Uma carta aberta a Max e Lewis: obrigado por serem o automobilismo

Uma carta aberta a Max e Lewis: obrigado por serem o automobilismo

Dupla fez história numa temporada que mostrou o que é o esporte a motor no estado puro

Bernardo Bercht

Gravem esse duelo para a história

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A mensagem de ano novo do PitLane e do 300 por Hora é uma carta aberta dedicada a Max Verstappen e Lewis Hamilton. Na verdade é uma carta aberta ao automobilismo, mas essa dupla fez história de uma forma que os torna inseparáveis para o resto dos tempos deste esporte que amamos. Obrigado Emilian, obrigado Sir Carl. Nenhuma picuinha, polêmica, regra mal aplicada, erro ocasional e, principalmente, comentário de especialista da internet vai diminuir um pedacinho sequer da epopeia espetacular que vocês nos brindaram em 2021.

Foram 22 as oportunidades que tivemos de vislumbrar a rivalidade mais simbólica da década no esporte a motor. E grande parte dessas 22 corridas foram espetáculos de habilidade, inteligência, arrojo, leitura de corrida, planejamento e, claro, sangue nos olhos na hora de olhar para o carro ao lado dividindo a freada.  

Não fomos "poupados" dos duelos e das polêmicas desde a primeira corrida. Lá no Bahrein, já vimos a dupla bater roda, Verstappen usar mais pista que podia e as chamadas de rádio ocuparem tantas manchetes quanto as manobras de pista. Ali, o duelo foi resolvido sem maiores problemas com as regras, mas seria o primeiro sinal.

Em Ímola, Verstappen deu um chega para lá, Hamilton evitou a batida, mas meio que fez a nota mental. Não deixaria barato para a próxima. Em Silverstone, o britânico não aliviou, se tocaram e Verstappen estampou o muro, com direito a passagem no hospital para ver se os bits seguiam todos no mesmo lugar da cachola. Nos bastidores, a turma do deixa disso fez suas acusações e o ambiente ganhou novos graus de agressividade.

A verdade é que Hamilton sabia que esse era um ano diferente e que teria que elevar seu nível muito além do que já havia mostrado em sete títulos mundiais. E ele fez exatamente isso, numa remontada que começou no GP do Brasil. Ali, a Red Bull tentou colocar a Mercedes nas cordas, as punições vieram a galope, mas o britânico respondeu com uma das maiores pilotagens de todos os tempos, passando todo o grid quase que duas vezes no mesmo fim de semana para mostrar que ainda estava na briga.

Do outro lado, não é difícil ver o motivo para Verstappen ter sido sempre o mais agressivo e ter levado as coisas para além dos limites. Como superar Sir Hamilton sem usar todo o talento, toda a velocidade e, claro, algo mais. Na cabeça de Max, e ele até está certo, um mero regulamento, um mero Michael Masi não poderia ficar no meio da batalha entre dois gênios da Fórmula 1. Então o guri foi lá e formatou as regras do jeito que tinha que ser, do jeito que permitia responder à arrancada poderosa da Mercedes nos momentos finais.

E com isso tivemos faíscas saltando para todo lado. Em Losail, em Jeddah e, claro, Abu Dhabi. A dupla não nos deixou parar para apanhar fôlego, nos enfiaram goela abaixo automobilismo em estado puro. A pataquada do safety car do Masi nos instantes finais do GP da Arábia Saudita nos privaram de uma verdadeira luta direta pelo título naquelas voltas finais. Mas por favor, guardem na memória o lendário 2021 que Max e Lewis nos deram como verdadeiros protagonistas que são do esporte. Serão pouquíssimas as chances de testemunhar algo assim no esporte de novo. Em qualquer esporte. Lewis Hamilton é uma lenda eterna da Fórmula 1 que cresceu além do esporte. Max Verstappen é o legítimo campeão contra um dos maiores de todos os tempos. Por favor, voltem para mais em 2022. É sobre isso...


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