2024 é o Ano Olímpico

2024 é o Ano Olímpico

Correio do Povo

Nos Jogos Olímpicos, atletas de várias nações se reúnem

publicidade

Por RIVADAVIA SEVERO*

A 26 de julho, sexta-feira, ocorre este ano a abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de Paris, em sua 33ª edição oficial, pois este vai ser o 30° acendimento da pira olímpica, destes também chamados Jogos Olímpicos Modernos.

Não houve as edições programadas durante as guerras mundiais do século passado (1916, 40 e 44), porém, segundo tradição milenar, são computados como efetivados, pois não se pode alterar o curso do Calendário. Na Grécia antiga, o calendário era medido com intervalos de quatro anos, denominados de Olimpíadas, expressão derivada de Olímpia, vale fértil e rico da região do Peloponeso.

Não se conhece, com certeza, a origem desses eventos. Sabendo-se que esses jogos iniciaram “oficialmente” em 775 a.C, quando os reis Cleothenes de Pisa, Licurgo de Esparta e Iphitus da Ilia, reuniram-se para firmar um tratado de paz, o Ekeheiria, acordo que seria consagrado em Olímpia, durante um certame entre os principais atletas de seus feudos.

Em 456 a.C. Roma invadiu a Grécia e levou para seu reino, junto à cultura grega, os Jogos Olímpicos, acrescidos, ao longo do tempo, de novas modalidades, como as corridas de carruagem, manifestações literárias e outros. No decurso do tempo, o evento definhava em moral e ética, tanto quanto os costumes romanos. Em 390 d.C., o imperador Teodosio, para agradar ao poderoso bispo de Milão, Ambrósio (mais tarde santificado), que promovia acirrada campanha contra o panteísmo, expediu um edito proibindo qualquer manifestação de cunho pagão, incluindo os Jogos que, tradicionalmente, homenageavam os antigos deuses gregos. Encerrava-se essa manifestação esportiva efetuada por 300 vezes durante 12 séculos.

Ainda na Antiguidade e na Idade Média houve várias competições internacionais inspiradas nas Olimpíadas, porém, pode-se creditar como prenúncio os jogos em comemoração à paz entre gregos e otomanos, após a libertação da Grécia do Império Otomano, com a participação dos dois povos. Para tanto, houve a restauração do estádio Panatinaicos, pelo filantropo Evangelis Zappas, e organização liderada por William Brookes, efetuados em 1859, em Atenas.

Os Jogos Olímpicos, como são hoje conhecidos, foram obra do francês Pierre de Frédy, barão de Coubertin, que procurou a mais próxima semelhança com os originais. Marcou o retorno para data específica do século XIX, de maneira que os seguintes seriam efetuados com mudança somente no dígito do século (houve agora também do milênio).

Paris sediou sua primeira Olimpíada há exatos cem anos (1924). O evento esportivo visa premiar o atleta e a cidade; assim, não há país vencedor e sim o atleta, e não ocorre na Nação, mas na cidade. Todavia, de forma não oficial, considera-se vencedor o país que obtiver maior número de medalhas de ouro, as quais têm o mesmo valor em cada uma das modalidades.

A imprensa doméstica vem mostrando muito otimismo na participação brasileira nos Jogos de Paris, que vão reunir mais de duzentos países. O Brasil vai completar cem anos de presença nos Jogos e obteve 30 medalhas de ouro, a metade nas duas últimas edições, em 2016 (Rio) e 2020 (Tóquio), quando “embolou” com países europeus desenvolvidos. Os Estados Unidos são os maiores vencedores, já possuindo mais de mil medalhas de ouro. Tão só dois nadadores norte-americanos, Mike Spitz (1972) e Michael Phelps (2004, 08, 12 e 16), obtiveram mais medalhas de ouro do que o Brasil em 100 anos de participações. Cuba (78) possui mais medalhas de ouro que os demais latino-americanos reunidos.

Temos atletas de alto nível, de qualidades excelentes, físicas e técnicas; mas ainda falta melhor condicionamento psicológico. Antes do atual bicampeonato olímpico, o futebol brasileiro bateu na trave, por soberba, em Los Angeles (1984), Seul (1988) Londres (2012); pelo mesmo pecado capital, a ginasta gaúcha Daiane dos Santos nem foi ao podium em Londres; Joaquim Cruz perdeu a chance do bicampeonato olímpico nos 800 metros em Seul, por indisciplina tática; Arthur Zanetti, também, no Brasil (2016), todavia por pequeno desequilíbrio.

Nos Jogos anteriores, em Tóquio, foram incluídos os novos esportes de surfe, skate, escalada e base/softball; em Paris não haverá este último e caratê, com a inclusão de breaking dance, somando 48 modalidades em 32 esportes.

*O autor deste artigo é escritor, jornalista, professor e advogado.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895