Tatiana Calderon desbrava a Fórmula Indy e pede "mudança nos estereótipos" do automobilismo

Tatiana Calderon desbrava a Fórmula Indy e pede "mudança nos estereótipos" do automobilismo

Colombiana destaca que mulheres precisam servir de exemplo para outras, mas que precisam de mais ação dos organizadores

Bernardo Bercht

Colombiana conseguiu seu melhor resultado no Grand Prix de Indianápolis

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O automobilismo, principalmente Fórmula 1 e Fórmula Indy, tem falado bastante de inclusão e representatividade. A colombiana Tatiana Calderon, depois de trilhar longo caminho em diversas categorias, chegou ao topo nos Estados Unidos. Em Indianápolis para acompanhar a equipe A.J. Foyt, aos 29 anos ela enfatiza a necessidade de uma troca de pensamento nas categorias.

"Ganhamos espaço, pouco a pouco, mas não é fácil. Precisa mudar os estereótipos", analisa a piloto, acrescentando que a iniciativa ainda é das atletas que chegam ao topo, e não efetivamente dos organizadores. "Cada uma de nós que consegue chegar lá, precisa ser exemplo para as que começaram."

Tatiana mostra surpresa e satisfação pela repercussão de sua primeira temporada na Fórmula Indy. "É muito bonito ser uma referência. Não imaginava que seria. Não corro só por mim, mas para criar oportunidades para as meninas que estão começando ou que querem começar", relata. "É bom mostrar talento num dos poucos esportes que podemos competir de igual para igual", define.

"É muito dificil. Precisamos nos apoiar, principalmente a comunidade de mulheres. É um esporte que tem muito mais homens", acrescenta. "Sinto que ainda faltam oportunidades para irmos bem em categorias mais elevadas. Sempre a história de ter um grande apoio, para achar boas equipes, trabalhar com grandes engenheiros..."

Sobre a temporada em si, Tatiana destaca a exigência física altíssima do Indycar. "É um carro muito pesado. Eu nem imaginava que seria tão exigente na parte física", comenta. "Me surpreendeu e a gente tem poucas oportunidades de testes. Consegue dar dez voltas a pleno, mas são 90 em algumas corridas. Sem a direção assistida e com o calor ali dentro, por conta do Aeroscreen, é a mais exigente na parte física em todo o mundo", pondera.

"A gente não acostuma com o desconforto", afirma Tatiana. "Na corrida, primeiro fica difícil pelo pneu desgastar, precisa usar mais o volante. Aí, já está exigido fisicamente, faz o pit para pneus novos e daí pesa mais ainda, por grudar no asfalto."


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