Jorge Drexler: "Homem sem frontera"

Jorge Drexler: "Homem sem frontera"

Jornalista Felipe Uhr analisa show do músico uruguaio, realizado na terça-feira, 27, no Auditório Araújo Vianna

Felipe Uhr

Músico uruguaio Jorge Drexler

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Sinceramente não recordo a vez que Jorge Drexler estreou na minha vida. O fato é já se vão uns 12 anos, seis shows e muitas audições em looping. Não importa o quanto você já tenha visto, ao vivo, o mais brasileiro dos cantores uruguaios, sempre surpreende. Seja na interação com o público, seja nas explicações sobre algumas músicas, ou quando arrisca um belo português, ou quando interpreta algum sucesso brasileiro, ou nas histórias que conta, ou nas interpretações completamente distintas das do disco lançado. 

Cada show é tão igual, em seu roteiro, e tão diferente em sua execução. Vai ver por isso que canções antigas aparecem como se nunca tivéssemos ouvido e as novas surgem como se nossos ouvidos já estivessem completamente acostumados. Jorge muda sem mudar, inventa sem inventar e nos encanta sem querer encantar. É com essa simplicidade e apego aos fãs que este “homem sem frontera” gera causa e efeito, aflora o nosso desejo, espanta a nossa solidão com movimento, e mesmo em silêncio nos faz bailar e amar a trama, nesta e em qualquer outra esfera. 

Depois de três anos, o músico voltou a se apresentar em terras tupiniquins mostrando que, mesmo após o difícil período da pandemia, nada se perde e, sim, se transforma. Drexler encerrou na última terça-feira sua turnê “Tinta Y Tiempo” pelo Brasil com maestria no palco do Araújo Vianna em Porto Alegre. Mesclando canções do novo trabalho que levam o mesmo nome da turnê e composições antigas, ele continua emocionando a todos fãs enquanto é visível a reciprocidade. Ele iniciou e encerrou a apresentação louvando o público porto-alegrense, lembrou sua relação com a cidade. Faz questão de conhecer ainda mais a cidade e as pessoas. Durante os dias em que ficou, parece que quer ser cidadão de Porto Alegre. Após mais um show, é fácil dizer: Jorge estreia em nossas vidas a cada apresentação. Se você perdeu a última turnê, sinto lhe dizer, não verás mais nada parecido. Mas não se preocupe: algo novo, surpreendente está guardado no Universo Drexler.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895