"O que mudou foi a forma como se consome música", diz Zack Hanson

"O que mudou foi a forma como se consome música", diz Zack Hanson

Irmão mais novo dos Hanson concedeu entrevista a Caroline Grüne para o Caderno de Sábado

Caroline Grüne

Apresentação da banda Hanson na Capital será no dia 11 de outubro

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Você com certeza já escutou ‘Save Me’ e ‘MMMBop’. Com uma carreira de três décadas e hits que embalaram os anos 90 e 2000, os Hanson retornam para Porto Alegre em outubro para a turnê do álbum ‘Red Green Blue’. Passando por 7 cidades no Brasil, os Hanson estão prontos para mostrar uma nova versão de si mesmos. Em entrevista ao Caderno de Sábado, o irmão mais novo, Zac Hanson, falou sobre a longa carreira, a relação com os irmãos e a vontade de reencontrar os fãs brasileiros.

Caderno de Sábado - Você tem 30 anos de carreira. Como é ter uma carreira tão longa? 
Zac Hanson -
Eu acho que é algo que você deseja muito quando é jovem. Mas ver isso se tornar realidade é muito louco. Nós fazemos música juntos desde que eu era uma criança bem pequena. Nesse sentido é muito natural, porque é algo que sempre fizemos, é quem nós sempre fomos. Mas ao mesmo tempo, você vê outros músicos, pessoas que você ouvia quando era jovem, que não tocam mais. Não lançam álbuns mais. Então você reconhece que manter uma carreira é algo especial e tenta ser grato por isso e viver de acordo com as expectativas que se criam por conta disso.

CS - Nesse tempo a indústria musical mudou. Como você sente que isso impacta a banda?
Zac -
Eu acho que a maior coisa que mudou foi a forma como as pessoas consomem música. Nosso primeiro álbum, lá naquela época, foi uma fita cassete. O ‘Middle of Nowhere’ foi em CDs. Depois você vê o crescimento do consumo digital. E a maioria das pessoas já não compra nada físico. Você só dá stream. Por um lado é uma grande vantagem porque toda a música está disponível o tempo todo, mas também significa que como criador você tem que se permitir pensar nas coisas de maneiras novas. No ano passado, quando fizemos o álbum ‘Against the World’, nós lançamos uma música por vez, pensando nisso: como nós queremos escutar músicas? Como queremos escutar essas histórias? Como uma banda com trinta anos, qualquer música que você lança tem que significar mais, ser mais poderosa. Porque é uma gota num oceano. Mesmo se tratando só dos Hanson. Eu acho que isso nos desafia de uma maneira positiva. Se você não está mudando, então você está morrendo. E nós queremos viver e evoluir.

CS - Vocês cresceram na frente dos holofotes. Como isso impactou vocês? Existe algum arrependimento, na música ou na sua vida pessoal?
Zac -
Nada que eu destacaria em uma entrevista (risos). Sempre existem coisas pequenas, mas crescer nos holofotes e na frente de fãs, no palco, é algo muito único. E a maior coisa é que você se acostuma a aprender algo e, quando domina isso num nível que se orgulha, você divide com o mundo. E quando se faz isso muito novo, são muitas pessoas vendo muitas versões de você. Quase todas as músicas que escrevi tiveram a oportunidade de serem tocadas num palco em frente ao público, porque nós já estávamos fazendo isso profissionalmente quando eu tinha só 11 anos. Eu acho que as coisas são muito preciosas. Você compartilha todas essas versões de si mesmo. Então eu valorizo tudo isso pelo que é e deixo a música tão livre quanto ela pode. Mas às vezes, pode ser difícil. Porque nem tudo que você faz representa o que você é. É uma versão de você que já foi superada. Então é preciso encontrar formas de se sentir conectado à sua história, da versão anterior e imperfeita de quem você quer se tornar.

CS - Sua banda é um negócio familiar. Você acha que construir a carreira com seus irmãos ajudou a banda a existir por tanto tempo ou atrapalhou em alguns momentos? 
Zac -
Ambos! (risos). É inegável que não seríamos uma banda se não fôssemos irmãos. Se não tivéssemos começado como começamos. Eu acho que começar cedo influenciou positivamente tudo que fizemos. Ter todos esses anos tocando juntos, é algo grande. Mas tudo que pensam que irmãos fazem, nós fazemos. O que nos manteve juntos foi a habilidade de ver que cada desafio é algo que pode ser trabalhado. Tem outro desafio pela frente e outra música pra ser feita. Esse senso de progresso te faz passar o conflito do momento. Contanto que se estejamos evoluindo, seguiremos juntos por muito tempo.

