Ana Jeckel: a sonhadora filha de Porto Alegre

Ana Jeckel: a sonhadora filha de Porto Alegre

Com 22 anos de idade e cinco de carreira, atriz, escritora, cantora e compositora conta em entrevista exclusiva as suas novidades até o final do ano

Luciamem Winck

Com 22 anos e cinco de carreira, Ana tem novidades e está no elenco da série ‘Tudo igual...SQN’, da Disney, dando vida à jovem Beta

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Com 22 anos e cinco de carreira, Ana Jeckel tem muitas novidades para 2023. No elenco da elogiada série “Tudo igual...SQN”, da Disney, a gaúcha dá vida a Beta, uma jovem independente e com dons artísticos. Para interpretar a personagem, precisou aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Também no elenco da série “Juacas”, da Disney, ela coleciona várias indicações a prêmios na Itália (onde venceu como Melhor Atriz do Digital Mídia Festa em 2022), Ásia e Brasil pela protagonista da websérie “May@”. No fim de março, chegou às prateleiras seu 2º livro “Nadia Keane – Parte 2”. Na obra infantojuvenil, que teve o 1º volume lançado em 2022, ela conta a história de Dimitri, menino sem memórias resgatado pelo navio mais procurado dos mares, o Nadia Keane. Entre os temas, estão as descobertas pessoais e a busca dos sonhos. A previsão é que a série tenha seis volumes. Ana é cantora e compositora e já lançou algumas músicas. Seus clipes podem ser vistos no seu Instagram e no YouTube.

 

Como é o teu processo de criação? Onde buscas inspiração?
Meu processo é muito intuitivo. Gosto de dizer que estou 24 horas por dia escrevendo, pois minha inspiração vem de todos os lugares. Às vezes de uma fala de alguém, tiramos uma ideia. Às vezes de uma música, uma série, um desenho animado. E com uma ideia inicial e uma boa premissa, podemos criar qualquer coisa e acho que é isso que eu mais amo. Boas histórias podem estar escondidas nos lugares mais inusitados. 

No fim de março, chegou o teu segundo livro “Nadia Keane – Parte 2”. Do que trata a obra?
‘Nadia Keane’ é sobre um garoto chamado Dimitri, que foi resgatado sem memórias por um navio pirata, onde fazer amigos e sobreviver podem ser ideias totalmente opostas. A Parte 2 é a continuação da jornada de Dimitri em tentar lembrar quem foi no passado e descobrir quem quer se tornar no futuro. Isso tudo com muitas caças ao tesouro e encrencas (risos). 

Há previsão de que a série tenha seis volumes no total, lançados a cada seis meses. O que vem pela frente? 

Muita aventura, com certeza. A previsão é essa, mas tudo ainda pode mudar. Provavelmente, o prazo de lançamento de alguns dos livros será estendido, afinal eu prezo pela qualidade da história em primeiro lugar. Mas posso dizer que ainda tem muita história para contar, muitas intrigas, muitos inimigos, romances e monstros marinhos. Uma reviravolta aqui e ali. Os fãs morrem de medo que eu mate algum personagem (risos). Eu só posso dizer que ninguém está seguro. 

Quais trechos da série mais te encantam e por quê?

Sinceramente, o que mais me encanta é a dedicatória do primeiro livro. É o que faz os leitores mergulharem de cabeça na história: "Para aqueles que sempre foram apaixonados pelo mar. Aqueles que sempre quiseram sair para uma grande aventura e nunca mais voltar. Para aqueles que me ensinaram a ser pirata. Aos exploradores, arqueólogos e sonhadores que nunca se encaixaram, esse é para vocês. Aqueles que precisam saber mais... Ver mais... Descobrir mais... E, por fim, para todos aqueles que adoram uma boa e velha história de pirata."

Por que escreves para adolescentes?

Porque é na adolescência que descobrimos quem somos ou quem queremos nos tornar. Eu sempre digo que escrevo o que gostaria de ter lido aos 13 ou 14 anos. Por isso também os personagens têm essa idade. Quero que meus leitores se identifiquem, sejam amigos dos personagens e vivam as aventuras ao lado deles. Quero que entendam que existe um mundo inteiro lá fora à espera deles. 

Em quem você busca inspiração na literatura?

Minha primeira inspiração foi Rick Riordan, autor de “Percy Jackson e os Olimpianos”. Minha personalidade inteira na adolescência foi moldada a partir dos livros dele (risos). É mais ou menos o que eu quero fazer com meus livros. Outra grande inspiração, mais atual, é Leigh Bardugo, autora renomada de fantasia e criadora de universo simplesmente absurdo. A escrita dela é totalmente envolvente e o mundo que ela criou é gigantesco. 

Além da série, o que mais os teus leitores podem esperar? Alguma nova obra?

