Scorpions para agitar Porto Alegre como um furacão

Scorpions para agitar Porto Alegre como um furacão

Banda alemã se apresenta terça no Gigantinho em sua terceira passagem pela capital gaúcha

Luiz Gonzaga Lopes

Scorpions agradecendo a plateia na apresentação em São Petersburgo em abril de 2012

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O meu primeiro contato com a banda Scorpions foi no início dos anos 1980, quando comprei o disco “Tokyo Tapes”, lançado mundialmente em 1978, mas que chegou no Brasil alguns anos mais tarde ou pelo menos na minha cidade natal, São Leopoldo. Ao colocar na minha vitrola o vinil novinho dos shows realizado no Nakano Sun Plaza, em Tóquio, entre 24 e 27 de abril de 1978, uma sonoridade calma e ao mesmo tempo vociferante invadia os meus dias até que eu comprasse o disco “Blackout” (1982), que estava para sair, com a explosiva capa de um cara de bigode jogando a sua cabeça enfaixada contra uma vidro, e também fosse atras dos outros dois discos que estavam à disposição no mercado, “Lovedrive” (1979) e “Animal Magnetism” (1980). Aquelas tardes e noites adolescentes ouvindo Scorpions, AC/DC, Iron Maiden, Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple são inesquecíveis. Por isso, a notícia da vinda desta banda alemã, que lançou o seu primeiro disco em 1972, “Lonesome Crow”, mas que existia sobre outras nomenclaturas desde 1965, pela terceira vez a Porto Alegre, me acendeu um sinal de alerta de que eu não poderia reprisar as perda dos outros dois show no Gigantinho nos anos de 2005 e 2019 em dois festivais, Live and Loud e Rock ao Vivo. 

E nesta terça, 25, em Porto Alegre, estarei atento aos três nomes que seguem da formação mais básica da banda, Rudolf Schenker (guitarra), Klaus Meine (vocal), Matthias Jabs (guitarra), mais a dupla da cozinha, Paweł Maciwoda (baixo) e Mikkey Dee (bateria), os quais vi em uma noite histórica em São Petersburgo no Yublieiny Palace Sports, em abril de 2012. A ironia fina é perder o show de uma das 5 bandas preferidas dos anos 1980 (conhecimento tardio, reflexo do mercado brasileiro meio fechado por causa do regime militar nos anos 1970) e se deparar com eles em viagem à Rússia. 
Bom, voltemos ao “Tokyo Tapes”, e as primeiras músicas ouvidas, a animada “All Night Long”, pulando para a balada “In Trance” e finalizando com a dobradinha “We’ll Burn the Sky” e “Suspender Love”. As quatro músicas citadas tinham riffs que poderiam ser dançados, um peso não tão distorcido quanto Iron e Black Sabbath, mas mostravam o que era o máximo para a minha geração oitentista, os solos de guitarra esfuziantes de Ulrich Roth, que fez suas últimas performances com a banda. Os agradecimentos na língua de cada país para mim que ainda não tinha ido a shows internacionais era outra coisa que me chamava a atenção. E aparecia lá sempre um “Domo Arigato”, agradecimento aos japoneses neste show gravado no Nakano Sun Plaza. Uma parte do hino japonês também é cantada neste disco ao vivo. No texto que fiz para o jornal sobre o show em São Petersburgo, destaquei esta familiaridade dos Escorpiões com as línguas dos países visitados:


“Klaus Meine dirigiu as primeiras palavras ao público e foram em russo: "dobri vietcher" (boa noite) e "kak dyla" (como vão vocês), dizendo como é bom voltar a São Petersburgo com uma turnê pela conexão que a banda tem com a Rússia. Na pesada e sempre eficiente "The Zoo", Matthias Jabs utilizou um efeito de pedal wah-wah na voz e Meine puxou a primeira das várias participações do público com um "ooooh, ooooh, ooooh". Meine seguiu agradecendo a energia do público com um "Spassíba (obrigado)" a São Petersburgo e tornou a falar da conexão com a cidade que exala arte, política e cultura. "Fazemos a nossa música há mais de 40 anos para estar com fãs como vocês de São Petersburgo", disse em inglês o carismático vocalista”. 


Após muita expectativa, estes reis do hard rock mundial com 58 anos de jornada voltam a Porto Alegre para show no Gigantinho na terça, dia 25, com a turnê “Rock Believer” do álbum de 2022 com 16 músicas. A banda já fez mais de 50 performances no Brasil em quase todos os estados da federação. Ah, eu não falei que quero ouvir as músicas de todas as fases da banda e até as baladas melosas como “Still Loving You”, “Wind of Change”, "Always Somewhere" e "Holiday". E é claro quero que Porto Alegre se agite como um furacão, parodiando a letra de “Here I am/ Rock you like a Hurricane”. 


Correio do Povo
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