Memorial Erico Verissimo completa 10 anos em 2023

Memorial Erico Verissimo completa 10 anos em 2023

Museu localizado no Espaço Força e Luz guarda preciosos manuscritos originais e mais de 3 mil peças de acervo

Luiz Gonzaga Lopes

A seção interativa no 3º andar tem uma linha do tempo com a vida e obra de Erico Verissimo

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Inaugurado em 20 de setembro de 2013, o Memorial Erico Verissimo é um guardião de preciosos manuscritos originais e mais de 3 mil peças de acervo, ocupando o 3º e 6º andar do Espaço Força e Luz (Andradas, 1223), no Centro Histórico da Capital. Conforme a coordenadora de conteúdo do Memorial, Márcia Ivana de Lima e Silva, o Memorial é a união de dois acervos, de Mario de Almeida Lima e de Flávio Loureiro Chaves. “Os dois acervos deram origem ao Memorial Erico Verissimo. A gente começou a organização em 2010 e levou três anos para ser implantado”, ressalta. 

A visitação do Memorial pode começar tanto pelo 3º andar onde está a seção interativa, que aproxima o visitante da vida e obra de Erico de forma lúdica, como pelo 6<SC120,176> andar onde estão os originais do autor. No 3º andar, há uma linha do tempo com a história do autor, títulos infantis, vídeos, curiosidades sobre obras marcantes, além de mapas como de El Sacramento, ilha imaginária do livro “Senhor Embaixador” e um mapa em formato de maquete de Antares, do célebre livro “Incidente em Antares (1971). No 6º andar, a exposição de originais estimula a pesquisa e oferece nova luz ao minucioso processo criativo de Erico. No Acervo (6º andar), os originais estão juntos em sequência em ordem de lançamento, desde o de “Fantoches” até a edição comemorativa de “Fantoches”, em 1972 e os livros de memórias, traduções, entre outros.

Sobre a seção interativa do 3º andar, Márcia Ivana diz: “O projeto foi uma criação da CriaForma, era para ser uma exposição de longa duração. É um espaço de memória e educativo. Os alunos chegam aqui e têm uma ideia clara de quem foi o Erico Verissimo, de tudo que ele publicou, esta linha do tempo tem um caráter bem didático. Na parte infantojuvenil, Márcia chama atenção para Erico passando a criar histórias para um programa de auditório infantil na Rádio Farroupilha, em 1936. “Ele ia pensando na história que ele ia contar e acabava mudando na hora conforme a criançada. O programa dura dois anos. Em 1938, baixa uma censura prévia e ele diz que não seria possível passar os textos para apreciação. A cronologia dos seus livros infantojuvenis coincide com a infância do Luiz Fernando e da Clarissa. Foi entre 1935 e 1939”, revela Márcia. A linha do tempo está dividida em ciclos e começa desde o Ciclo de Porto Alegre nos anos 1930 e segue os livros de memória Solo de Clarineta, volumes 1 e 2, de 1973 e 1976 (publicação póstuma), passando pelos livros de viagem, contos e ensaios, romance político, romance histórico, literatura infantil e infantojuvenil, entre outros. 

A coordenadora de conteúdo do Memorial salienta que a sintonia de Erico Verissimo com Henrique Bertaso na Livraria e Editora do Globo fez com que ele criasse coleções como a Nanquinote (DomQuixote a Nanquim) e uma de traduções. “O Erico adorava desenhar. Ele se dizia um pintor frustrado. E aí surgiu o Quixote a Nanquim). Márcia também fala sobre os livros de viagem. “O Erico adorava viajar. Ele dizia que tinha uma fome geográfica. Ele é um dos primeiros escritores brasileiros a escrever sobre viagens. Tem o ‘México’, os dois Gato Preto: ‘Gato Preto em Campo de Neve” e ‘A Volta do Gato Preto’, ‘Israel em Abril’, ‘Sol e Mel”, que é sobre a Grécia, e “Portugal”, que está no “Solo de Clarineta – Vol. 2”. 

A linha do tempo é fechada com o poema do Carlos Drummond de Andrade escrito no dia da morte do Erico, em 3 de dezembro de 1975. Há também espaços exclusivos para a sua obra máxima, a trilogia de “O Tempo e o Vento” é um capítulo à parte no 3° andar, com interatividade, genealogia e a exibição de trechos do filme “O Tempo e o Vento”, e também para o primeiro livro “Fantoches”. “O livro é publicado em 1932 e é um fracasso de vendas, fica totalmente encalhado no depósito da Editora Globo. O depósito pega fogo e ele é um sucesso de vendas, pois ele ganha um seguro por ter perdido a publicação. Com este dinheiro do seguro, ele publica “Clarissa”, “Um Lugar ao Sol” e “Caminhos Cruzados”. Ele só vai começar a ser conhecido no Brasil, com Olhai os Lírios do Campo, recebendo o Prêmio Graça Aranha. Ele salvou alguns exemplares de Fantoches e em um deles ele faz uma composição, faz uma margem grande e é o Erico com 66 anos conversando com o Erico com 26 anos”, lembra Márcia. 

“Incidente em Antares” foi publicado em 1971 e tem um mapa em forma de maquete que chama a atenção dos visitantes. “Este mapa não é simplesmente com coordenadas geográficas, ele tem os deslocamentos dos insepultos nas marcas pontilhadas, para onde eles vão, para suas casas e e para o ajuste de contas público na Praça. O dia em que os insepultos saem dos túmulos e fazem cobranças é o dia 13 de dezembro, o mesmo do AI-5 em 1968. Não é pouca coisa”, finaliza. 

 

SERVIÇO
O Quê: Horário do Memorial Erico Verissimo: Segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábados, das 11h às 18h.
Quanto: Entrada gratuita.
Como: Agendamento visitas mediadas:
educativo@eflcultural.org.br anna.mattos@eflcultural.org.br
contato@eflcultural.org.br 
Instagram do Espaço Força e Luz: @EflCultural
Telefone: (51) 3228-6012


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