O que são soft skills e como usá-las para impulsionar a carreira

Com mercado de trabalho disputado, se destacar no recrutamento é fundamental. Na hora de organizar o currículo para buscar um emprego, algumas informações não podem faltar, como: formação, experiências prévias ou cursos complementares. 

Estas são as habilidades técnicas, aquelas aprendidas na faculdade, em treinamentos ou no próprio desempenho das funções, são as chamadas hard skills. Se a vaga exigir uma formação específica e inglês fluente, tais habilidades serão requisitos mínimos, comuns a todos os candidatos. Então, como se sobressair no processo de seleção ou na disputa por uma promoção?

Soft skills podem ser diferencial para vaga

É aí que entram as soft skills! As habilidades comportamentais e interpessoais, que são características muito pessoais e subjetivas, mas que também podem ser desenvolvidas. 

Segundo a professora de Gestão em Negócios com foco em Gestão de Pessoas da FADERGS, Ticiana Nunes Moscardini, essas qualidades podem estar indicadas no currículo, dentro dos objetivos, especialmente para quem está mudando de carreira ou voltando ao mercado, mas é na hora da entrevista que elas irão aparecer. São habilidades como comunicação, resiliência, adaptabilidade, disposição de aprender e de buscar desafios e soluções.

“Mais do que relatar esses atributos, é importante demonstrá-los. Não adianta dizer que tem boa comunicação, se isso não transparecer. O recrutador percebe essas características no discurso, quando o candidato menciona feitos em experiências anteriores e não se atém apenas às competências técnicas, mas explica como fez, como identificou determinado problema, motivou equipe, implementou, mensurou resultados. É importante mostrar propriedade, comprometimento, conhecimento e capacidade de negociação”, orienta a especialista.

Desenvolvendo essas habilidades

Nem todos terão aptidão natural às soft skills mais desejadas em determinado setor, porém, segundo Ticiana, é possível desenvolver e melhorar essas habilidades. “Se é necessário para o desempenho da função, e o profissional entender esse propósito, ele poderá praticar qualquer competência. É possível desenvolver tudo que se quiser, se houver o entendimento dessa necessidade”, indica a professora. 

Ela dá o próprio exemplo: “Hoje eu dou aula para turmas de todos os tamanhos, faço palestras, já fui até paraninfa. Mas eu era muito tímida, não falava nem com um vizinho na esquina. Vencer essa barreira e exercer essa comunicação era importante para minha carreira, então me desafiei e não desisti", conta.

Esses exemplos de trajetória de vida mostram a construção de determinadas competências e se os valores estão alinhados à empresa. “O recrutador percebe se são compatíveis com o fit cultural, se a pessoa pode se adaptar aos valores e propósitos da instituição”, explica Ticiana. 

Por isso, preparar-se para a entrevista de acordo com o perfil da empresa também é uma habilidade importante. “Faz diferença se é uma indústria multinacional ou uma startup de tecnologia. Isso impacta na forma como o candidato vai se apresentar, da vestimenta à comunicação, que poderá ser mais ou menos formal”, indica. “A maneira como a empresa se comunica em seu site ou nas redes sociais já pode ser aproveitada como dica”, aconselha a professora.

A comunicação online também importa. Portanto, independentemente da forma de seleção, manter o currículo atualizado em plataformas como Lattes e LinkedIn demonstram organização. “O LinkedIn é uma das plataformas mais utilizadas em recrutamento. Apesar de receber currículos, o recrutador olha se está atualizado, se tem recomendações e indicações, se faz um uso solidário da rede”, conta Ticiana. 

Ela orienta os candidatos a sempre destacarem as principais funções exercidas e pontos fortes, manter um resumo com palavras-chave e ter uma boa foto, que retrate como a pessoa realmente é.

Principais soft skills desejadas

Cada setor pode demandar habilidades interpessoais diferentes, e diversas listas de soft skills podem ser encontradas na internet com todo tipo de características. A especialista da FADERGS, porém, indica algumas aptidões a serem demonstradas, ou desenvolvidas, que servem a todas as áreas de trabalho:

• Disposição de aprender: o aprendizado contínuo, formal ou informal, é uma característica importante em qualquer função. Sempre haverá novos processos e tecnologias. As empresas estão em constante evolução e os funcionários precisam estar aptos a acompanhá-las.
• Resiliência e capacidade de adaptação: dão sequência ao aprendizado, não deixando o funcionário se abater com adversidades. É importante saber a política de tolerância ao erro da empresa e trabalhar dentro desses limites. Se errar, ser capaz de perceber logo e sugerir uma nova rota.
• Busca de desafios: em mercados competitivos, é importante ter funcionários que se sobressaiam e enxerguem além, identificando novas oportunidades. É manter aquele sentimento de frio na barriga, compreendendo o propósito no trabalho e querendo aprender ainda mais.