Seis em cada 10 pessoas foram afetadas financeiramente em Porto Alegre, após pandemia de coronavírus

Seis em cada 10 pessoas foram afetadas financeiramente em Porto Alegre, após pandemia de coronavírus

89% dos empreendedores, informais e autônomos tiveram queda na renda

Correio do Povo

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A crise econômica causada pela pandemia de coronavírus e pelas medidas de isolamento social trouxe consequências para o mercado de trabalho e o orçamento das famílias. Em Porto Alegre, 6 em cada 10 pessoas tiveram a vida financeira afetada pelos impactos gerados pela Covid-19. Para 39,75%, a situação foi ainda mais alarmante: consideram que os seus recursos foram muito afetados, após a chegada da doença no Estado.

46,5% das famílias porto-alegrenses foram impactadas diretamente com perda de emprego ou diminuição da renda. Mais de um terço desse grupo mora com alguém que teve o salário reduzido e 15% com uma pessoa que ficou desempregada.

Esses dados foram apontados pela pesquisa “Impactos financeiros x Coronavírus”, realizada pelo Instituto de Estudos de Cartórios de Protesto (IEPRO-RS), que entrevistou 400 pessoas na capital gaúcha. “Os resultados desse estudo mostram como a pandemia afetou negativamente e de forma impactante os trabalhadores porto-alegrenses e suas famílias”, disse o presidente do IEPRO-RS, Romário Mezzari.

Impacto na remuneração

A flexibilização de regras trabalhistas como alternativa para manter o emprego de milhões de brasileiros trouxe impactos na remuneração. 48,37% dos porto-alegrenses com carteira assinada informaram que tiveram uma diminuição no salário. A maioria desses (quase 45%) com redução de salário entre 11% e 30%. Em 32,61% dos casos a mudança ocorreu porque houve redução da jornada e, para quase 15%, por conta da suspensão do contrato de trabalho.

A pesquisa mostra, ainda, que 20% dos entrevistados perderam o emprego em função da crise ocasionada pela pandemia. “Diversos setores da economia sofreram uma brusca redução no faturamento e, em outros casos, com a impossibilidade de abrir o negócio, a receita foi praticamente zerada. O desemprego é uma consequência da redução da oferta e também da queda da

demanda, pois os consumidores ainda não se sentem confiantes para gastar como antes”, analisa Mezzari.

No caso dos empreendedores, autônomos e informais, a pandemia trouxe uma dificuldade financeira ainda mais crítica: 9 em cada 10 tiveram diminuição na renda. Para 45% dos entrevistados, houve mais de 50% na redução da renda, em comparação com o que faturavam antes do coronavírus.

Impacto nas dívidas

A queda repentina na remuneração trouxe dificuldades para muitas pessoas manterem o pagamento de dívidas em dia. Quase metade (48%) dos porto-alegrenses deixaram de pagar alguma conta por causa dos impactos gerados pela pandemia da Covid-19.

O cartão de crédito lidera a lista de inadimplência: quase 25% dos entrevistados não conseguiram pagar a fatura no vencimento. As contas de água e luz e crediário e carnê de lojas aparecem na sequência como as principais dívidas não pagas. “O cartão de crédito apresenta juros elevados, então chama a atenção o fato de ser a principal conta em atraso. O ideal é priorizar sempre pagar as dívidas que geram o maior juro”, explica Mezzari.

Apesar da crise financeira, os consumidores estão dispostos a negociar. 97,5% dos entrevistados pagariam as contas em atraso se recebessem um desconto dos credores e 72,5% se fossem intimados pelos Cartórios de Protesto. “Essa pesquisa demonstra que há espaço para que os empresários busquem alternativas que sejam satisfatórias para ambos os lados. Os Cartórios de Protesto são mediadores efetivos na recuperação de títulos de crédito e documentos de dívida, uma vez que 3 em cada 4 dívidas são solucionadas em até 3 dias úteis no Rio Grande do Sul, através dos Cartórios”, afirma o presidente do IEPRO-RS.

METODOLOGIA: Foram entrevistadas 400 pessoas acima de 18 anos de todos os sexos, classes sociais e regiões de Porto Alegre. As entrevistas foram realizadas por entrevistadores presencialmente entre 8 e 12 de junho de 2020.

IEPRO/RS: Os 297 Cartórios de Protesto do estado são representados pelo Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (IEPRO), entidade de classe sem fins lucrativos que visa promover estudos, debates e pesquisas e representar os interesses relacionados ao protesto.

 


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