Roupa Nova: “Éramos seis garotos em busca de um sonho”

Roupa Nova: “Éramos seis garotos em busca de um sonho”

Banda se apresentou esta semana em Porto Alegre. Ricardo Feghali concedeu entrevista ao Caderno de Sábado

Luiz Gonzaga Lopes

Desde 2018, Cleberson, Feghali, Nando, Serginho, Paulinho (agora Fabio Nestares) e Kiko vêm lançando o projeto “As Novas do Roupa”, com 10 canções inéditas

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Com mais de 40 anos de estrada, a banda Roupa Nova tem uma trajetória que é marcada por grandes canções, vendas absurdas de discos e uma relação absolutamente empática com o público. São mais de 20 milhões de cópias vendidas e 37 discos lançados até os dias de hoje. Considerado um dos melhores shows nacionais, Roupa Nova teve a maior escola que um músico poderia ter: o baile. Com o nome de Os Famks, a banda passou anos fazendo bailes pelo país. A irreverência, ritmo e espontaneidade presentes hoje nos shows do Roupa Nova se devem a esse período. Em 1980, chamados para gravar um tema de final de ano da rádio Cidade e Mariozinho Rocha sugeriu que o nome da banda mudasse para Roupa Nova. 

A banda já teve canções em quase 40 novelas e foi responsável por tocar o “Tema da Vitória”, composto e arranjado por Eduardo Souto Neto, que mais tarde se tornaria tema de Ayrton Senna. Entre as canções mais famosas estão “Whisky a Go-Go”, “Dona”, “Volta pra Mim”, “Anjo”, “Seguindo no Trem Azul”, “A Viagem” e “Coração Pirata”. A banda tinha a mesma formação até dezembro de 2020, quando a morte do vocalista Paulinho atingiu o coração do grupo. Desde 2018, Cleberson, Feghali, Nando, Serginho, Paulinho (agora Fabio Nestares) e Kiko vêm lançando o projeto “As Novas do Roupa”, com 10 canções inéditas.

Na quinta e sexta-feira, a banda se apresentou no Auditório Araújo Vianna retomando o contato com o público gaúcho que os integrantes tanto adoram. No show de quinta-feira, a apresentação foi aberta por um vídeo com todos os integrantes inclusive Paulinho falando dos 40 anos de estrada. A energia da banda no palco está cada vez melhor e os pontos altos do show foram as canções românticas e o pot pourri com as músicas dos Beatles. Antes dos show, Ricardo Feghali falou com o CS. 

Há muita coisa para se comemorar neste final de 2021. A retomada dos shows presenciais. Esta apresentação de 40 anos do Roupa Nova. O que vocês estão comemorando neste dezembro e o que vocês lamentam? 

Lamentamos que tudo isso tenha acontecido, a pandemia e tudo o mais, e, nesse tempo, termos perdido o Paulinho, que já vai fazer um ano no dia 14. Mas comemoramos o legado que ele deixou ao completar 40 na os de banda com a gente, e de podermos levar isso pra frente, que com certeza era um desejo dele. 

As músicas do Roupa Nova permeiam todo o imaginário romântico e de embalos dos brasileiros nas últimas quatro décadas. Quando a banda começou, era esta a intenção ou não tinha como saber desta questão? 

Não tínhamos como saber o que seria. Éramos seis garotos em busca de um sonho, queríamos fazer música, mas não sabíamos que viveríamos tudo isso e chegaríamos aos 40 anos juntos. 

Queria que vocês falassem dos parceiros ao longo da carreira e dos grandes shows, discos? 

Nossa, nesses 40 anos foram muitos os parceiros, complicado até citar aqui e esquecer algum. Mas todos eles têm uma importância muito grande na nossa vida e carreira, desde Milton Nascimento que deu o nome da banda, Mariozinho Rocha que nos levou para as novelas, todas as participações ao longo dos anos. Enfim, tudo tem um espaço bem especial para o Roupa Nova. Temos também os Grammys, que é muita coisa. 

E a falta que o Paulinho tem feito à banda?

Isso é impossível mensurar. Ele faz muita falta e vai fazer para sempre. Mas a gente leva junto o sorriso e a alegria que ele tinha. 

O mundo após a pandemia mudou muito, as lives, videochamadas, músicas colaborativas viraram a tônica. Como vocês lidam com todas estas questões tecnológicas? 

A gente busca se atualizar diariamente, esse mundo muda rápido né? Mas a gente tenta fazer parte e estudar os avanços, já que mexemos com música que também passa por processos diários de mudança. 

O público de Porto Alegre e do RS é enlouquecido por vocês. Faz muito tempo que um show de vocês não tem algum buraco na plateia. Qual é esta simbiose com os gaúchos? 

E nós somos enlouquecidos pelo público de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Nós temos um carinho muito grande pelo povo gaúcho, pelas cidades. Sempre que temos show e há algum tempo gostamos de passear pela cidade também, e o carinho que a gente recebe é algo que só podemos agradecer. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895