Raio-X novos F1: Mercedes raspa a tinta e ajusta conceito radical em busca das vitórias

Raio-X novos F1: Mercedes raspa a tinta e ajusta conceito radical em busca das vitórias

W14 transforma "zero pods" com laterais super compactas e surpreende com carenagem de carbono sem pintura

Bernardo Bercht

Pintura "sem pintura" chama atenção e poupa peso

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O pretinho básico voltou só para a pintura (ou falta dela, já que a maior parte é fibra de carbono). A Mercedes lançou nesta quarta-feira seu concorrente para a Fórmula 1 2023 e o W14 segue a aposta no radical. Apesar de todos os problemas do ano passado, James Allison e seus engenheiros mantiveram o conceito "zeropods", com as laterais ultracompactas.

Ok, agora está mais para um "meiopod", com a carenagem mais robusta e desta vez encobrindo toda a estrutura de absorção de impacto. O meio termo dá mais opções para a equipe, inclusive para atualizar o carro na temporada. Ao ter "meia" lateral, atenua o problema sério do W13 que era o altíssimo arrasto aerodinâmico. O projeto parece mais equilibrado e "pronto" para o heptacampeão Lewis Hamilton e George Russell buscarem vitórias.

Outra vantagem, é aproveitar os "ombros" para usar os canais. Sim, mesmo com superfície mínima, a Mercedes adotou os "vales" que a Ferrari mostrou no seu surpreendente modelo de 2022. As canaletas do W14 são mais modestas, mas ajudam a direcionar ar "rampa abaixo" para o difusor.

Curiosamente, a flecha negra também adotou outro conceito da Ferrari do ano passado. Na dianteira, o bico é super afilado, muito menor que o do W13. Enquanto outros times, incluindo a Ferrari, escolheram o bico grande e arredondado da Mercedes de 22, a Mercedes de 23 foi para o bico fino da Ferrari anterior... As convergências invertidas!

Isso mostra que, ao invés de carregar a dianteira, a Mercedes quer liberar mais fluxo para o assoalho. Precisa de mais downforce sem se importar tanto com a tendência inerente do efeito-solo fazer o carro sair de frente, prejudicando as entradas de curva.

O carro sem pintura também é uma escolha interessante, que provavelmente economizou entre três e cinco quilos. As equipes seguem numa luta para manter os carros abaixo do peso regulamentar e isso certamente vai ajudar.

As suspensões dianteiras tem nova configuração, menos curvada e mais tradicional. A inclinação aumentou, para ajudar no efeito aerodinâmico, mas principalmente para aumentar o curso e evitar as quicadas violentas que marcaram o W13 e seu interminável porpoising.

No geral, a Mercedes mostra ter aprendido tudo de errado com o carro que quase não venceu corridas. É um conceito arriscado, mas que faz sentido. Correndo atrás de Ferrari e Red Bull, seria muito difícil superar as concorrentes apostando num design similar ao que elas já dominam.


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