A despedida dos palcos de Milton Nascimento

A despedida dos palcos de Milton Nascimento

Veridiana Dalla Vecchia

Milton Nascimento apresentou show "A Última Sessão de Música" no domingo, 21 de agosto, no Gigantinho

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Dizer que um show de Milton Nascimento foi emocionante pode parecer clichê. No entanto, fatos são fatos. Na apresentação de Porto Alegre, no último domingo, de “Última Sessão de Música”, turnê na qual ele se despede definitivamente dos palcos, não faltaram lágrimas e efusivos aplausos do público em um Gigantinho que, infelizmente, não estava lotado. Prestes a completar 80 anos de idade e com 60 anos de carreira, o adeus de um dos maiores músicos do Brasil se dará em apresentações pelo Brasil, Estados Unidos e Europa.

Após 43 discos gravados, é impossível um show contemplar todas as canções que marcaram seu caminho artístico. Ainda assim, o setlist estava recheado de clássicos como “Os Tambores de Minas”, “Coração de Estudante”, “Cio da Terra” e “Encontros e Despedidas”. Bituca, como gosta de ser chamado, se apresentou sentado devido a problemas de mobilidade e, ao final do show, enquanto era ovacionado pelo público, contou com ajuda da equipe para permanecer em pé. A debilidade física, porém, não atrapalhou a alegria que transparecia em sua voz potente. Entre pequenos recados, nos quais contava um pouco de sua história e agradecia fãs e músicos, um “Viva a democracia!” fez o público vibrar. 

Nos momentos em que ele próprio não cantou, contou com a parceria de Zé Ibarra. O jovem músico, que também abriu o show em apresentação com voz e violão, sustentou com propriedade o peso de estar ao lado de Milton. Aliás, cabe destacar a altíssima qualidade de todos os músicos que fazem parte da turnê.

De sua trajetória, não poderiam faltar as lembranças de “Clube da Esquina”, música escrita com Lô Borges. A partir dali, como ele mesmo fala, “nada mais foi como antes”. O disco “Clube da Esquina”, de 1972, foi eleito recentemente o melhor álbum brasileiro de todos os tempos, conforme 162 especialistas ouvidos pelo podcast Discoteca Básica. Além disso, Bituca recebeu cinco prêmios Grammy e o título de Doutor Honoris Causa em Música pela Universidade de Berklee (EUA). Felizmente, Bituca seguirá compondo e gravando. Como ele diz, a despedida é “só dos palcos mesmo, da música, jamais”. 

 


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