Muitas (risos). Gosto de dizer que escrevo sobre piratas, bandas de rock e o mundo dos sonhos. Além de Nadia Keane e todos os livros paralelos que quero escrever que se passam nesse mesmo universo, tenho muitas outras ideias. Logo mais vou tirar do papel uma coletânea de contos interligados sobre jovens que se encontram no "Kosmos", o mundo dos sonhos, onde tudo é possível, desde que você siga as regras e não perceba que está sonhando. Seria apenas um conto para um concurso, mas gostei tanto da temática que decidi escrever um livro inteiro. 

Quando a literatura e a arte entraram na tua vida?

Desde cedo. Sou apaixonada por desenhos animados desde que me conheço por gente, assim como por música. Minha casa sempre foi muito musical. Com seis anos comecei a ler livros infantis como Judy Moody, e com oito eu já estava escrevendo minhas primeiras histórias em quadrinhos. Com 10 anos peguei na mão o primeiro livro de Harry Potter e aí já dá para entender o que aconteceu depois (risos). Escrevi meu primeiro livro com 11 anos e adivinha só: era sobre uma lenda pirata e garotas que moravam em uma ilha. Acho que sempre fui apaixonada pela temática. 

Como foi participar da série ‘Tudo igual...SQN’, da Disney? 

Uma honra. A primeira série brasileira do Disney Plus, é no mínimo importante para caramba. Foi meu primeiro grande trabalho e um aprendizado enorme, além de divertido. Conheci pessoas maravilhosas.

Também no elenco de "Juacas", colecionas várias indicações a prêmios na Itália, Ásia e Brasil. Qual é o segredo do teu sucesso?

Isso tudo é muito surreal para mim. Ainda tenho dificuldade em me ver como alguém capaz de ganhar um prêmio, mas aconteceu. E, quando eu olho para trás, entendo o porquê. Eu não sou uma desistente. Nunca fui. Se alguém me diz que algo é impossível, eu gosto de provar o contrário. Sempre fui teimosa (risos). Mas acho que esse é o segredo. Quem impõe o tamanho dos sonhos de alguém? Sonhar baixo é sem graça. Não há nada para conquistar depois. Sonhar alto e nunca desistir, esse é o segredo. Eu ouvi tantos "não" na minha vida, que eu não poderia contar. Os "sim" vieram depois de muito eu batalhar para me reerguer. É uma pena que ninguém nunca vê o esforço, muitos acham que é sorte. 

Como cantora e compositora, lançaste algumas músicas. Há projetos novos?

Por enquanto, na música, darei um tempo. Tenho um álbum que saiu em 2022, um single de 2020 e um EP de 2017. Tenho muitas músicas engavetadas, mas, no momento, meu foco é na escrita. Quem sabe em um futuro próximo eu não as use em alguma trilha sonora? Já compus trilha para séries antes, por que não faria de novo? 

Qual o caminho trilhado para alcançar o sucesso?

Nasci em Porto Alegre. Morei em Novo Hamburgo até meus três anos, depois voltei para a Capital. Minha família sempre foi artística e sempre me apoiou muito nisso, principalmente na música. Minha adolescência na escola foi um pouco mais complicada. Comecei a pensar que viver de arte era impossível e que eu deveria fazer outra coisa da vida. Então, com 16 anos e determinada a cursar Design, conheci a Escola de Interpretação Machado Nascimento, onde me aventurei na atuação, algo que eu sequer havia cogitado para a minha vida. Fizemos projetos internos por muito tempo nessa escola, um deles foi "May@", que me rendeu um prêmio internacional. Mas dos 16 aos 20 anos, fiz inúmeras oficinas de elenco e testes e reprovei em todos. Até que veio a oportunidade de um papel em "Tudo Igual...SQN", de uma personagem carioca. Se eu conseguisse imitar o sotaque, ganharia o papel. E eu, gaúcha, pensei: por que não? Mas na escrita foi diferente. Eu costumava publicar minhas histórias na internet e torcer para que alguém lesse. Eu enviava meu original para todas as editoras do país e a resposta era sempre a mesma. Nunca um "sim". Hoje vendi quase 5 mil livros em menos de um ano e, a cada dia eu acredito que a verdadeira chave para o sucesso é levantar e fazer. As coisas não vão acontecer nunca se esperarmos pela oportunidade cair do céu. 

E os projetos para o futuro?
Livros, livros e livros. Muitas histórias para contar, muitos leitores para formar. Quero visitar escolas, transformar meus projetos em filmes e séries, fazer acontecer. Criar histórias em que os jovens possam se identificar e, quem sabe, inspirá-los e encorajá-los a serem quem eles querem ser. Gostaria de ver uma história minha virar série. As canções estão no Spotify. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895