritmo de prova. É difícil pensar até no Narain Karthikeyan tomando um pau desse tamanho mesmo de Fernando Alonso. Mas é a realidade de Felipe, que não justifica sua manutenção além da metade do ano. Nota 0.

Heikki Kovalainen

Nildo - Está certo que passei a torcer pelo sucesso da Caterham. Mas Kovalainen fez um corridaço até a sua primeira parada para a troca de pneus. Estava na quinta colocação quando parou. Deu trabalho para muita gente quando os carros estavam de tanque cheio. Depois, foi ocupar a liderança do pelotão dos fundos e quase passou Massa. Nota 6.

Bernardo - Recuperou-se após um começo de temporada questionável, tomando laço do Petrov. Foi o melhor do resto, mas impressionou com a estratégia de parar mais tarde e, no final da corrida chegou a pressionar Massa pela 15ª posição. Deve ser mais legal ao menos pensar em brigar com o pelotão do meio! Nota 6,5.

Vitaly Petrov

Nildo - Faz o que pode com o equipamento que tem. Chega na frente das Marussia e HRT e tenta brigar com Kovalainen. Nota 5.

Bernardo - Fez uma boa classificação, botando tempo em Kovalainen, mas depois teve um ritmo de corrida ruim. A estratégia "tradicional" acabou sendo pior que a do companheiro e a Mãe Rússia irá se desapontar com nosso agente da KGB. Nota 5.

Timo Glock

Nildo - Parecido com o Petrov. Nota 4.

Bernardo - Corrida preocupante para o alemão cujo talento é o mais desperdiçado da F-1. Dessa vez, não encontrou um bom acerto e estava andando atrás de Charles Pic, até o companheiro de equipe abandonar. Nota 3.

Pedro de la Rosa

Nildo - Correu para não atrapalhar os líderes. Nota 3.

Bernardo - Até que o Pedrinho não fez feio correndo em casa, mas o novo pacote aerodinâmico da HRT não serviu para se aproximar da confusão. Correu sozinho, longe do colega indiano e uma volta atrás das Caterham. Nota 4.

Sergio Perez

Nildo - Esteve bem abaixo das últimas corridas. Na largada, saiu em quinto e quase bateu, mas trouxe o carro para a pista. Depois não conseguiu evitar e teve que abandonar. Nota 2.

Bernardo - Que azarão do Ligeirinho. Na terceira curva ele estava brigando pelo pódio, aí Grosjean aprontou e rasgou seu pneu com o aerofólio dianteiro. O mexicano teve que se arrastar até os pits e ali a corrida já estava perdida. Nota 6.

Charles Pic

Nildo - Abandonou cedo. Sem nota.

Bernardo - Saiu da prova antes do final, mas mostrou ritmo encorajador. Andou na frente de Glock pela primeira vez no ano. Nota 5.

Narain Karthikeyan

Nildo - Só atrapalhou enquanto esteve na pista. Nota 0.

Bernardo - O indiano realmente está fora do padrão F-1, basta olhar os tempos nos treinos e ver que não conseguiu volta rápida o suficiente para classificar. Teve de pedir por favor à FIA. Nota 1.

Bruno Senna

Nildo - Vi muita gente criticar o desempenho do brasileiro. Chegaram a dizer que ele daria o lugar para Bottas antes do fim da temporada. Que estava tomando um chapéu de Maldonado. É um exagero. Antes da corrida, Senna tinha 10 pontos de vantagem para o venezuelano. Se não foi bem na Espanha, a temporada é bem superior a do ano passado. E não é o culpado pelo acidente. A nota é pelo conjunto da obra em Barcelona. Nota 1.

Bernardo - Bruno Senna foi castigado exatamente pela falta de ritmo que tem no carro da Williams. O equipamento é bom, mas ele não consegue extrair o máximo, ficando à mercê do pelotão intermediário. Além disso, não se dá bem em meio a outros carros e faz manobras erráticas  como a que provocou o acidente com Schumacher. Nota 0.

Michael Schumacher

Nildo - Está no mesmo barco de Massa. Tem dois pontos no campeonato e toma um banho de Rosberg, que até ganhou corrida. Destrói um carro por prova e não deve renovar contrato no fim do ano. Com sua saída, vai haver uma movimentação natural dos pilotos. Nota 0.

Bernardo - Já falei que a maldição do Barrichello pegou forte em Schumacher neste ano. O alemão finalmente encontrou um bom ritmo com a Mercedes, mas suas corridas tem sido desastrosas. Dessa vez, exagerou no ponto de freada com Senna, mas a guinada do brasileiro no meio da tangência tirou qualquer chance dele desviar. Para mim acidente de corrida, pelo mau julgamento dos dois. A punição no grid de Mônaco é um castigo forte demais para o heptacampeão. Nota 2, pela ótima largada novamente.