Poesia para a Fruição

Poesia para a Fruição

Rossyr Berny*

Horizontes: "(...) O que não muda/ é por dentro/ a ira/ a mentira/ máscara falha na luta/ disputa sem abraço/ e o cansaço/ de buscar horizontes"

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Na qualidade de jornalista, escritor, membro da Academia Rio-grandense de Letras, conheço há muitos anos este consagrado poeta gaúcho, César Pereira, membro também da Academia que, em certa parte da minha apreciação na orelha do livro “Palavra e Fruição” (Editora Alcance, 2022, 136p.), sobre sua importante obra poética, ressaltei que César é exemplo para as literaturas gaúcha e brasileira. A voz deste poeta faz-se ouvir com a força de um trovão e de uma Bíblia: um mostrando força e o outro a crença no ser humano. 

Leio na página 22 a sua Fortuna Crítica, com vários pronunciamento de intelectuais notáveis. Entre eles, está a consideração do escritor, contista e cronista alegretense Sergio Faraco: 
“César Pereira se apresenta como uma das mais altas expressões da poesia social de nosso Estado.
Sobre o poeta, Sérgio Napp se pronuncia: 
“Trata-se de um nome importante na poesia social gaúcha. Seu nível poético alcança uma profundidade indispensável que o destaca no meio artístico. 

O ex-governador do Estado, advogado e intelectual gáucho Tarso Fernando Genro também destaca as qualidades do poeta César Pereira: 
“Acompanho há muito tempo a tua trajetória e me fixei fundamentalmente na tua poesia de intenso cunho social, que demonstra que a máquina devora a nossa esperança e nos funde no mesmo tacho, no mesmo abismo e na mesma solidão. Considero o poema ‘Pastilheiro Leopoldo’, já te disse isso pessoalmente, o teu melhor poema e uma das grandes poesias da nossa literatura”.

O advogado e intelectual Luiz Lopes Burmeister também tece suas considerações sobre o autor deste livro lançado pela Editora Alcance em 2022:
“Temos vivo e escrevendo um dos melhores poetas brasileiros da atualidade: o César Pereira”
O professor e crítico literário Francisco Bernardi, em seu livro “As Bases da Literatura Rio-grandense (páginas 121-122) relata que a “poesia de César Pereira é um protesto contra o mundo que o oprime. Seus poemas transmitem o espírito de luta contra o opressor”

A opinião de Volnyr Santor, professor e crítico literário, trata da temporalidade ligada a algumas obras do poeta: 
“É interessante o modo como o poeta César Pereira se volta para a temporalidade a partir da publicação dos livros “Dardos de Ajuste”, de 1974; “Porta de Emergência”, de 1989; e “Caminhos do Fruto”, de 2012. Com este último livro, o poeta está ao mesmo tempo tornando aguçada uma perspectiva que evidencia a consciência crítica de si mesmo. Desse modo o que se agudiza é o sinal dos conflitos, cuja chave o poeta dispõe através de suas próprias contradições. Nessa circunstância, o homem - entenda-se, aqui, o poeta - nunca é mais do que sua própria impostura (...). Acredito que o poeta gaúcho César Pereira tende naturalmente para a necessidade de superação. Na visão platônica, amar é desejar, em suma, aparência. E essa falta é a expressão maior da realidade amorosa com todas as implicações”. 

Licenciada em Letras pela PUCRS, escritora e advogada, Maria Lenira Souza Pereira destaca o interesse poético pelo que pertence ao coletivo: 
“César Pereira evidencia profunda preocupação com o coletivo. Identifica-se com as dores do mundo e o homem de seu tempo. Um fator importante na sua poesia é a riqueza verbal, o jogo metafórico, compondo uma linguagem concisa, de conteúdo humano, na busca de novas formas de representação do poema”. 
O historiador, escritor e advogado Hugo Ramirez disse, certa feita que: “na poesia de cunho neo-modernista, César Pereira soube marcar espaço próprio, tanto na geografia literária do seu estado natal, como no brasileiro”. 


No autógrafo do poeta, crítico e ensaísta gaúcho Armindo Trevisan, em sua “Antologia Poética” ao colega poeta, no dia 16 de setembro de 1986, a dedicatória foi exatamente assim: 
“Para o César Pereira, que já nos deu poemas de grande intensidade emocional e social, a esperança de uma nova colheita, ainda mais abundante. Com o abraço carinhoso, Armindo Trevisan”. 

Outros dois colaboradores assíduos do Caderno de Sábado, tanto nesta nova fase desde 2014 quanto nos anos 1970, o professor, escritor, crítico e presidente da Fundação Theatro São Pedro, Antonio Hohfeldt, e o poeta, crítico e tradutor José Eduardo Degrazia também teceram suas considerações sobre o poeta ora em questão. 
Hohfeldt ressaltou em um determinado momento a preocupação do trabalho exaustivo com a palavra: 

“Nota-se a preocupação do poeta com a tarefa árdua de trabalhar a palavra (...). A poesia de César Pereira fixa-se na região urbana, nas cidades e megalópoles que nos devoram (...). Seu campo de luta é o asfalto endurecido e escuro da civilização urbana. Acredito firmemente que César Pereira com seu admirável ‘Dardos de Ajuste’, será um destes nomes que logo terá repercussão nacional”. 

Degrazia faz a sua análise em forma de versos: 
“César Pereira: ‘o grito/ leva o poema para além/ da simples pena./ O protesto roda o verso/ o poeta risca o medo/ o receio/ o rasteiro dizer sim/ a tudo que o condena/ a ser testemunha/ de um tempo crivado de lanhos e facas/ assumir a dor proletária/ o casaco puído/ o tiro no ouvido/ em noite de insônia e desespero.”

PREMIAÇÕES 

César Pereira ao longo da sua carreira poética e da sua vida (ele completará 90 anos no próximo dia 2 de janeiro de 2024) recebeu inúmeros prêmios literários, os quais reporto as principais distinções aqui neste texto para o CS: 
1973 - 1º lugar no Concurso de Poesia do VII Festival de Paranavaí (PR);
1974 - 1º lugar com o livro “Dardos de Ajuste” no Concurso de Poesia do Instituto Estadual do Livro;
1986 - 1º lugar no Prêmio Nacional de Poesia Petrobras; 
1989 - 1º lugar, novamente, com o livro “Porta de Emergência”, no Concurso de Poesia do Instituto Estadual do Livro; 
1994 - 1° lugar no Concurso Nacional de Poesia da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil (Ajeb);
2011 - 1º lugar no Concurso Nacional de Poesia Lila Ripoll;
2012 - Foi selecionado para participar da coleção “Originais”, com o livro “Caminhos do Fruto” pelo Instituto Estadual do Livro (IEL); 
2015 - 1° lugar no Concurso de Poesia da Faculdade Porto-alegrense de Letras (Fapa); 
2016 - 1° lugar, novamente, no Concurso Nacional de Poesia Lila Ripoll;

Desta forma também considero importante o que escrevi na orelha do livro “Palavra e Fruição”: 
“Moço ainda, já combatia, armado com o poderio de sua poesia vigorosa, a sangrenta ditadura militar, instalada à força para desinstalar a democracia brasileira. E vê-se que o período daninho e obscurantista passou, ainda que tenha deixado rastros de sangue inocente. Mas aqui temos ‘Palavra e Fruição’, gestado durante 10 anos e entregue a nós, obra destinada a que o tempo necessariamente consagre. Indispensável que a justiça literária se faça justa: A César o que é de César Pereira”. 

 

 * Jornalista, poeta e editor. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895