CS - O novo álbum, ‘Red Green Blue’ traz uma nova proposta, já que é separado em três partes - cada uma representando um membro da banda. Como surgiu essa ideia?
Zac -
Nesse ponto da nossa carreira, não acho que seja mais sobre ‘devemos fazer um álbum?’, mas ‘o que esse álbum acrescenta ao nosso legado?’. Nós já temos três décadas de música compartilhada. Com esse álbum, nós pensamos que o desejo era continuar a inserir as pessoas mais profundamente na história da nossa banda. Não só quem nós somos, mas o porquê nós temos esse som e trabalhamos da nossa maneira. Então nós desconstruímos a banda. Mas não para nos dividirmos, e sim com o propósito de permitir os fãs de nos ouvirem claramente. Com todos os nossos estilos e influências. É interessante porque quando eu escuto essas músicas, eu escuto mensagens parecidas mas com estilos diferentes. A maneira que Taylor soa melodicamente, é como alguém que toca piano, aos meus ouvidos. A forma que ele escreve e faz arranjos. E Isaac é mais orgânico, traz algo do blues e traz essa coisa do guitarrista. É muito sobre a melodia. Já eu, é algo muito baterista. Tem um ritmo e uma intensidade. É uma ideia de bater no instrumento enquanto toca ele, sabe? Cada um de nós tem seu estilo. E eu acho que isso influencia a maneira que as pessoas ouvem os Hanson. Eu espero.

CS - Eu acredito que os fãs vão ficar muito felizes de conhecer todas as partes de vocês. E para a Tour, como vocês esperam que essa se diferencie das outras?
Zac -
É muito bom voltar depois de lançar dois álbuns em um ano. O ‘Red Green Blue’ está chegando e no ano passado tivemos o 'Against the World’. Tem muita música nova para ser tocada. Mas isso não é tudo que planejamos fazer. Esse hiato que a pandemia forçou para os músicos… nós realmente estamos prontos para celebrar e superar isso nos reconectando com as pessoas mais do que nunca. Esperançosamente, todos os nossos destaques, de ‘MMMBop’ até ‘Child at Heart’, um pouco de tudo. E esse novo álbum, espero que ouçam toda a nossa história com novos ouvidos. Como Isaac é de um jeito novo, como Taylor é de um jeito novo, e quando escutarem uma música antiga como ‘Where’s the Love’ ou ‘I Was Born’, que escutem de uma maneira nova.

CS - Você já esteve no Brasil algumas vezes. Você se lembra da primeira vez?
Zac -
(risos) Sim, com certeza! Eu lembro de todas as vezes! Os fãs brasileiros são muito apaixonados. Eles te deixam saber se estão bem, mal, e todas as coisas entre isso. São shows muito divertidos. Já tivemos experiências doidas de ônibus sendo atacados por fãs (risos). Mas nós tivemos experiências ótimas e estamos empolgados para voltar.

CS - E quais são suas memórias preferidas? Sair correndo dos fãs?
Zac -
Eu acho que (risos) tem muitas memórias engraçadas que não vou compartilhar. Mas eu acho que essa resposta apaixonada. Os fãs brasileiros realmente cantam junto. E a última vez que estivemos lá, eu não lembro de ouvir dessa forma antes… mas tocar a música ‘Save Me’. A altura do público. Cada palavra. Foi maravilhoso. Eu acho que é muito bom ouvir essas músicas de um jeito novo. Essa música foi escrita quando éramos adolescentes. E cantar agora, com todas as coisas que complicadas que vieram depois, todas as relações… isso tem mais significado. E ouvir as pessoas cantando de volta, é como se houvesse um peso, uma realidade nas vozes, nas emoções… que te atinge de um jeito que dá vontade de chorar. Tipo sim, eu sei…


CS - Isso é lindo! Você quer deixar uma mensagem para os fãs?
Zac -
Eu acho a mensagem principal é que nós estamos empolgados para voltar. Todo mundo, nos últimos dois anos, passou por um período doido de isolamento e luta, em suas maneiras. Com certeza foi diferente no Brasil do que foi nos Estados Unidos. Mas nós estamos orgulhosos com o que temos para compartilhar juntos. Com o que os fãs nos permitem compartilhar. De todos os anos estarmos contando nossas histórias. Somos gratos. Mal podemos esperar para estar junto das pessoas e cantar junto com as pessoas.

SERVIÇO

O Quê: Os Hanson se apresentam em Porto Alegre

Quando: Dia 11 de outubro

Onde: Teatro do Bourbon Country (av. Túlio de Rose, 80). 

Como: Iingressos no www.uhuu.com ou na bilheteria do Teatro do Bourbon Country. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895